![]() Nº 13 - Abril de 1998 - ano II
FUNDAÇÃO PELA RESPONSABILIDADE UNIVERSAL Não é possível delinear nenhuma distinção clara entre o homem e aquilo que o rodeia, pois tudo é impermanente e está sujeito às mesmas leis naturais. Desenvolvendo a percepção individual o homem consegue ver a si mesmo como parte inseparável da natureza. Ao desenvolver o senso de Responsabilidade Universal para com todos seres sensíveis ele reconhece que a cessação de seu próprio sofrimento está inextrincavelmente ligada ao mundo exterior. Para promover este desenvolvimento, S. S. O Dalai Lama com parte do dinheiro que lhe foi dado com o Prêmio Nobel da Paz em 1989 criou a Fundação pela Responsabilidade Universal, que visa a elaboração de estratégias mais eficazes de ação como instrumento de mudança social e felicidade pessoal. A Fundação tentará criar mecanismos de diálogo e intervenção onde quer que haja focos ou ameaças de conflito ou desentendimento. Ela cuidará especialmente de dar apoio a métodos não-violentos, melhorar a comunicação entre religiosos, entre ciência e religião, garantir os direitos humanos e restaurar nossa preciosa Mãe Terra. Seu objetivo será no sentido de beneficiar todas as pessoas, indo além da pauta política de um Tibete livre ou das premissas do budismo. Para maiores informações ou apoio, escreva para: Rajiv Mehrotra, Secretary - Foundation for Universal Responsability - The Bureau of H. H. The Dalai Lama - 10 Ring Road - Lajpath Nagar IV - New Delhi - 110 024 - India. Tel: (91) (11) 698 413 - Fax: (91) (11) 646 1914 - Telex: 031- 74051. ÁRVORES PARA A VIDA A Fundação pela Responsabilidade Universal, associada ao movimento Árvores para a Vida, distribuiu em Sarnath, na Índia, em dezembro de 1990, durante a Iniciação Kalachakra, 150 mil pacotes de sementes de árvores frutíferas. "Hoje, a própria vida na Terra está ameaçada por atividades humanas sem compromisso com valores humanitários", disse S. S. O Dalai Lama, referindo-se ao evento. "Não podemos continuar buscando nossa própria felicidade enquanto permanecemos indiferentes ao ambiente que nos suporta. A destruição da natureza e dos recursos naturais vem da ignorância, da cobiça e da falta de respeito pelas coisas vivas da Terra. Cada um de nós precisa ficar consciente de nossa responsabilidade e capacidade individual de preservar o meio ambiente". Nos últimos 200 anos, cortamos mais da metade de todas as árvores do Planeta. Para cada árvore plantada hoje, 30 são derrubadas. Estamos perdendo mais de 2000 árvores por segundo. Isto é terrível, porque a vida na Terra depende das árvores. Elas convertem gás carbônico em oxigênio, são vitais para a conservação do solo, dão abrigo, alimento e materiais para praticamente todas as espécies, inclusive a humana. O movimento Árvores para a Vida procura mostrar que o ato de plantar e cuidar de uma árvore é mais do que uma ação prática e urgente: é uma aventura na qual podemos experimentar o mistério da vida; um simples ato que nos ajuda a compreender a inter-relação e o caráter sagrado de toda a vida. Desde 1984, Árvores para a Vida plantou 10 milhões de árvores frutíferas em diferentes países e espera plantar 100 milhões até o ano 2000. Essa organização sem fins lucrativos se mantém apenas através do apoio de pessoas preocupadas com a mãe Terra e seus filhos. Publicado na Revista: BODISATVA nº 4 do C.E.B.
