Animais Mitológicos e Totêmicos-
. A mitologia é provavelmente o lugar privilegiado do encontro entre homem e animal, aqui, a imaginação de um juntando-se aos poderes naturais do outro, eleva ambos acima da cotidiana luta pela sobrevivência e dominação. Todas as culturas produziram mitos, das mais remotas tribos às grandes e estáveis civilizações asiáticas e ocidentais e todas sem exeção incluem os animais em seu imaginário. Dos animais totêmicos ou anscestrais aos mitológicos (imaginados) e finalmente aos deuses-animais foi um pulo: o Egito, uma das mais ricas civilizações, tinha como característica predominante de seus deuses, os corpos com cabeça de pássaro, como: Thoth - Deus da Sabedoria; Horus - 'cabeça de falcão', Deus do céu e da realeza; Anubis - Deus dos mortos; Khnum - Criador do homem. No período arcáico o Boi Apis foi adorado, assim como a vaca (Hathor e Isis). Sapos, serpentes, escorpiões e crocodilos eram tidos como sagrados (teriomorfia - deuses em forma animal). Os arqueólogos encontraram cemitérios de animais mumificados (gatos, cachorros e outros), provas do respeito pelos animais. A cultura egipcia antiga era baseada no culto aos animais. São impressionantes as figuras divinas com corpo humano e cabeça animal (como a deusa Hathor que tem orelhas de vaca e chifres) como símbolo de reverência aos animais como criaturas de poder superior participantes da unidade da vida e do cósmos. Os animais eram símbolo de força e poder e eram venerados pelas suas capacidades específicas: o faro do cachorro, a visão do pássaro, a capacidade da cobra de se renovar, a fertilidade do touro, o vôo do pássaro dando forma à alma humana... viam nos animais algo inexplicável. A diferença do animal, o animal como "o outro", que para a maioria das culturas é um outro selvagem e negado, rejeitado pela cultura, para os egípcios eram super-humanos, integrados, aceitos, não os viam como selvagens. Em comparação com a arte antiga da Mesopotâmia, Pérsia e Asia Central, o animal egipcio é calmo, dígno e misterioso. O reconhecimento do animal como "o outro" se tornava o reconhecimento da divindade. Na antiga civilização do "Indus Valley" - Mohenjo-Daro e Harappa - encontramos vários selos com figuras de animais especialmente touros, tigres, elefantes e os mitológicos unicórnios, deusas com chifres ou com olhos de peixe, mais tarde todos evoluiram gerando a complexidade do panteão indiano contemporâneo. Na China encontramos o fabuloso Dragão. As Nagas - cobras reais indianas - quando entraram na religião chinesa, foram transformadas em dragões que são como serpentes com um significado cósmico ambivalente. Os dragões moram no ar, nas águas e nas profundezas da Terra; eles são o elo de ligação entre todas as instâncias cósmicas. Eles trazem chuva, sendo fonte de fertilidade e removem infortúnios principalmente no ano novo. Eles são também criaturas de velocidade e poderes perigosos.
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Animais Totêmicos Mayas (acima) e o Mitológico Garuda indiano (ao lado) |
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