Uma revolução de verdade

Giordano Maçaranduba

É fato concreto que a esquerda está chegando ao poder nesse final de milênio e que tende a se consolidar no início desse tão próximo milênio. Eu só gostaria de, como pobre mortal, mas um mortal petulante, fazer algumas recomendações à esquerda, se não implorar:

- Primeiro, o caminho mais rápido quase nunca é o melhor. É certo que a vitória do proletariado só se dará por revolução, mas não adianta apressar uma revolução, ou quando em curso acelerar o seu funcionamento.

- Segundo, uma elite, seja qual seja não pode existir após uma revolução, se preciso, é necessário até eliminá-la. Pois quando existe uma elite, volta a haver privilégios e exploração.

- Terceiro, e complementar às duas anteriores, uma revolução deve ser precedida pela plena discussão, pleno estudo das condições e pelo pleno esclarecimento da classe revolucionária. Uma revolução feita com uma massa de manobra não muda nada. Os problemas devem ser atacados pela base. 

- Quarto, não adianta provocar-se uma revolução e se criar uma elite para comandar, por isso deve haver ou ser criada uma democracia de base sem nenhuma etapa anterior. Pode ser muito complicado governar uma nação após uma revolução, mas é muito mais difícil ter uma democracia real num estado que impõe e não ensina.

- Último, o Estado deve ser aniquilado o mais rápido possível pois ele é o grande perpetuador de todas as desigualdades. O Estado sempre foi e sempre será o instrumento de controle de alguns, que podem até se diversificar e se expandir numa verdadeira revolução comunista (ou socialista como dizem os mais pudicos ou medrosos), mas nunca será instrumento de todos. A máquina estatal é por natureza restritiva.

Eu acho que qualquer povo que seguir minimamente essas recomendações ou que for temeroso do despotismo seja da burguesia, seja das novas classes revolucionárias e que amar a igualdade e a equidade fará a ultima revolução. Uma revolução definitiva. 

Giordano Maçaranduba é jornalista formado pela UFG.

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