22:08 21-08-2000
Chamamos o estafêta de manhã. Aí no Brasil teríamos chamado um motoboy (ou um cachorro louco, depende de quão longe dos jardins você foi criado). Estou meio cansado e o dia não rende muito (êta povo pra gostar de uma prosa!) Vamos almoçar perto da Praça dos Restauradores, onde me levam a conhecer o «melhor frango assado de Lisboa» (realmente muito bem temperado), no Bom Jardim
, na Travessa de Santo Antão. Experimento a pimenta típica daqui, o piri-piri, que vem num potinho com pincel para espalhar no frango. Forte e boa.Estou motorizado! Recebi as chaves de um Clio azul marinho que já passou na mão de todo mundo na empresa. Cool! Não que eu vá usá-lo muito, mas é que os fins de semana fora da cidade estão garantidos. Para se dirigir aqui, sendo brasileiro, basta ter o RG e a carta de motorista. As simple as that.
Nada mais digno de nota para a página hoje, a não ser que tudo parece perto por aqui e que esqueci de contar que ontem pude ver o Castelo de São Jorge, do Miradouro de São Pedro (Rua São Pedro de Alcântara), no alto do funicular da Calçada da Glória (lá embaixo, a Praça dos Restauradores — tudo perto, eu disse). Imponente, merece uma visita, e me deixou meio puto por ainda não ter comprado a máquina fotográfica. Aliás, lá pelas tantas, durante o filme de ontem, baixo os olhos e as legendas dizem «Esse é o Puto de Xangai!!», The Shangai Kid! Confirmo hoje: «putos» são os «miúdos», ou seja, os meninos... E «puta» é extremamente ofensivo, ninguém diz isso por aqui, a não ser pra ofender de verdade. Atenção, paulistanada, essa nossa mania de falar que é «puta legal», puta isso e puta aquilo pode nos colocar em enrascada.
Um dos funcionários da nossa área de marketing quer levar o turista aqui à Alfama, conjunto de vielas e escadarias entre o Castelo de São Jorge e o Tejo, lugar de vida noturna da cidade. Lá, diz ele, vamos jantar num restaurante bom e, quem sabe, ir a uma casa de fado. Bora lá, ainda estou na fase de programas de turista, mesmo…
O Portugal Urgente vai dar um tempo na periodicidade. Essa história de escrever todo dia virou obsessão e eu estou dormindo muito pouco (além do quê, escrever em laptop´s a pain in the ass, pardon my French). Vamos ver se faço isso semanalmente. Se a vontade for incontrolável — ou se acontecer algo digno de nota —, eu coloco novidades durante a semana.
Quem quiser ser avisado das atualizações, dá-me um toque.
P.S.: A música que fechou o dia de ontem se chama Misty e é de autoria de Erroll Gardner (música) e Johnny Burke (letra). Tenho uma versão interpretada pela Ella Fitzgerald que arrepia até o cético dos céticos. O CD (Something to Live For) ficou em São Paulo (puta saudade, belo), mas descobri que eu havia gravado num MD. Escutar essa música no Miradouro de São Pedro, sem estar esperando, foi dose pra leão. Eu tinha que desabafar…