Universo Online
Web Sites Pessoais

Precisa de ajuda em seus trabalhos escolares? Quer ajuda na sua pesquisa bibliográfica? Sem tempo para terminar sua tarefa?

Resenhas de Babel: Cultura, Literatura, Filosofia e outros assuntos chatos

se não encontrar neste artigo, procure em todo o site:

 

Seja bem vindo nosso visitante no.

Número de visitantes auditado externamente. Clique aqui para ver estatísticas.

Resenhas de Babel: Cultura, Literatura, Filosofia e outros assuntos chatos  - euideia.wmf (1622 bytes)

Resenhas de Babel:

Literatura, Cultura e assuntos afins (Atualizada diariamente)

- arquivo - PE01799A.gif (1627 bytes)

Não está encontrando?

Procure em todos os artigos:

 

Eugenia e outras bobagens perigosas
Modesta Proposta: conto de Ficção Científica - Cap I
Ágora Eletrônica ou teletela cibernética
A ilusão do mundo da informação
A pior da ditaduras
Dinossauros, clones e o unabomber
Modesta proposta para uma utopia futurista

 

(em geral a classificação é arbitrária, é preferível usar a busca interna)

Quer ser informado mensalmente sobre novos artigos?

Quer ser informado mensalmente sobre novos artigos?

fale conosco: resenhas@uol.com.br

Fale conosco 

Meu ICQ: 38880420

 


A ilusão do mundo da informação




Alexandre Gomes



É uma premissa básica em todo discurso moderno que hoje se vive no mundo da informação. Um universo no qual jamais houve tanta informação disponível ao homem e do qual a Internet e suas facilidades são o mais visível e citado ícone. Na outra ponta alguns argumentam que todo este acervo de informações só serve para aumentar ainda mais a distância ("o fosso" no chavão que se criou para expor esta visão) entre ricos e pobres, entre os que detém este conhecimento e os que não tem acesso a eles.
As duas visões tem seus partidários e detratores e é fácil armazenar argumentos tanto em função de um como do outro destes argumentos. Porém, de uma forma mais profunda parece que ambos estão errados. Em primeiro lugar, a posse da informação deveria ser medida não em função do acesso a ele, mas do seu uso. Uso este definido não apenas de uma forma instrumental, mas em um sentido mais nobre de capacidade de absorver aquele conhecimento, interligá-lo com outros na mente e aplicá-lo na própria vida para, por fim, produzir algum conhecimento de tipo novo.
Confunde-se este sentido pleno da informação - quase ouso dizer o seu valor de uso - com a simples aquisição do acesso ou posse das informações - por analogia seu valor de troca. O que se faz, então, é apenas consumir informação como se consome qualquer outra mercadoria, ela não é absorvida, aplicada, não modifica nem nossas vidas nem nosso conhecimento, apenas é adquirida.
Quando muito é usada, como os títulos acadêmicos, como um sinal de status, simulacro de uma autoridade que se pretende ter. Mas é evidente que a cultura de uma pessoa não se mede pela quantidade de livros que ela leu - e muito menos pelos belos livros que ela tem enfeitando a estante, porque na Era da Informação os livros voltaram a ser um elemento da decoração de interiores.
Esta cultura só pode ser medida pelo efeito que estes livros tiveram sobre o pensamento de quem os leu. Não faltam por aí ávidos consumidores de livros que lêem as mais importantes obras do pensamento humano sem que isto lhes gere um único pensamento novo. É esta interação que dá o verdadeiro sentido ao acesso à informação, não a sua posse enquanto mercadoria.
A inexistência de uma elite cultural parece ser a suprema marca destes novos tempos, regidos pela exportação dos modelos sociais norte-americanos. Sem uma elite capaz de absorver e digerir toda a informação disponível com um certo grau de erudição estanca-se o processo de produção de informação em seu sentido pleno.
Os demais - operários e white-collars do processo de produção da informação-mercadoria - incapazes de compreender a distinção entre os dois tipos de informação - alienados que estão pela escala industrial da mercantilização do mundo - apenas passam a frente, como se fosse informação, aquilo que é apenas mercadoria a ser consumida.
O efeito disto é claro até mesmo em pretensos meios de elite como os segmentos acadêmicos. Criam-se teorias descartáveis como lenços de papel, destinadas a durar apenas umas poucas estações e serem em seguida substituídas por outras em um processo que não raro destrói ou atraso a produção de conhecimento verdadeiro. Cria-se o fetiche de que basta ser novo para ser bom, assim a teoria nova é automaticamente melhor que a anterior não porque seus modelos explicativos são mais eficientes, mas apenas porque estão na moda.
A cultura do estado-da-arte que domina a Academia é o culto da superficialidade e das modas passageiras. Evidente que com esta sucessão de teorias - algumas válidos avanços do conhecimento, outro meras abstrações oportunistas - alimenta as engrenagens da informação-mercadoria, torna obsoletos rapidamente os livros adquiridos e com isto fomenta a produção e circulação desta mercadoria.
Nunca se consumiu tantos livros no mundo como hoje, mas a essência deste dado mostra o quanto esta estatística é ilusória já que muitos destes livros que são consumidos não o são - como eram antes - pela busca insaciável do conhecimento, mas apenas pelo consumismo exacerbado das modas teóricas.
Mas há outro aspecto deste processo todo que também combate as visões excessivamente pessimistas. Feitos em maior escala, como mercadorias, os livros acabam por tornar-se mais acessíveis, a imensa estrutura criada para disseminar a informação-mercadoria acaba por transmitir também a informação-de-verdade. Isto proque a distinçõa entre uma e outra não está em seu conteúdo propriamente dito, mas na visão que o receptor tem dela e o uso que ele irá fazer.
Com isto acaba-se por dar condições de formaçõa - ou reconstrução - de uma elite cultural que - talvez pela primeira vez na história - não precisará obrigatoriamente ser uma elite também econômica e política. Certamente é uma visão que muitos considerarão demasiado otimista e outros elitista, mas os mesmos meios que banalizam a informação no esforço de desprovê-la de qualquer outro valor senòa o de mercadoria, acabam também por disseminar meios de acesso a ests informações por uma aristocracia do espírito que de outra forma precisaria de imensos recursos para obter este acesso.


Artigos Anteriores

 


 

São Carlos, Terça-feira, 29 de Fevereiro de 2000

1