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Meus caros Formandos:

Muito agradeço a honra e o estímulo que vocês me dão, ao incumbir-me do Múnus de Patrono de Turma. Posso dizer, diante da unanimidade que diz respeito ao peso terrível deste ano que passou, que, pelo menos, duas coisas boas ele me trouxe: o nascimento de Carlos Eduardo, filho primogênito com o qual sonhei por mais de 30 anos e a homenagem que vocês aqui me prestam.

Não pensem, porém, que estou aqui a fazer demagogia, que não é do meu feitio; nem a “rasgar seda”, coisa na qual nós teutônicos somos um completo fracasso. Quando enalteço a homenagem que vocês hoje me prestam, me vai no coração que ela é o epílogo de uma era, é o apagar das luzes de um tempo, é a cortina cerrando o derradeiro ato.

Despedimo-nos de um tempo em que, apesar das mazelas do ensino fundamental, das lacunas do ensino médio, na Universidade ainda se podia encontrar as condições propícias para a produção e a aquisição do conhecimento. Mesmo que aqui e ali se encontrassem alguns mestres passíveis de críticas, quer por suas idéias, ou por suas posturas, ou pelo se temperamento; duas coisas, entretanto, escusavam este fato: o ecletismo de uma Universitas e o contrapeso daqueles mestres que fizeram do magistério o sacerdócio de sua vida.

Desta Universidade com vocação sacerdotal vocês são o fecho, meus caros formandos. Quem não se lembra das palavras do Presidente da República, quando das recentes greves nas Universidades Públicas: “Professor é aquele que não conseguiu coisa melhor para fazer na vida!”. Silente ficou a sociedade, mudos quedaram-se todos diante do absurdo que foi dito... E neste silêncio que passou a reinar, vejo meus colegas discretamente passando a se dedicar a tais coisas melhores do que o sacerdócio docente. Por isso é muito importante marcar desde já: Esta turma que hoje se gradua é de um tempo em que muitos se obstinaram e lutaram para fazer chegar até vocês o melhor conhecimento que vocês hoje levam consigo.

Que metamorfose é esta que está se descortinando na Instituição onde todos nos abeberamos do nosso conhecimento? “Prevejo uma sobrevida de, no máximo, 5 anos para as Universidades Públicas”, são palavras do Ministro Paulo Renato, da Educação, em agosto-setembro de 2001. “Pesquisa é pura perda de tempo, serve para intelectuais ficarem trocando cartões de visita entre si”, são palavras de um Reitor em entrevista publicada pelo jornal Folha Dirigida, em edição comemorativa ao dia do Professor. Aliás, nesta mesma entrevista ainda se acrescenta: “Não me interessa o Brasil, não me importa a Sociedade, o que me interessa é a minha Universidade”. “Os alunos são uma dádiva de Deus!”, disse a nossos colegas a superiora de uma Universidade que, sistematicamente, deixou de remunerar aos seus Professores. Outra Instituição, conforme noticiou o Jornal O Globo, não permite que seus Professores usem os mesmos portais de ingresso que os alunos; os mestres estão obrigados a ingressar por um acesso de serviçais, subalternizando-se aos consumidores, digo, alunos. Tornou-se, infelizmente, comum para o Professor ver descumprido o art. 495, § 1º da CLT, são corriqueiras as ameaças vindas de todos os lados, a que estamos expostos.

Meus caros Formandos: o que nos resta fazer diante de tudo isto? O que nos resta senão o reconhecimento dos nossos discípulos, quando estes percebem o quanto se tem feito para quebrar o nosso élan? E aqui voltamos ao ponto de onde encetamos estas considerações: Infelizmente, também, o reconhecimento é virtude rara no mundo em que vivemos. Por isto sou tão enfático ao agradecer a este estímulo e reconhecimento que vocês nos trazem com sua homenagem.

Olho para vocês, meus caros Formandos e me lembro de quando nos conhecemos, na época em que eu ainda ministrava História do Direito ao Primeiro Período. Diante de mim vi moças e moços de escol, porém, ainda em estado bruto, com praticamente tudo por construir. Recordo-me de vocês ao longo do Curso, nas vezes em que conversamos pelos corredores, nas vezes em que sentei na escadaria com vocês, para descobrir a razão das lágrimas, do abatimento; ou em que a vitória e o sucesso obtidos por vocês me deixaram radiante por dias sucessivos. Hoje posso dizer que já nestas ocasiões percebia o quanto cada um de vocês havia se desenvolvido no entretempo. Posso dizer ainda que, aos nos despedirmos no final do Curso, na cadeira de Direito Internacional Público, quando pude, graças a Deus, dizer a tantos de vocês que seu trabalho estava excelente, o fiz com convicção pessoal e, embora não o tenham percebido, o fiz também com um afeto quase paternal...

Despeço-me de vocês, caros novos colegas juristas com a convicção de que muito em breve encontrá-los-ei exercendo destacadamente suas funções e exercendo funções de destaque.

Quanto a mim, já que, como diz nosso Presidente, não encontrei coisa melhor para fazer na vida, permitam-se que lhes dê para a caminhada que vocês hoje encetam, uma oração tão simples, mas tão simples, que é conhecida até mesmo por um professor destes novos tempos:

 Senhor,

Fazei de mim um instrumento

De vossa paz!

Onde houver ódio, que eu leve o amor,

Onde houver ofensa,

Que eu leve o perdão,

Onde houver discórdia,

Que eu leve a união,

Onde houver dúvida,

Que eu leve a fé,

Onde houver erro,

Que eu leve a verdade,

Onde houver desespero,

Que eu leve a esperança,

Onde houver tristeza

Que eu leve a alegria,

Onde houver trevas que eu leve a luz!

Ó Mestre,

Fazei que eu procure mais

Consolar que ser consolado,

Compreender que ser compreendido,

Amar que ser amado.

Pois é dando que se recebe,

É perdoando que se é perdoado,

E é morrendo que se vive

Para a vida eterna!

 

Muito Obrigado e felicidades a todos.


 



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