Muito além de uma simples alienação

Larissa Gonçalves

Tenho ouvido, desde que entrei na adolescência, que os jovens são alienados, analfabetos políticos, entre outros estereótipos e generalizações.

E por que isso me chamou a atenção? Simplesmente porque eu sempre achei que fosse uma exceção, um verdadeiro "peixe fora d'água" em meio à maioria dos adolescentes cuja única fonte de informação são os blocos de notícias da "Jovem Pan" e o "MTV no ar".

Ao assistir às aulas de história na véspera das eleições deste ano, senti-me imensamente atingida pela declaração do professor: "Todos vocês são analfabetos políticos". Tudo isso porque uma aluna deu a "genial" justificativa de que jamais votaria no Lula simplesmente "porque ele nunca ganhou"(?!). E, como sempre, os "adultos" generalizaram, como se da boca de 100% da classe fosse sair essa "pérola" de resposta.

Não sou uma rebelde sem causa, afinal. É complicado fugir às regras do comportamento atual dos jovens, e ser discriminado por isso. Se um jovem lê algo com mais de uma página que não seja obrigação escolar, é tido como portador de alguma insanidade mental (exceto se ele tiver lido a biografia das Spice Girls). E, nós, jovens que procuramos sair da completa inércia mental, não temos o reconhecimento que merecemos. Um exemplo: nas festas de família, a titia "mais querida" chama a sobrinha: "Vem aqui ver a nova loira do Tchan!". E a pobre responde: "De jeito nenhum, descobri no quarto do tio um vinil do Pink Floyd, uma raridade." Pronto, a garota vira alvo de chacota por meio dos parentes. "Você tem que ser mais normal, querida" é o que alguns dizem, enquanto outros simplesmente rotulam: "Nerd!". Somos doentes, então, e não pessoas sãs.

Pois eu digo que leio sim, que tento saber um pouquinho mais do que me passam e, nem por isso, sofro de alguma síndrome, apenas a do preconceito.

Larissa Gonçalves é estudante do 2o. ano do segundo grau do Colégio Dinâmico.

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