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Resenhas de Babel: Cultura, Literatura, Filosofia e outros assuntos chatos

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O evangelho segundo Prometeu




Alexandre Gomes

"A ciência é o conjunto dos métodos matemáticos e experimentais que permitem ao homem prodigioso domínio sobre a natureza. O Cientificismo é o conjunto das superstições que pretendem explorar o legítimo prestígio desses métodos para por meio deles explicar, ou negar, todas as outras dimensões da vida" (Garaudy, Apelo aos Vivos)

A mentalidade ocidental é densamente povoada de preceitos derivados de uma Síndrome de Prometeu, em especial quando se trata de analisar as relações entre ciência e religião - talvez o mais popular falso debate da história da humanidade. Tal como Prometeu, o cientista é visto como o personagem que rouba o conhecimento dos deuses para dar aos homens e com isto melhorar a vida deles.
A mais popular faceta deste Evangelho segundo Prometeu é a noção que o avanço das ciências aos poucos vai conseguindo explicar o universo e roubando terreno às explicações religiosas. O eixo central desta crença é a de que as religiões servem apenas como uma explicação "precária" do mundo, para tentar explicar aquilo que o homem ainda não é capaz de entender.
No limite esta "teoria prometeica" largamente difundida no senso comum leva a religião a desaparecer no dia que o homem "compreender" tudo ou no máximo a um distante e permanente exílio nalgum limite extremo do universo tão inalcançavel como a Santa Helena de Napoleão.
Há ainda outro sentimento a confundir este Evangelho Prometeico que tentam nos vender como ciência - portanto verdade absoluta e incontestável (quase arrisco a escrever dogma) - que é o da "revanche" contra a religião. De um lado associando os ideais religiosos aos desvios de sua prática - em especial a Inquisição - vêem em Galileu a personificação material do titã acorrentado diariamente atormentado por um abutre que lhe rói o fígado.
Como todas as crenças religiosas fundamentalistas, o cientificismo precisa então clamar pela vindicação de seu mártir e vingar-se nas fés que pouco ou nada tem a ver com o episódio de Galileu e manos ainda com a de Prometeu, figura mítica com a qual o cientista-sacerdote tenta se identificar. Ao mesmo tempo, numa analogia eficiente porque óbvia, tentam recriar a velha imagem de um reino de luz - comandado por eles - frente a um reino de trevas comandados pelos adversários.
Falta uma definição precisa do que seja religião, mas praticamente todas elas circulam em torno de um conceito que determina o que é sagrado e o que é profano. Por estas conceituações este cientificismo seria perfeitamente uma religião, tanto por uma distinção óbvia que restringe o sagrado ao nada, ao muito pouco ou ao irrelevante, como por uma distinção sacro-profano mais sutil no qual o sagrado é o conhecimento pretensamente científico e o profano são as crenças religiosas.
Nas palavras de Garaudy: "o cientificismo é a crença de que tudo quanto não é redutível, sem resíduo, ao conceito, à medida e à lógica carece de realidade". De forma sutil, mas difícil de questionar, está aí uma definição de sagrado e profano tão diferente quanto similar à das outras religiões.
Embora haja muita coisa de questionável nas afirmações de Garaudy, ele parece estar certo ao afirmar que este cientificismo tem ele sim a função de "ópio do povo" já que aliena as dimensões subjetivas do homem de seu "mundo real". Ainda mais séria é a consequência extrema desta alienação que é a eliminação da reflexão sobre os fins, que é impossível de ser concebida dentro dos marcos do assim chamado "pensamento científico".
Talvez só isto falte para que a caracterização do cientificismo como religião seja completo, mas isto Não significa que esta reflexão sobre as finalidades não exista, ou mesmo que a negação da busca de finalidades não seja ela própria uma "teoria das finalidades".
Para quem faz a bomba atômica a despreocupação com as finalidades deixa o cientista de consciência livre para cometer barbaridades, tal como a crença na falta de um caráter verdadeiramente humano nos infiéis permitia que cruzados e muçulmanos se matassem sem sentir que faziam algo de errado e contra os princípios das duas fés.



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São Carlos, Terça-feira, 29 de Fevereiro de 2000

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