Defeito ou perfeito?

Vanessa Chaves Vieira

Será que o David de Michelângelo seria tão perfeito se não tivesse sobre um dos joelhos a marca do cinzel com que seu criador pretendeu exortá-lo a falar?

Seria o rosto de Cindy Crawford tão perfeito se não tivesse a pinta que lhe confere a marca da assimetria? E a personagem Lois Lane, seria tão adorável se fosse menos egocêntrica e implicante?

Até a perfeita lógica do universo sofre (ou ganha?) com pequenas alterações. Os astros não viajam sempre na mesma velocidade e, às vezes, ligeiros desvios de suas rotas impedem que eles se choquem com outros corpos celestes.

O que seria da fé sem tudo aquilo que a mente humana não consegue compreender?

Quão grande seria o nosso tédio se em nossas vidas não houvesse espaço para o acaso e o imprevisto!

E o que seria do amor se não houvesse desentendimentos que mostrassem aos amantes, depois que estes os superassem, que se gostam mais do que sabiam?

Além do mais, temos de reconhecer que as melhores pessoas são aquelas que têm consciência de sua imperfeição.

Entretanto, mais intrigante ainda é pensar que feitos à imagem e semelhança de Deus, não seríamos perfeitos seres humanos se, desobedientes, não tivéssemos provado a maçã do conhecimento do Bem e do Mal.

Vanessa Chaves Vieira é estudante do 2o. ano de jornalismo da UFG.

Mande um e-mail para Vanessa Chaves Vieira ou para a direção do jornal.

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