Criança Envelhecida

Às duas da madrugada, a criança chora,

O mundo pesa sobre suas pequenas costas

Ela não consegue entender por que o

mundo é tão pesado

Uma criança envelhecida, cheia de rugas,

Inchada pelas horas de desespero

Quem conversa com ela pensa que tem

quarenta anos, e, no entanto, só tem nove

Seu choro escorre pelas veias, e

de seus olhos caem gotas de sangue

Ela promete a si mesma não mais chorar,

Nunca mais, e come pedras para endurecer o coração

As pedras não fazem efeito, e seu coração

continua aquela massa mole

Desesperada, pede ajuda, desafia Deus

Exige que ele cure suas feridas

Mas ele não aparece, e em seu lugar cai uma

tempestade

Seu frio aumenta

Ela odeia todos

Para ela não há luz

Não há vida

No âmago de sua inocência foi condenada à prisão eterna

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