terça e quarta-feira — 22 e 23.8.2000

2:52 24-08-2000

A terça e a quarta-feira correram solidificando a rotina. A reunião da manhã de terça me levou a conhecer Algés, um bairro para além de Belém, em direção a Cascais. A empresa ficava na Doca Pesca, uma doca, mesmo, mas que aluga salas comerciais. Reunião à beira do Tejo, com direito a um cheiro forte de peixe.

Almoçamos depois num restaurante italiano das Docas, cuja comida nada tinha de especial, a não ser o preço. Preciso descobrir onde há um restaurante mais popular. Aprendo que «à borla» quer dizer «grátis», e que eles chamam carpete de «alcatifa» — meu cabelo, diz-me Rita, do Marketing, parece uma alcatifa. Whatever.

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Quarta me levam a um restaurante/café bem bonitinho, chamado Bom Diaveja foto (Rua Rodrigues Sampaio, esquina com a Rua Barata Salgueiro). Vendem-se livros nesse café, um point meio cool, meio cabeça. Deve ferver no happy hour.

Fazem-me provar o Bacalhau à Brás. O primeiro prato de Bacalhau que como em Portugal (o país que mais consome o produto no mundo, garantem). Feito com o peixe desfiado, batata palha, ovos, cebolas e salsinha, é realmente muito gostoso. Aceito a sugestão da garçonette e como uma Delícia de Nata e Chocolate que não faz juz ao Bacalhau. Explicam-me, finalmente, que o couvert por aqui é cobrado pelo que se consome. Se você não tocar nos pãezinhos, queijos, pastas de peixe e manteiga que eles colocam na mesa, não paga.

À tarde, contam-me que por aqui ainda passa o desenho do Meteoro, conhecido no Brasil como Speed Racer. Descubro também, que os táxis verdes e pretos são apenas mais velhos que os beges. A pintura que os identifica mudou.

Uma coisa que não se diz é que o «jeitinho» vem daqui. Os brasileiros só aperfeiçoaram e elevaram-no ao status de contravenção.

Estou trabalhando no flat, em frente à TV ligada. Aqui passa Sai de Baixo, e a empregada do seriado acabou de mudar da Gimenez para a gaúcha sem graça cujo nome não me lembro. Eu já não assistia há muito tempo e não me lembrava de como isso é ruim. Nunca subestime a capacidade de consumo de porcaria do ser humano, é verdade… O canal que transmite o programa é o SIC, que tem participação acionária da Globo. Ainda há a RTP1 e RTP 2, canais do Estado, mas sem a qualidade de uma TV Cultura. Eles têm uma mania muito legal aqui: não dublam os filmes e programas gringos, sempre colocam legendas. Passa também aqui a novela da Vera Fischer e do filho da Marília Gabriela (é esse mesmo, The Boy). Quanto mais eu rezo, mais assombração aparece.

Chega de TV. Já não assistia no Brasil, por que aqui?



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