A grande imprensa tem estranhos viés quando trata da questão Palestina. Uma coisa básica que a mídia raramente coloca, por exemplo, é que os atos terroristas dos palestinos são cometidos por alguns poucos grupos extremistas. Não tem nada a legitimar seus atos perante o povo palestino e nem mesmo a precária ANP (Autoridade Nacional Palestina). Muito diferentes são as ações do exército israelense, tomadas pela decisão de um Estado legalmente constituído com o apoio da maioria da população e portanto atos de "toda a população de Israel".

Outro curioso viés da mídia são as raríssimas referências à significativa população palestina cristã, cerca de 8% da população. A própria esposa de Yasser Arafat é cristã católica. Fica no ar a impressão que se deseja evitar qualquer tipo de solidariedade do ocidente em relação aos palestinos. A infeliz Palestina já foi governada por cristãos de diversas denominações, por judeus e por muçulmanos, mas a história mostra que ela só conheceu a paz e tolerância - por mais estranho que isto pode parecer ao ocidental que em geral desconhece a história da região - durante o governo muçulmano.

O sionismo - que até recentemente tinha sido condenado pela ONU como ideologia racista e que é muito diferente do judaísmo - tem como embasamento o Pentateuco. Segundo a curiosa interpretação dada por eles, nas entrelinhas do Pentateuco Deus passa a escritura de toda a região aos judeus, pelo simples fato de serem judeus e nada mais. Aceitar este tipo de argumento é uma cosia muito perigosa, afinal se algum povo julgar por seus livros sagrados que eles tem direito a dominar o mundo teremos de aceitar? E ao mesmo tempo a própria afirmação é contestável porque o "direito à exterminação dos filisteus" - ancestrais dos palestinos - que os judeus lêem na Torah baseia-se no fato deles serem na época politeístas.

Aos poucos os sucessivos abusos do Estado israelense contra os palestinos, as constantes humilhações e o inconveniente radicalismo dos judeus ortodoxos vai abalando a imagem que Israel tem tentado construir no ocidente. Já não é mais possível esconder o mundo a opressão dos palestinos que durante décadas tem sido insistentemente não vistos pela mídia ocidental.