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Magnífico Reitor, Professor Candido Mendes, Senhores Pais, nobres colegas homenageados, Senhoras e Senhores,

Meus caros formandos:

 É uma grande honra que me dá a turma do turno da noite ao incumbir-me do munus de paraninfá-la. De alguns de vocês me recordo como jovens, todos pimpões, recém-ingressos na Universidade, com aquele jeito de "Mundo, aqui estou eu". Já a outros conheci durante o Curso de Direito, naquelas cadeiras de meio-de-curso, a meio caminho dos formandos que, hoje, arregaçam as mangas para enfrentar de frente a vida. A outros, finalmente, somente tive o privilégio de conhecer nos momentos derradeiros do Curso de Direito, parcialmente confiantes pelo caminho já percorrido, parcialmente preocupados com este Professor tido pelos alunos  como "Heavy Metal". De todos vocês e de cada um de vocês isoladamente posso dizer que guardo a certeza das melhores expectativas quanto a seu perfil profissional, humanístico e humanitário, em todos vocês depositamos as nossas esperanças por um trabalho solidário na construção de um mundo melhor.

Mais significativo, ainda, é o gesto de vocês pelo momento em que ele se manifesta: ingressamos em um novo século, vivemos já em um novo milênio. Este não poderia deixar de ser um momento de reflexão sobre a bagagem que trazemos conosco e sobre os desafios dos novos tempos que chegaram.

Há quem diga que o século do qual estamos nos libertando teria sido  especialmente marcado por duas influências nefastas: a influência de Albert Einstein e a Influência de Sigmund Freud. Ao proclamar que "tudo é relativo", teria Einstein não somente relativizado as percepções da natureza no plano das ciências exatas e naturais, mas teria contribuído para que se passassem a relativizar também aos valores, as condutas, e o que é pior: a própria ética. Ao apreciar o universo de influxos que moldam a psique do homem, teria Freud nos levado a crer que os culpados são sempre os outros - se não consigo me livrar do cigarro é porque minha mãe não me amamentou direito, se sou rabugento é porque meu pai foi áspero comigo na infância, e assim por diante. Enfim, tudo, mas tudo mesmo é relativo e... a culpa de tudo sempre é dos outros, esta parece ser a síntese do momento pelo qual acabamos de passar.

Certamente cada um de vocês, meus caros formandos, teria ainda um extenso rol de críticas a acrescentar a esta herança que as novas gerações recebem. Mas, vamos guardá-las em nossas reflexões, afinal, o mote do dia é outro.

O que poderia ser mais oportuno para o momento e para o evento do que as Seis Propostas Para o Novo Milênio, já vislumbradas pelo falecido poeta Ítalo Calvino em suas conferências do ano letivo de 1985 na Universidade de Harvard? Suas seis propostas para o novo milênio são aquelas virtudes que desejamos trazer em nossa bagagem para esta nova era. Creio que suas propostas são um mote significativo também para nós profissionais da área jurídica.

Devemos, assim, destacar:

A Leveza,

A Rapidez,

A Exatidão,

A Visibilidade,

A Multiplicidade e

A Consistência.

O sentimento de justiça de um povo deve pairar acima dele, com a leveza de um ideal elevado, nunca pode ser um inamovível sarcófago sepultado nas catacumbas.

O Direito deve ser ágil, levando seu socorro rápido a quem dele precisa, nunca um ser paquidérmico que se arrasta penosamente pela savana das ilusões perdidas.

Nossa ação deve ser cirurgicamente exata, porque em nossas mãos se deposita o que a sociedade e os indivíduos têm de mais precioso: sua liberdade, seus valores civilizatórios, sua crença no certo e no justo, sua esperança, sua paz.

Nosso trabalho deve ter a visibilidade de uma manhã ensolarada, diáfana - deixemos os dogmas aos teólogos, repassemos aos místicos as razões ocultas, deixemos aos arqueólogos os labirintos subterrâneos.

Nosso entendimento deve ter a multiplicidade condizente com a complexidade do conhecimento que hoje opera um conhecimento que  é quase-holístico.

Devemos, por fim, ser consistentes. Não só em termos de conhecimento da técnica procedimental, consistentes mais do que tudo em fazer convergir nossos atos e nossas convicções. Nesta profusão de pessoas que a cada ano se lançam ao mercado de trabalho, é a consistência profissional, pessoal e ética o grande diferencial entre o rábula mercenário e o Jurista verdadeiro.

Vocês são nossos novos colegas, caros Formandos. São novos companheiros nesta caminhada por um mundo melhor, um mundo em que há valores mais elevados, que não se relativizam; um tempo em que cada um de nós responderá por seus erros e por seus acertos, sem a singela transferência das culpas. Que as propostas de Ítalo Calvino iluminem a caminhada que vocês hoje encetam. E se algum mote posso dar aos Juristas que aqui iniciam sua jornada, sugeriria que lembrassem do velho Dörner, numa noite quente do então já distante ano de 2001, a dizer:

Diante da crescente exclusão, a ética e a verdadeira justiça são as derradeiras barricadas do Humanismo.

Portanto, às barricadas, caros jovens! E já!

Parabéns a todos e Felicidades! Muito Obrigado.


 



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