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Artigo de hoje

Estamos livres do holocausto nuclear?


Alexandre Gomes

"Que fique bem claro: optar pela energia nuclear é preparar o gulag" (Roger Garaudy, Apelo aos Vivos)

O desmoronamento, ou implosão, da União Soviética foi saudado, entre outras coisas, como o alvorecer de uma Nova Ordem Internacional na qual o holocausto nuclear já não era mais um risco permanente, um mundo no qual não corríamos o risco de acordar numa realidade na qual "os vivos invejarão os mortos".
O diplomata francês Philippe Delmas analisa em seu livro "O Belo Futuro da Guerra" o paradoxo de só a "garantia de morte certa para todos" foi capaz de manter um baixo nível de conflito durante a guerra fria. Da mesma forma paradoxal, só quando finalmente se resolveu tratar do desarmamento e da redução da Máquina do Armagedon a resistência à ameaça nuclear chegou a um nível insuportável para os governantes.
Delmas avalia que isto aconteceu porque em se tratando de uma "guerra nuclear limitada" os formuladores de políticas passariam a ter de escolher quem iria ser pulverizado, quais regiões seriam fadadas à morte nuclear. Isso parece ter dado mais materialidade à resistência nuclear pois seu poder e inquestionalidade vinha da sua "destruição total", a partir do momento que o pavor tornou-se limitado e referencial, ampliaram-se as tensões.
Mas há outro angulo mais sério a respeito disto tudo, que é o controle militar sobre esta máquina de destruição. O filme clássico "Dr. Strangelove", fala bastante da incapacidade dos militares de lidar com a tecnologia nuclear de destruição. No filme um general decide rebelar-se e promover um ataque nuclear à União Soviética iludindo sua equipe com o discurso que é um ataque de retaliaçõa e que as maiores cidades americanas já foram destruídas.
Tal como um personagem saído do filme, um general americano protesta contra o plano de ataques limitados de Robert McNamara - secretário de Estado norte-americano - em 1960 com o seguinte discurso: "Se, no final das contas, ficarem apenas um russo e dois americanos, nós teremos triunfado".
A paranóia nuclear dos militares americanos estava bem próxima de preparar o holocausto como demonstra Delmas. Uma das principais estratégias dos militares para isto foi limitar ao máximo qualquer grau de controle sobre a operação de um guerra nuclear. À liderança civil americana ou soviética - diz Delmas - restaria muito pouco além da decisão de iniciar o conflito, todo o mais seria desencadeado por uma cadeia de decisões militares, geralmente com a liderança incomunicável.
Como na 1ª Guerra Mundial, quando a dimensão da catástrofe foi impulsionada mais pelas planilhas de engajamento das forças em conflito que por motivos concretos (Áustria e Rússia, únicas nações efetivamente em guerra com um motivo - ainda que fútil - foram as últimas a se mobilizar uma contra a outra, como destaca Kissinger), o holocausto nuclear seguia mais uma rotina burocrática dos militares que a qualquer princípio estratégico e menos ainda político.
O próprio controle do processo em si era mantido pelos militares em planos extremamente complexos para qualquer anaslita externo poder tomar decisões rápidas - incluindo aí o presidente americano (e no campo soviético provavelmente a questão era semelhante).
Também se criava uma escalada de alvos sem precedentes. Delmas menciona que de 300 alvos no início da década de 50 se chegou a mais de 50 mil em meados de 80. O suficiente não só para aniquilar a URSS, mas para tornar a vida no planeta insuportável.
Existe hoje a ilusão de que este risco está afastado, talvez esta ilusória tranquilidade nos seja necessária para ir vivendo, mas de forma alguma ela é verdadeira. A primeira razão de preocupação é a instabilidade da ex-União Soviética, cujo destino ninguém é incapaz de prever com exatidão. Delmas e Kissinger temem o renascimento da vocação imperial russa, que certamente seria ainda menos responsável e confiável que o velho controle comunista.
Este renascimento certamente trará riscos de novos conflitos nucleares, com o Leste Europeu e a Ásia Central na mira principal e consequências mais ou menos imprevisíveis. Mas o contrário deste renascimento é também assustador, pois implica numa desintegração tal do Estado que será fácil aos terroristas das mais variadas tendências (ou melhor dizendo, demências) montar aparatos nucleares ou comprá-los prontos no mercado negro.
Monta-se uma bomba atômica de razoável poder de destruição com 3 ou 4 quilos de plutônio comum, roubados de usinas civis, garante Garaudy. Nos Estados Unidos, entre 68 e 76, ainda citando Garaudy, sumiram 542 quilos de urânio enriquecido e 39 quilos de plutônio. Quanto sumiu e vai sumir na Rússia neste anos de caos é uma estimativa arriscada.
Há igualmente o risco contrário, o de uma militarização tal da sociedade, um "eletrofascismo" a serviço da energia nuclear cujos efeitos seriam quase tão devastadores como o holocausto. Nunca se esquecendo do pdoer, inclusive econômico, das usinas nucleares particulares (não pensem que a Usina de Springfield dos Simpsons é uma exceção), para silenciar sobre suas falhas e inseguranças, bem como seu poder quase de vida e morte sobre suas comunidades.




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São Carlos, Terça-feira, 29 de Fevereiro de 2000

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