Universo Online
Web Sites Pessoais

Precisa de ajuda em seus trabalhos escolares? Quer ajuda na sua pesquisa bibliográfica? Sem tempo para terminar sua tarefa?

Resenhas de Babel: Cultura, Literatura, Filosofia e outros assuntos chatos

se não encontrar neste artigo, procure em todo o site:

 

Seja bem vindo nosso visitante no.

Número de visitantes auditado externamente. Clique aqui para ver estatísticas.

Resenhas de Babel: Cultura, Literatura, Filosofia e outros assuntos chatos  - euideia.wmf (1622 bytes)

Resenhas de Babel:

Literatura, Cultura e assuntos afins (Atualizada diariamente)

- arquivo - PE01799A.gif (1627 bytes)

Não está encontrando?

Procure em todos os artigos:

 

Cenários dantescos
Contos de terror
Balzac e seus contra-venenos à imprensa
A última e mais concreta muralha
Ainda sobre Borges
Livros que não precisaram ser lidos
Livros de insônia
Forma e conteúdo
O triste fim da Literatura Infantil
Precisamos de Quixote
Razão e emoção
Sobre a leitura
Tecnocratas da imaginação
Vathek: uma infernal jóia oriental
A Invasão
O medo da Imortalidade
Escrever e ler
O berço do herói
O eloquente silêncio de Tchekhov

 

(em geral a classificação é arbitrária, é preferível usar a busca interna)

Quer ser informado mensalmente sobre novos artigos?

Quer ser informado mensalmente sobre novos artigos?

fale conosco: resenhas@uol.com.br

Fale conosco 

Meu ICQ: 38880420

 


Artigo de hoje

Sobre a leitura




Alexandre Gomes

"Que outros se jactem das páginas que escreveram; a mim me orgulham as que li" (Borges)

Falei antes do imenso prazer causado pelo turbilhão mental que a leitura de um bom livro pode proporcionar. Lembrei disso quando ouvi alguém me dizer que gosta muito de escrever, mas não tem paciência para ler. A observação me pareceu um disparate e arriscando-me a ser injusto já julguei mal qualquer coisa que o interlocutor infeliz poderia ter escrito.
Até acho possível, ainda que difícil, que alguém goste de ler mas não escreve. Escrever é sobretudo um dom e como tal de certa forma independe da nossa vontade e esforço escrever página memoráveis.
Mas o raciocínio contrário me parece impossível, imagino impossível que alguém que goste de escrever produza qualquer coisa digna de nota sem gostar de ler. Como uma mente limitada por sua própria experiência seria capaz de produzir algo que não provocasse o mesmo desinteresse nos outros que provoca em si mesmo?
Não conheço quem escreva bem que não seja leitor intenso, assim como não há texto escrito que não reflita tantos outros livros. Como o Borges da frase que serve de epígrafe, creio que há mais mérito próprio em sermos capazes de escolher bons livros e penetrar-lhes até a essência do que em encher uma página com notas memoráveis - se a inspiração nos sorri - ou com imbecilidades se a musa não nos sorri. Ao menos no primeiro caso é uma escolha, já no segundo é uma imposição da natureza.
Não é à toa que prefiro livros de "sebos" proque quase sempre neles há uma oura história rabiscada às margens, grifada nos sempre contestáveis pontos que chamaram a atenção de alguém, quase sempre há um nome assinalado do proprietário anterior, nos fazendo imaginar qual seria a história dele e daquele livro.
Esta história subjacente daquele livro, a idéia que alguém compartilhou aquela leitura que fazemos, imaginar-se qual teria sido a reação do leitor anterior, o motivo que o levou a desfazer-se daquele volume, tudo isto ainda reforça aquela forte mística que sempre permeia qualquer livro. Não é à toa que há tantas lendas sobre livros mágicos...
Isto me ocorre porque há poucos dias soube de um destes destinos inusitados de um livro. Foi a terceira peça que Dante me prega este ano com a sua Divina Comédia. Impossível que eu não imagine que ele de alguma forma tenta se vingar de mim porque citando Asin Palácios comentei o fato de boa parte da Comédia ter sido copiada de textos árabes medievais.
Ou talvez ele deseje me recompensar porque eu e a outra vítima da peça o tiramos do ostracismo que substitui os livros clássicos por efêmeros best-sellers, porque resolvemos imaginá-lo não como um a peça de museu mas insistimos em trazê-lo para a realidade.
Como o Deus esquecido das Ruinas Circulares de Borges - que ensina a mágica de criar um homem ao pobre homem em troca de reavivar seu culto e suas oferendas - Dante talvez se sinta tão feliz em ainda ser lido como coisa viva que coloque em meu caminho estas pequenas brincadeiras inusitadas, que disfarçam-se de coincidências para que seja necessário acreditar nelas.
Enfim só posso imaginar que estas histórias só comprovam que ler é um processo que tem algo de mágico realmente, que exige uma dedicação quase religiosa, mas que em contrapartida abre para nós a porta de novos mundos.

Artigos Anteriores

 


 

São Carlos, Terça-feira, 29 de Fevereiro de 2000

1