Desrespeito mútuo

Paola Franco de Miranda

Não é de se espantar que há pessoas que têm mais medo da polícia que do ladrão. Motivo é o que não falta. A cada dia que passa presenciamos mais policiais envolvidos com tráfico de drogas, matando civis, outros encobrindo seus colegas assassinos.

O que aconteceu em Trindade pouco tempo atrás e em Diadema no ano passado podem ser apenas sintomas de uma onda de crimes cometidos por policiais que, se não tomarmos nenhuma atitude, vai continuar se alastrando. O abuso da autoridade se encontra alarmante. É comum presenciarmos reportagens que mostram policiais espancando pessoas comuns. Na maioria das vezes sem motivos convincentes, apenas para usar alguém como válvula de escape para a sua ira, ou para provar sua masculinidade, sua autoridade.

Não discordo de que os policiais ganham mal, mesmo exercendo uma profissão de risco. Mas a discussão aqui transcende a questão das desigualdades sociais e entra num assunto ainda mais profundo, e de repente, essencial: o respeito.

Apesar das dificuldades enfrentadas pelos policiais, não encontro motivo plausível para a falta de respeito deles com os cidadãos. Ninguém pode agredir alguém dessa maneira, e ainda se isso acontece, o outro tem o direito de defesa. O que não acontece no caso dos policiais, em que a vítima têm de apanhar calada.

Nosso país (ou talvez nosso mundo) é todo desrespeito. É o desrespeito em casa, nas filas, no trânsito, na escola, no salário dos policiais. Desrespeito destes com os civis, do governo com o povo, dos países centrais com os periféricos, do homem com a natureza, do homem consigo mesmo.

Talvez nesse ponto a noção de respeito se perca. E de repente nos perguntamos se ele realmente existe. Não num campo superficial, mas num nível em que questionamos se os raros momentos em que ele se manifesta se originam do nosso sumo desejo de respeitar o próximo, ou pelo dever de cumprir uma ordem da sociedade. A questão fica para vocês...

Paola Franco de Miranda é estudante do 2o. ano de jornalismo da UFG.

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