![]() PRATICANDO A MEDITAÇÃO As pessoas procuram continuamente meios para aumentar sua felicidade, paz interior e harmonia. De acordo com a opinião publica a felicidade é obtida através da saúde, do poder e da condição social. Ou através o uso de uma determinada pasta de dente, de um creme facial, ou por dirigir um determinado carro - pelo menos é o que os anúncios dizem. As pessoas procuram soluções para seus problemas através de sua família, trabalho, companheiros, amigos, etc. Eles tentam mudar as condições externas em seu meio físico, social e político deste modo ou então de outro, porque acreditam que quando o mundo finalmente tornar-se "perfeito", eles tornar-se-ão felizes e em paz. Mas eles esquecem que as condições mudam todo o tempo e incessantemente. Logo antes da realização de seus sonhos, as coisas mudam e a promessa de felicidade desaparece como a névoa da manhã ao amanhecer. Quanto mais intensamente tentam alcançar a felicidade, mais ela parece tão ilusória como uma agitada borboleta que está tentadoramente perto, mas impossível de se pegar. O engano é que a maioria das pessoas adota métodos errados para encontrar a paz e a harmonia. Elas procuram fora delas, no mundo exterior, ao invés de procurar dentro delas mesmas. Felizmente muitos já estão começando a descobrir a fonte real de sua infelicidade e tormentos: a mente. E para dirigir sua atenção para o "homem interior", isto é, a mente, o caminho é a meditação. A Meditação atualmente não só interessa a muitas pessoas de todas as camadas sociais como também de várias raças e religiões. Por que? Porque a mente trabalha indiferente da raça ou da religião a que a pessoa pertence. O trabalho da meditação é compreender a natureza da mente e usá-la efetivamente na vida diária. A mente é a chave da felicidade e também a chave da miséria. Passar a compreender a mente e usá-la convenientemente é um trabalho que transcende as barreiras raciais, culturais e religiosas. A Meditação pode de fato ser praticada por qualquer pessoa indiferente de sua religião. ![]() OS BENEFÍCIOS DA MEDITAÇÃO O homem é tão ocupado procurando várias maneiras de ter prazer numa disputa diária. O que a meditação tem a oferecer? Os benefícios da meditação são:
Estes são alguns dos benefícios que virão praticando a MEDITAÇÃO. Estes benefícios não estão a venda em nenhuma fábrica ou lojas de departamentos. Dinheiro não pode comprá-los. Eles somente poderão ser seus se você meditar. No começo, esta espécie de conscientização é na verdade uma mente "atenta" observando outras "mentes" (as quais estão, certamente, dentro do seu próprio contínuo mental). Por esse meio, desenvolve-se a habilidade de olhar para dentro da mente e acompanhá-la. Bhikkhu Piyananda
OS SEGREDOS DO ZEN Um poeta influenciado por Confúncio aproximou-se certa vez do mestre zen Hui-t’ang para perguntar o segredo do seu ensinamento. Respondendo, o mestre citou uma das frases de Confúncio: "Pensais que estou escondendo alguma coisa, ‘ó meu discípulo? Na verdade, nada tenho para esconder." Devido ao fato de Hui-t’ang não permitir que lhe fizessem novas perguntas, o poeta foi embora profundamente confuso, mas pouco tempo depois os dois foram caminhar juntos na montanha. Quando passavam por uma moita de loureiros selvagens, o mestre voltou-se para seu companheiro e perguntou: "Sentes o cheiro de louro?" À resposta afirmativa, ele observou: "Então, nada tenho a esconder de ti!" Imediatamente, o poeta iluminou-se. Pois é realmente um paradoxo falar a respeito do segredo do Zen e, a despeito de todas as aparentemente incompreensíveis ou ridículas respostas dos mestres zen aos insistentes interrogatórios de seus discípulos, nada está sendo ocultado de nós. A verdade é que o Zen é tão difícil de compreender porque é tão óbvio, e o perdemos repetidas vezes porque estamos procurando algo obscuro; com os olhos focalizados no horizonte, não vemos o que está a nossos pés. Nas palavras da "Canção de Meditação", de Hakuin: É como o gelo e a água; Sem água, não existe gelo, Seres sensíveis exteriores, onde buscamos o Buda? Não sabendo quão perto está a Verdade, As pessoas a buscam em lugares distantes ... Elas são como aquele que no meio da água, Sedento, grita implorando por ela. O homem é inúmeras vezes orgulhoso demais para examinar as coisas evidentes que estão bem perto dele. O Zen encontrou os seguidores do Mahayana procurando a verdade nas escrituras, em homens santos e em Budas, crendo que eles a revelariam, caso vivessem uma vida pura. Uma vez que a aparente humildade humana que julga que a sabedoria é algo sublime demais para revelar-se nas coisas comuns desta vida é uma forma sutil de orgulho, intimamente o homem sente que deverá ser tão grande a ponto de retirar-se das coisas do mundo antes que possa receber a verdade; e, em seu orgulho, pensa que só poderá recebê-la dos lábios dos sábios ou das páginas das escrituras sagradas. Ele não a vê nos seres humanos ou nos incidentes da vida diária. Não a vê em si mesmo, pois novamente é muito orgulhoso para se ver tal como é. Ao buscar essa verdade, ele oculta as imperfeições sob suas "ações meritórias" e aproxima-se dos Budas por trás de uma máscara. No Zen, essa cuidadosa autopreparação para encontrar a verdade no futuro ou em alguma fonte exterior coloca de lado a circunstância de ver os fatos como eles são no momento, sejam eles bons ou maus. Pois nenhum Buda poderá revelar a verdade para quem não puder vê-la em si mesmo, e aquele que puder vê-la no momento presente não pode esperar que ela lhe seja mostrada no futuro. Assim, o Zen ensina que ninguém poderia encontrar o Buda num Paraíso, ou em qualquer reino celestial, até que primeiramente o tenha encontrado em si mesmo, e nos outros seres sensíveis, e ninguém poderá esperar encontrar a iluminação num eremitério, a não ser que pudesse encontrá-la na vida do mundo. O primeiro princípio do Mahayana é o de que todas as coisas, mesmo que sejam vis na superfície e aparentemente insignificantes, são aspectos da natureza búdica, e isso significa que cada ser ou coisa tem de ser aceita; nada pode ser excluído da "Terra do Lótus da Pureza" como sendo "mundano", "trivial" ou "baixo". Como Thomas Kempis escreveu na Imitação de Cristo: "Se teu coração estiver correto, então cada criatura será um espelho da vida, e um livro da santa doutrina. Não há criatura tão pequena e abjeta, pois todas refletem a bondade de Deus". À questão "O que é iluminação?", um mestre zen respondeu: "Os seus pensamentos cotidianos". Mestre Pai-chang disse que o Zen simplesmente é: "Comer quando tens fome, dormir quando estás cansado". Lin-chi declarou, "o verdadeiro homem religioso nada tem a fazer a não ser seguir vivendo diante das várias circunstancias desta existência mundana: se levanta calmamente pela manhã, veste as roupas e vai trabalhar. Quando deseja caminhar, caminha; quando quer se sentar, senta-se. Não está perseguindo o Budado, nem possui o mais remoto pensamento a esse respeito." Como isso é possível? Um sábio antigo diz: "Se te esforças pelo Budado através de qualquer recurso consciente, o teu Buda é na verdade a fonte do teu eterno renascimento." O Espírito do Zen - Alan W. Watts - Edit. Cultrix
SIMPLICIDADE E CONTENTAMENTO Certa vez, um homem muito rico e muito ocupado caminhava pela praia para tentar aliviar a carga dos inúmeros e complexos problemas que moldavam a sua vida. De repente, deparou com um pescador deitado despreocupadamente junto de um barco, olhando o azul do céu. Indignado, deteve-se junto ao pescador e perguntou: Reflexão: Aulas de Transformação - Marilu Martinelli - Edit. Fundação Peirópolis
MEDITAÇÃO DA BONDADE AMOROSA Que eu esteja livre de inimizade, moléstia e transtorno;
Embora uma pessoa viva cem anos não vendo o supremo Darma,
Assim como uma sólida rocha não é sacudida pelo vento, |
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