PROJETO AO SUL DO CHUÍ |
Trecho 3 - Pela Costa Atlântica (Punta Del Diablo - Punta Del Este)
Na manhã seguinte, perdemos a hora, pois o tempo, que estava completamente fechado, nos enganou. Tomamos café da manhã e notamos que estava começando a chover. Como a chuva não era das mais assustadoras resolvemos seguir em direção a Águas Dulces. Quando entramos novamente na Ruta 9 a chuva deu uma apertada. Pelo menos não tinha vento... Estávamos usando capa de chuva, mas nossas calças não foram poupadas e logo estavam encharcadas. Os tênis e meias foram os próximos. Estávamos com bastante frio quando chegamos a La Esmeralda, um vilarejo que ficava entre Punta Del Diablo e Águas Dulces. Resolvemos parar para procurar um supermercado para comprar uma garrafa térmica e chá!! Estávamos virando uruguaios? Eles sempre andam com uma garrafa térmica debaixo do braço e uma cuia na mão. A todos os lugares que se vá é possível comprar água quente para abastecer a garrafa. O chá quente e alguns saquinhos de supermercado colocados no pé (que já estava com meias secas) trouxeram grande alívio e pudemos seguir. Aliás, o frio continuava mas a chuva tinha dado uma trégua. No caminho havia outra cidade, Castillos, onde paramos para tomar um lanche e nos aquecer com nosso recém adquirido chá. De Castillos a Águas Dulces foi uma delícia. O vento, pela primeira vez estava a nosso favor! Chegando em Águas Dulces descobrimos que nenhum hotel estava aberto , portanto teríamos que alugar uma cabana. As que encontramos eram muito boas e limpas. Pertenciam a Prefeitura do vilarejo e eram cuidadas por uma senhora extremamente simpática. Águas Dulces é um lugar muito, muito pequeno. Lembra uma vila de pescadores. Não pudemos ver muita coisa pois havia uma neblina tão forte que escondia tudo. Compramos o suficiente para fazermos uma pizza, uma sobremesa e um bom café da manhã (o que é bem difícil de se achar por aquelas bandas), tomamos um banho bem quente e fomos dormir.
Acordamos cedo, tomamos café da manhã e seguimos para Cabo Polônio num ótimo ritmo, pois nosso amigo vento tinha ido ventar em outra freguesia (por pouco tempo, é claro). Chegando em Cabo Polônio, saímos uns 500 m da estrada e encontramos uns galpões, alguns cavalos e caminhões 4x4. Um homem veio falar com a gente e explicou que, para se chegar a praia e ao local onde estão os lobos marinhos, era necessário passar por 8 km de dunas. Fácil para um 4x4, mas bem complicado para duas bikes bem carregadas. Optamos pelo 4x4! Por US$10,00 o homem nos levou até a colônia de pescadores, bem próximo ao local onde estão os lobos marinhos. A praia é linda e deserta. Na vila há apenas umas 50 casas. Tudo muito tranqüilo. Os lobos marinhos ficam perto da costa nadando ou então deitados em cima das rochas e é possível chegar bem perto deles. Procuramos não nos aproximar muito para não perturbá-los, visto que estávamos "invadindo" a casa deles. São animais grandes, gordos e que curtem um belo banho de sol (pelo menos foi o que nos pareceu). Voltamos, pegamos as bicicletas e "almoçamos" sentados na beira da estrada. Continuamos sentido La Paloma, agora com a companhia de nosso amigo Vento. Foram 40 km com uma linda paisagem, mas que pareceram 80 por causa da força do vento. Chegar em La Paloma compensou o esforço, pois é uma cidade bonita e acolhedora e tem o mais lindo pôr do sol que já vimos. As pessoas da cidade e do hotel (em La Paloma havia hotéis abertos) foram muito legais com a gente. Caminhamos bastante pela cidade, que também é pequena, jantamos muito bem e dormimos melhor ainda.
