A intolerância é uma das mais poderosas armas para a guerra. Sem que ela esteja a legitimar a posição do agressor os canhões não disparam e as baionetas não se banham no sangue do inimigo. Todos os profetas pregaram a paz, condenaram o ódio e pregaram contra a guerra imotivada, mas não há crença que não tenha se envolvido em disputas e agressões.

Um dos principais compromissos que esta newsletter assumiu, ainda na fase da sua concepção, foi em lutar com todas as suas forças contra a intolerância e pela paz entre as etnias e credos. Para isto nossa principal arma é a informação dirigida tanto a muçulmanos quanto a não muçulmanos e o apelo para que coexistamos em paz.

A coexistência é possível e, creio, desejável para todos, apesar de todos os esforços da mídia ocidental em tentar excluir os muçulmanos da humanidade e apresentá-los como inimigos do progresso e da paz. Não se pode culpar ninguém por ter uma péssima visão sobre o Islam e outra pior ainda sobre os muçulmanos. Qualquer cidadão médio só recebe sobre o Islam informações negativas, pintam para ele uma visão estereotipada, quase caricatural mesmo, dos muçulmanos. Ao mesmo tempo os muçulmanos, oprimidos pelo imperialismo, mantidos num baixo nível cultural, econômico e social, humilhados em seu próprio solo ou no exterior tende muitas vezes a ver no ocidental um inimigo ou ao menos um adversário. Este é um terreno fértil para os semeadores do mal, para os senhores da guerra e servos da morte plantarem...

O caminho recomendado por Deus aos muçulmanos é o caminho do meio, portanto é preciso também repudiar a postura contrária. Para a mídia os muçulmanos "bonzinhos" são aqueles que abandonam os preceitos de sua fé e adaptam-se a ideologia e modo de vida ocidental. Não há "líder" muçulmano que tome alguma atitude ocidentalizante que não seja elogiado pela mídia ou pessoa que deixe de lado seus compromissos com a fé que não seja apontada como modelo.

É perfeitamente possível coexistir com a cultura ocidental sem que se abra mão da fé. A tentativa das elites dos países muçulmanos educadas no ocidente de transformar o Islam apenas numa lei de status pessoal ou numa mera religião - tal como o conceito de religião no Ocidente - resultou em alguns dos maiores desastres que se tem notícia para a humanidade. Mais do que os assim chamados "fundamentalistas" (na verdade o termo é impróprio) foram os "ocidentalizados" como Kamal Ataturk, Abdel Nasser, Hafez Assad, Saddam Hussein e outros que expandiram a violência, a miséria, a fome, a ignorância, os governos corruptos e de certa forma o próprio radicalismo (como uma reação pelo lado oposto).