![]() Nº 2 - Maio de 1996
A prática da concentração é uma das práticas do Budismo.
A PAZ AO ALCANCE DE TODOS – Bikkhu Mangalo
O QUE É MEDITAÇÃO Dominar a mente e trazê-la para o entendimento correto da realidade não é uma tarefa fácil. Requer um processo lento e gradual de se ouvir e de se ler explicações sobre a mente e sobre a natureza das coisas; de se pensar a respeito dessa informação e analisá-la cuidadosamente; e de transformar a mente por meio da meditação. A mente pode ser dividida em consciência sensorial: visão, audição, olfato, paladar e tato e consciência mental. A consciência mental oscila entre as nossas experiências mais grosseiras de raiva ou de desejo, por exemplo, e o nível mais sutil de completa tranqüilidade e transparência. Ela inclui nossos processos intelectuais, nossos sentimentos e emoções, nossa memória e nossos sonhos. A meditação é uma atividade de consciência mental. Ela envolve parte da mente que observa, analisa e lida com o resto da mente. A meditação pode tomar muitas formas: a concentração dirigida unicamente a um objeto (interno). A tentativa de compreender algum problema pessoal, a geração de um amor radiante por toda a humanidade, a prece a um objeto de devoção, ou a comunicação com nossa própria sabedoria interior. Sua meta final é despertar um nível de consciência extremamente sutil e utilizá-lo para descobrir a realidade, direta e intuitivamente. Existem muitas técnicas diferentes de meditação, e muitas coisas na mente com as quais devemos nos tornar familiares. Cada técnica possui funções específicas e benefícios e cada qual é uma parte da estrutura destinada a levar nossa mente a ter uma visão realista do mundo. POR QUE MEDITAR?
Não há nada errado com qualquer uma dessas coisas; não há nada errado em se conseguir relacionamentos e posses. O problema é que as olhamos como se elas tivessem alguma habilidade inerente de satisfazer-nos, como se fossem a causa da felicidade. Porém elas não o podem ser – simplesmente porque não perduram. Tudo muda constantemente por natureza e eventualmente desaparece: nosso corpo, nossos amigos, todas as nossas posses, o meio ambiente. Nossa dependência das coisas impermanentes e nosso apego à felicidade multicolor que elas trazem só causam desapontamento e dor, e não satisfação e contentamento. Nós, de fato, experimentamos a felicidade com coisas exteriores a nós, porém isso não nos satisfaz verdadeiramente ou nos liberta dos nossos problemas. É uma felicidade de qualidade inferir, inconstante e de curta duração. Isso não significa que deveríamos abandonar nossos amigos e nossas posses para sermos felizes. Pelo contrário, o que precisamos abandonar são nossas falsas concepções sobre eles e as nossas expectativas irrealistas a respeito do que eles podem fazer por nós. Nós não os vemos apenas com o sendo permanentes e capazes de nos satisfazer; na raiz dos nossos problemas está a nossa visão fundamentalmente errada da realidade. Acreditamos instintivamente que as pessoas e as coisas existem em si e por si próprias, a partir delas mesmas; que elas possuam uma natureza inerente, uma qualidade inerente de coisa. Isso significa que vemos as coisas como possuidoras de determinadas qualidades que residem naturalmente dentro delas; que elas são, em si próprias, boas ou más; atraentes ou repulsivas. Essas qualidades parecem estar ali, nos próprios objetos, bastante independentes do nosso ponto de vista e de tudo mais. Nossa idéia errônea é habitual e está profundamente arraigada; ela delineia todos os nossos relacionamentos e relações com o mundo. É provável que raramente questionemos se o modo como vemos as coisas é o modo como elas realmente são, mas uma vez que o façamos, será óbvio que a nossa imagem da realidade é exagerada e unilateral. Que as boas e más qualidades que vemos nas coisas são na verdade criadas e projetadas pela nossa própria mente. De acordo com o Budismo, existe uma felicidade duradoura, estável; e todos possuem o potencial para experimentá-la. As causas da felicidade estão dentro da nossa própria mente, e os métodos para consegui-la podem ser praticados por qualquer pessoa, em qualquer lugar, em qualquer estilo de vida – morando na cidade, trabalhando num emprego de oito horas por dia, cuidando de uma família, divertindo-se nos finais de semana. Praticando esses métodos – a Meditação – podemos aprender a ser felizes em qualquer ocasião, em qualquer situação, mesmo nas mais penosas. Eventualmente, podemos nos libertar de problemas como o descontentamento, a ira e a ansiedade, e, ao percebermos o modo verdadeiro como as coisas existem, finalmente eliminaremos por completo a própria fonte de todos os estados perturbadores da mente, de forma que ele nunca mais surjam. Como Meditar - Editora Pensamento
Todas as coisas têm como precursora a mente, fundam-se na mente, são feitas da mente;
Todas as coisas têm como precursora a mente, fundam-se na mente, são feitas da mente;
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