O que nós queremos é nadar de braçada

Vanessa Chaves Vieira

Não é preciso argumentar muito para que todos concordemos que a nossa geração, no Brasil e no mundo, é fortemente marcada pelo individualismo. O que seria difícil imaginar há duas décadas, hoje é uma realidade: somos uma juventude que consegue viver sem uma "ideologia", sem o sonho de mudar o mundo e, conseqüentemente, sem o sentimento de dever militar por isso. É como se, de repente, nos descobríssemos mais realistas ou, como preferem alguns, mais conformistas.

Também no meio da comunicação e nos profissionais e acadêmicos que nele atuam, houve uma mudança de mentalidade. Os novos jornalistas não são mais os intelectuais da sociologia, mas pessoas que, inegavelmente, têm ambição pessoal. E quem pode nos condenar? Aprendemos com a televisão a enxergar o mundo em flashes de dois segundos e a concebê-lo transitório. Não podemos perder tempo. Queremos mudanças, sim; mas não tão demoradas que não possamos vivenciá-las. Estamos mais preocupados com o que podemos mudar aqui e agora: queremos uma fiscalização mais eficiente nos laboratórios e farmácias, conscientização sobre sexo seguro e uma melhor administração do dinheiro público. Queremos cobrar e assegurar os direitos que já conquistamos. Achamos que o nosso dever é o de denunciar, e se o fizermos num órgão de grande expressão, melhor ainda.

Para a nossa geração, ter sucesso profissional não significa nos vender ao sistema, mas chegar aonde almejamos por nossa competência. Quem disse que a competição capitalista não permearia a nossa área? Se existem monopólios mediáticos, a saída é fazer parte deles – o que não significa que sejamos antiéticos ou que estejamos dispostos a comercializar nossa moral.

É essa a marca da nossa juventude: nossos valores, por mais rígidos que sejam, não nos foram impostos por compromissos sociais, são uma opção. Nosso compromisso é o de sermos felizes, e se pudermos fazer os outros felizes também... isso sim é nadar de braçada!

Vanessa Chaves Vieira é estudante do 2o. ano de jornalismo da UFG.

Mande um e-mail para Vanessa Chaves Vieira ou para a direção do jornal.

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