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Resenhas de Babel: Cultura, Literatura, Filosofia e outros assuntos chatos

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Artigo de hoje

As religiões como fonte da ética



Alexandre Gomes

"Por mais incisivas que as influências sociais possam ter tido sobre uma ética religiosa num determinado caso, ela recebe sua marca principalmente das fontes religiosas e, em primeiro lugar, do conteúdo de sua anunciação e promessa" (Weber, A psicologia social das religiões mundiais)

Fiz ontem um rápido, portanto injusto e incompleto, quadro das principais abordagens do fenômeno religioso com o objetivo de chegar ao papel da religião na sociedade pós-moderna. Destaquei em especial a noção de Weber segundo a qual a religião é um fenômeno autônomo, que até interage com o meio social - de forma ativa e não passiva como em Marx. Avancei um pouco no conceito de Weber a partir da noção de uma "seleção natural" das idéias religiosas - conceito do filósofo pragmático William James - realizadas pelo crivo da correspondência entre as mensagens e as necessidades religiosas de uma comunidade.
É esta última idéia que gostaria de desenvolver melhor hoje. Weber destaca a adaptação da mensagem numa doutrina dela derivada, desenvolvida pelas gerações posteriores do segmento social que adotou aquela mensagem como sua. Mas esta relativa plasticidade da doutrina depende de um lado do conteúdo original da Revelação, e de outro das camadas sociais que aderem à doutrina.
O autor destaca como exemplo deste processo a tendência às religiÕes desenvolvidas no seio das camadas cívicas, burocraticas, de ter um caráter de rpecrição moral, prática; enquanto as religiÕes cujos adeptos pertenciam a camadas intelectuais tinham um caráter místico e extático. Mas, em qualquer dos casos, há sempre uma autonomia da mensagem que é determinante, ainda que não seja determinante sempre ou exclusivamente determinante.
Mas a noção de Weber que talvez mais nos interesse é a que vincula a adoção de uma determinada doutrina à uma "necessidade religiosa" que, grosso modo, seria a necessidade de racionalização dos sentimentos de um grupo. Isto porque da doutrina religiosa emana uma ética que rege as relações sociais e pessoais em um determinado grupo e portanto a religião é importante elemento legitimador destas religiões. Porém, ao contrário da perspectiva marxista, a religião não é passiva neste processo pois é capaz de determinar quais serão estas relações.
O porque de algumas religiÕes terem se tornado mundiais, outras terem se mantido como seitas limitadas e outras terem simplesmente desaparecido talvez possa ser explicado pelos conceitos de James. Da imensidão de idéais religiosas que surgem - e das consequentes éticas delas derivadas - algumas encontram indivíduos para os quais elas são úteis - portanto verdadeiras - enquanto outras não.
O caráter intermitente, até recalcitrante, de algumas destas idéias religiosas poderia ser explicada pela existência de algumas idéias do passado que não encontraram adeptos mas ficaram "em estado de latência" até serem úteis. A principal base teológica do calvinismo, por exemplo, encontra-se já em Germe no pensamento do catolicíssimo Santo Agostinho no século V.
Ainda sobre os calvinistas é muito interessante analisar o surgimento da Reforma Protestante para "testar" estas idéias - porque uma coisa é testar as teorias pelos seus resultados, como pregava james, outra pelos seus modelos esquemáticos. A visão clássica do assunto, que figura em milhares de livros didáticos adeptos de um marxismo vulgar, simplesmente Nào encotnra respaldo nos fatos.
Dizem estes livros que o protestantismo surgiu para liberar a burguesia da proibição da usura pregada pelo catolicismo. Um fato curioso nisto é que a Contra-reforma católica não foi uma concessão à esta "modernização" mas justamente uma retomada dos valores católicos originais. Mas basta examinar os fatos para ver, por exemplo, que as idéias protestantes não surgem em áreas comerciais - embora seja verdadeiro que será nas áreas comerciais que ele irá se desenvolver acima de todas as dificuldades.
A idéia central, que será desenvolvida nos próximos artigos, é que existe uma "necessidade religiosa" tanto social quanto individual e que para atendê-la existe uma certa competiçào entre diversas mensagens religiosas. Mas, sobretudo, que não é esta competiçõa que cria esta necessidade já que uma das respostas possíveis a estas necessidades é a sua substituição por idéias não reconehcidas como religosas - como a crescente sacralização do consumo e dos valroes monetários - ou ainda, tema principal desta série de artigos, a fragmentaçào de um sistema religioso em religões particulares no melhor estilo "faça você mesmo".


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São Carlos, Terça-feira, 29 de Fevereiro de 2000

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