Eu quero mais rock!!!

Pablo Kossa

Recentemente, conheci dois discos que me fizeram refletir sobre a quantidade de músicas interessantes que existem no mundo e eu desprezo-as ouvindo sempre meu restrito universo dos três erres: Ramones, Raul Seixas e Rage Against the Machine.

Lendo a seção "Discoteca básica" da revista "Showbizz" fiquei sabendo da existência de Sá, Rodrix & Guarabyra e me deixou curioso o conceito de rock rural. Revirando os vinis de meus pais, vi que eles possuem uma coletânea do trio. Ouvi e pirei. Um riff a la Page tocado na viola, pianos e órgãos progressivos na música mineira me deixaram embasbacado. "Zeppelin" conta-nos um sonho deles que também se tornou meu: viajar na cadeira ao lado do conde Ferdinando. As nostálgicas "Os anos 60" e "Blue Riviera" tratam dos primórdios do rock de forma distinta, enquanto a primeira é sorridente ("...agora, só falta alguém botar um rock na vitrola para que eu saia de porre pela sala com um cuba libre na mão."), a outra é melancólica ("...você me dizia que a sua mãe não lhe deixava sair, na garupa da lambreta sem saia para o Blue Riviera."). O espírito andarilho on the road está presente em "1ª canção da estrada" e "Pendurado no vapor". A que mais me encantou foi "Mestre Jonas", música que retrata uma passagem bíblica e me fez concluir que também quero e vou morar em uma baleia ("...dentro da baleia a vida é tão mais fácil e nada incomoda o silêncio e a paz de Jonas...").

A outra grata surpresa foi a banda mexicana Molotov. Quando a Lígia Soares me emprestou o CD, não depositei muita confiança pois achei o encarte muito engraçadinho e pensei que eles fossem uns Mamonas mais levados para o rock. Puro preconceito! Imaginem uma mistura de Red Hot Chilli Peppers com Rage Against the Machine, cantado ora em espanhol ora em um inglês de porto dos mais picaretas, com algumas letras panfletárias ("Voto latino" e "Que no te haga bolo Jacobo"), outras que lembram a esculhambação das rodas de amigos ("Puto" que tem o beat box mais legal por mim já escutado), além das anárquicas que pregam a destruição da família tradicional ("Chinga tu madre") e um baixo cheio de slaps. Excepcional o som levado pelos hermanos.

Então, quem tiver algum rock exótico (não sendo metal com todas as suas ramificações e masturbações virtuosas tipo Pink Floyd) me apresente, pois eu quero sacar mais de rock, certo?

Pablo Kossa é estudante do 1o. ano de jornalismo da UFG.

Mande um e-mail para a direção do jornal.

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