Sexofobia social

Leandro Quintanilha Santana

Quando você ouve a palavra sexo, qual é a primeira coisa que lhe vem à cabeça? Paixão? Prazer? Tesão? Pode parecer estranho, mas, para muita gente, sexo pode significar medo, culpa, frustração. Por que será que esse assunto provoca tanta inquietação? A sexualidade humana, certamente, ainda é motivo de muitas polêmicas.

Quem nunca viu pais tirarem suas crianças da sala, quando aparecem cenas mais quentes na TV? Que garoto, no início da adolescência, não se sentiu constrangido ao comprar uma revista pornô na banca da esquina? Quantos casais limitam sua vida sexual ao convencionalíssimo "papai & mamãe"? Quem não tem uma prima que "se guardou" para o casamento? Quantas mulheres nunca tiveram um orgasmo? E quem não tem uma amiga que engravidou aos dezesseis por falta de informação? Convivemos cotidianamente com situações como estas, que evidenciam o quanto a sociedade é castradora com a sua censura sexual.

Sexo é visto como um pecado gravíssimo que só seria "justificado" com amor, dentro do casamento (abençoado pela igreja, é claro) e com o pretexto (risível) da procriação. Qualquer forma de libido que não se encaixe nesse modelo tradicional é classificada como "perversão". Talvez seja por isso que a prostituição e a homossexualidade sejam tão severamente condenadas. As religiões (algumas mais intensamente que outras) são as principais responsáveis por tal mentalidade. Invocam autoridades transcendentais para instituir preconceitos. Ignoram a razão, apresentando argumentos meramente dogmáticos.

Chamam de "vagabunda" a mulher que já teve muitos amantes e as fantasias sexuais de "pensamentos impuros". Por que continuamos a tratar desse assunto como algo sujo e pernicioso? Basta de hipocrisia. Temos que parar de atribuir ao hímem um valor moral que ele não possui. Esse nosso pudor exacerbado é perfeitamente dispensável. Pensar muito em sexo é talvez a única coisa que todos nós, seres humanos, realmente temos em comum.

Leandro Quintanilha Santana é estudante do 2o. ano de jornalismo da UFG.

Mande um e-mail para Leandro Quintanilha Santana ou para a direção do jornal.

Primeira - Anterior - Próxima - Última