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Ainda pode haver esperança?

 


Alexandre Gomes

"De cinco anos para cá, a utopia jurídica está no auge; a que país, a que nação, a que minoria ela acrescentou Paz? Estes cinco anos de nova ordem internacional já tem um milhão de mortos em seu ativo." (Philippe Delmas, O Belo Futuro da Guerra)

Esperança é matéria-prima em falta para compor os sonhos destas épocas conturbadas. Nestes tempos sem ética nem valores permanentes, sem solidariedade ou fé, não resta muito para o homem construir as suas utopias.
A miséria atinge patamares nunca imaginados em um mundo que tem todas as condições para a fartura. O desafio da fome que assusta o mundo há séculos já foi superado tecnicamente quanto à produção, mas a distribuição é cada vez mais injusta e as pessoas continuam sofrendo - e morrendo - com a fome apesar de haver comida suficiente para alimentar uma população mundial mais de três vezes maior que a atual.
A educação e a saúde só são direitos básicos de todos no papel, na prática o que se vê é uma queda no nível educacional global - e mesmo uma desvalorização da educação - e a vindicação das pestes. Contam-se os mortos às centenas de milhares, somam-se os analfabetos aos milhões, mas o mais grave é que não se dá a devida importância a estes números.
A política torna-se no mundo todo um beco sem saída no qual os demagogos enfiam os cidadãos e as nações ou "máquinas de governar" - como a prevista pelo padre Dubarle em 1948 - comandadas por frios tecnocratas transformam as pessoas em números e as mortes em estatísticas. Os que escapam entre ter de escolher entre demagogos ou tecnoburocratas acabam por se desinteressar da política, deixando o caminho livre para eles.
Por fim, a guerra passa a constar do nosso cotidiano, banalizada no noticiário, e já não nos incomodamos com elas. As sucessivas promessas de uma Ordem Internacional baseada no Direito e num vago Estado Mundial tem sido insuficiente até mesmo para conter os pequenos aventureiros provincianos sedentos de sangue, assim tudo indica que não será suficiente para conter algum surto de poder mais efetivo das potências maiores.
Os sucessivos banhos de sangue no Kwait, Bósnia, Kossovo, Ruanda, Burundi, Congo, Serra Leoa, Libéria e Timor Leste não puderam ser contidos só pelos discursos cheios de boas intenções. Nos casos aonde havia interesses materiais concretos - a posição estratégica de Kossovo, o petróleo no Kwait e no Timor Leste - a força militar conseguiu - com dificuldades - evitar uma hecatombe maior.
Nos locais aonde estes interesses não existiam, como na África, o banho de sangue continua a salpicar os belos discursos de Nova Ordem Mundial, dando a impressão que eles só atendem a interesses estratégicos americanos e não aos altos valores morais que legitimam as intervenções.
Até agora esta Nova Ordem só enfrentou adversários minúsculos, praticamente bandoleiros de segunda ou terceira ordem, cuja capacidade de provocar a morte sem medida esbarrava nas próprias limitações técnicas e materiais. Ainda que este freio não tenha impedido-os de produzir matanças em larga escala, nada se compara ao poder destrutivo da moderna ciência bélica.
O que acontecerá, por exemplo, quando o urso russo acordar de sua hibernação e se sentir forte, e faminto, de novo? Todos os velhos satélites soviéticos e as antigas repúblicas não serão alvos fáceis para uma nova Rússia que, mais cedo ou mais tarde, tentará reconstruir seu sonho imperial de séculos? E esta dúvida não é minha, mas de um diplomata experiente, Henry Kissinger: "Quando a Rússia se recuperar economicamente sua pressão sobre os países vizinhos certamente aumentará. Talvez seja um preço que valha a pena pagar, mas seria um equívoco não admitir que exista um preço". (Diplomacia, página 291).
Se a pretensa Nova ordem Mundial não foi capaz de conter de forma rápida e eficiente os fanfarrões sérvios ou os agitadores indonésios, qual seria a chance de evitar que o urso russo salte sobre os seus vizinhos quando acordar? E isto só para mencionar um caso.
Mas o pior, o que mais motiva a perda de qualquer esperança, não são todos estes fatos em si, Não é a miséria, a fome, a doença, os baixos índices de escolaridade e ainda mais ínfimos de conhecimento, nem o fim do humanismo, nem a ameaça latente de guerras terríveis, nem mesmo o desemprego. É sobretudo a morte da solidariedade por um individualismo materialista avesso a qualquer freio ético ou moral.
A despeito do que dizem os materialistas, as noções de identidade e valor dos homens, o ideal humanista, sempre serviram como fonte de um lado de esperança numa bondade inata do homem e de outro de motivador de sentimentos de indignação com a miséria humana. Hoje estes valores estão fora de moda e em breve poderão estar extintos.
Se esta extinção se confirmar, se o homem não se conscientizar da importância deles para a própria sobrevivência da humanidade não há razão efetiva para se ter qualquer esperança. Seremos vítimas da ganância e dos valores desumanos e só restará assistir ao ocaso da humanidade.



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São Carlos, Terça-feira, 29 de Fevereiro de 2000

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