A região de La Paloma apresenta uma peculiaridade geográfica, que cria uma dificuldade viária. A cidade está à beira mar e muito próxima a uma lagoa imensa - Lagoa de Rocha. Existe, porém, um ponto onde, eventualmente, as duas se encontram formando um canal. As pessoas da região (pelo menos as pessoas com as quais conversamos) não sabem explicar em que situação esta ligação ocorre - se é por causa da maré, das tempestades, etc. - só sabem dizer que hora a lagoa invade o mar, hora o mar invade a lagoa, o que dificulta a construção de uma ponte. Isto significa que a estrada que estávamos seguindo e que nos levaria a Punta del Este terminava em La Paloma e recomeçava em José Ignácio. Na verdade, ela recomeça logo após a junção, porém, para se chegar até lá, é necessário encarar vários quilômetros de areia fofa. Portanto, mesmo que o mar e a lagoa não estejam unidos não é possível passar de carro - só de bike!. Conversamos com o dono do hotel (que foi muito legal conosco), e ele nos disse que, provavelmente, a lagoa e o mar estavam separados. Isso significava que poderíamos passar. Ele nos aconselhou conversamos com a guarda municipal, que também informou (sem muita certeza, é verdade), que daria para passar. Para chegar até o lugar "pedalamos/empurramos" as bicicletas por 15 km. Primeiro à beira mar. A praia era maravilhosa e o céu estava claro. Depois as dunas esconderam o mar e passamos a ver a lagoa. Linda e calma, cheia de aves... O lugar era paradisíaco.
Cynthia na Lagoa de Rocha
Porém, estávamos um pouco ansiosos para chegar onde elas se juntam para ver se poderíamos ou não passar (se não pudéssemos, teríamos que retornar até La Paloma pelos mesmos 15 km de areia fofa!!). Chega-se num ponto, onde já é possível ver o mar à esquerda e a lagoa `a direita. Salvo por algumas casinhas de pescadores (quatro ou cinco), é tudo deserto. É difícil descrever a beleza do lugar. Fomos nos aproximando do lugar onde eles se juntam e parecia que dava para passar. Estávamos exultantes. Só que mais para frente, logo após uma duna, vimos que os dois estavam ligados por um canal, que parecia fundo. O mar entrava com bastante força para dentro da lagoa. A imagem era linda, só que para nós um pouco desoladora. Tentamos recuperar o bom humor pensando que tínhamos tido a oportunidade de conhecer um lugar maravilhoso e que poucas pessoas conhecem. Voltamos pela mesma areia, onde, aliás, a Cynthia caiu e a garrafa térmica (nossa salvadora nos momentos de frio) se espatifou. Chegamos em La Paloma na hora do almoço. Aproveitamos para trocar dinheiro no banco, almoçamos e seguimos para Rocha. Pegamos uma estrada com um pouco mais de movimento, cheia de subidas e descidas. O sol estava bem forte. Rocha é uma cidade um pouco maior do que as tínhamos visitado até então. Ela é a capital do Estado em que estávamos e parece parada no tempo. As construções são todas antigas e preservadas e há um clima na cidade que parece que estamos há um 60 anos atrás. Andamos por quase toda a cidade para conhecê-la e para encontrar um restaurante. Comemos e fomos dormir.
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Seguimos, na manhã seguinte, pela Ruta 9 e, na altura de José
Ignácio, pegamos uma estrada de terra (a primeira da viagem) em direção
a Ruta 10. José Ignácio é um balneário chiquérrrrrrrrrimo, muito
sofisticado, com casarões enormes e lindos. Paramos para comer e
preferimos comprar comida em um mercado a encarar um restaurante no estado
que nos encontrávamos (dentro dos restaurantes só gente também
chiquérrrrrrrrrima). Como ainda tínhamos gás resolvemos continuar.![]() |
Oswaldo pedalando na Lagoa de José Ignácio
Fomos pedalando, pedalando, pedalando (sabe aqueles dias que rendem?) e quando percebemos tínhamos os prédios de Punta Del Este a nossa frente. E isso só estava planejado para acontecer no dia seguinte!! Começamos a entrar em uns balneários muito bonitos, com casas ainda maiores que as de José Ignácio, com bastante comércio, lindas galerias de arte, gente bonita. Havíamos chegado na parte chique do Uruguai. Resolvemos ficar em La Barra, um balneário há 10 km de Punta Del Este, pois acreditávamos que lá encontraríamos hotéis mais baratos que em Punta Del Este (não foi exatamente o que aconteceu mas tudo bem...). Pedalamos 92 km neste dia.
Tomamos um banho bem gostoso e fomos para Punta Del Este. É uma cidade grande, cheia de prédios, lojas famosas, cassinos, bons restaurantes, gente bonita e agito. Tem uma escultura de um mão na areia que é muito interessante. Passeamos bastante por lá e voltamos para La Barra para dormir, pois estávamos mortos de cansaço.
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