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Resenhas de Babel: Cultura, Literatura, Filosofia e outros assuntos chatos

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Artigo de hoje

Balzac e seus contra-venenos à imprensa

 


Alexandre Gomes

"A imprensa será morta como será morto um povo: dando-lhe liberdade" (Balzac, Monografias sobre a Imprensa Parisiense)

A coletânea "Os jornalistas", lançada recentemente pela Ediouro, reune dois trabalhos menores e menos conhecidos de Balzac: Monografia da Imprensa Parisiense e Os Salões Literários. O primeiro é muitíssimo mais divertido porque se propõe a fazer uma tipologia dos jornalistas, rigorosamente classificados em categorias, variedades e subgêneros do topo ao piso de um jornal.
Dificilmente Balzac imaginaria que seu livro tivesse tanto fôlego pois é muito mais uma coleção de epigramas aos desafetos inspirados sobretudo pela vingança. A aguçada lâmina fria do epigrama parece não poupar a ninguém, nem mesmo aos raros tipos nos quais ele reconhece o talento mas lamenta que este seja consumido na rotina medíocre e nos interesses rasteiros dos jornais.
Para definir os jornalistas ele os chama da Ordem de Gendelettre (como gendarme é originalmente Gente de Armas) ou pelo apelido menos carinhoso, mas mais revelador, de estraga-papel. Poderia-se chama-los de Filhos da Pauta, numa atualização tardia, que ainda hoje provoca ira nos coleguinhas.
É justamente esta similaridade que assusta, um trecho descrevendo um dos personagens de Balzac se transcrito hoje seria considerado como ofensa pessoal por pessoas idênticas àquelas descritas pelo escritor francês na primeira metade do século passado. Até me abstenho de citar alguimas destas passagens porque não faltariam coleguinhas a vestir as carapuças. Mas quem ler o livro Não terá dificuldade em reconhecer o que eu digo.
Tem se a impressão que a imprensa não evoluiu nada nestes quase duzentos anos, que continuam a habitar o mundo da imrpensa os mesmos estereótipos - ou seriam arquétipos? - dos estraga-papel da França balzaquiana.
Se esta estagnação de dois séculos já é em si preocupante, ainda mais o é o fato de que Balzac nem de longe pretendeu realmente fazer um retrato da imprensa, mas apenas vingar-se dos desafetos. A obra não é um estudo científico, mas uma coleção de epigramas emoldurada pelo talento de Balzac como frasista.
Ele não faz um retrato, mas uma caricatura dos jornalistas de sua época; contudo esta caricatura é um excelente retrato da imprensa local contemporânea. Estão todos lá, a começar deste que vos escreve, num retrato quase perfeito cuja necessidade de retoques é mínima. Os mesmos perfis, as mesmas ambições, as mesmas ilusões, as mesmas estratégias de sobrevivência, os mesmos expedientes, só faltam os mesmos talentos, material cada vez mais raro.
No máximo um ou outro dos personagens reais consegue reunir os defeitos de dois ou três dos tipos retratados - nunca as qualidades diga-se de passagem. É provável que se Balzac vivesse por aí hoje não conseguiria ser tão contemporâneo, ainda mais com um livro que para ele seria evidentemente datado.
Datado sobretudo porque ele tem a intenção de retratar nem tanto um tipo, mas algumas personagens da sua época. Imaginaria ele, portanto, que os leitores de outro século, outro país, outra língua, outra cultura seriam incapazes de descobrir quem eram os personagens reais aos quais os epigramas eram destinados e portanto a obra Não poderia mais ser decodificada.
O que se vê é justamente o contrário; o Mestre-jaques, o publicista de carteira, o jovem crítico louro (que muito bem pdoe ser moreno, como ressalva Balzac), o Nadólogo, o Agregado, os Camarilhistas, o Farsante, o Incensador e tantos outros tipos passaram a ganhar vida como caricatura de outros tipos bem reais. Querendo fazer um epigrama gigantesco, Balzac acabou por ser capaz de um verdadeiro tratado sociológico dos jornalistas - profissào, aliás, que ele também exercia.
Mas há um outro aspecto que chama a atenção na obra amarga e vingativa de Balzac. Balzac entrou para a história como um dos maiores escritores da humanidade, seus detratores Não só Não puderam evitar isto com todas as suas intrigas e perseguições, como ainda só escaparam do anonimato absoluto para tornarem-se caricaturas.



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São Carlos, Terça-feira, 29 de Fevereiro de 2000

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