ENCONTRO NACIONAL DOS FUNCIONÁRIOS DA NOSSA CAIXA

Burocracia sindical lulista, em conluio com governo Serra, põe cabeça dos trabalhadores a prêmio

O Encontro Nacional dos Funcionários da Nossa Caixa, ocorrido neste dia 12 de julho em São Paulo, organizado pelo Sindicato dos Bancários/Contraf em conjunto com parlamentares vinculados aos governos Lula e Serra contou com a presença de mais de 3 mil trabalhadores. Apesar disso, a burocracia sindical lulista impôs que o Encontro não passasse de um ato de pressão sobre ambos os governos por um acordo rebaixado que, na prática, coloca a prêmio a cabeça dos trabalhadores da Nossa Caixa. Foram compostas duas mesas que monopolizaram o evento, impedindo a livre expressão da base, disposta a lutar pela manutenção de seus empregos e conquistas. Formada pelos dirigentes de sindicatos e federações regionais, confederações e centrais pelegas como CUT, CGT, UGT, a direção do Encontro, após muita luta dos setores de oposição (PSTU, LBI) abriu não mais que cinco intervenções de 2 minutos.


Wiliam Ferreira, trabalhador terceirizado da Nossa Caixa intervém
no Encontro Nacional dos funcionários do banco

A venda da Nossa Caixa ao Banco do Brasil marca um avanço no processo de aliança direta entre o governo da Frente Popular e o PSDB em São Paulo, iniciado desde a utilização do estado em 2004 como “tubo de ensaio” na aplicação das Parcerias Público-Privadas (PPPs). Esta é uma das negociações diretas mais lucrativas, cuja discussão para a burocracia sindical e parlamentares ligados a ambos os governos, é qual será o quinhão que cada um abocanhará, sendo o emprego dos trabalhadores da Nossa Caixa e do Banco do Brasil apenas uma moeda de troca para barganha.

Os sindicatos ligados à CUT e o Corep (Conselheiro Representante de Funcionários, dirigido há anos por Sônia e Davi Zaia, hoje deputado estadual pelo PPS, base de apoio do governo tucano) têm construído como mote de sua campanha que a Nossa Caixa e o BB “coloquem no papel” que nenhum trabalhador será demitido. Trata-se de um completo distracionismo, pois os trabalhadores têm sentido sob o governo Lula o quanto pesa a “letra da lei” burguesa... para atacar suas já parcas conquistas. Somado a isso, está vivenciando a massiva demissão de mais de 15 mil trabalhadores do BB no ano passado e as centenas da Nossa Caixa no último período, incluindo perseguições políticas.

Incapaz de realizar um combate frontal a burocracia sindical lulista, a Oposição Bancária de São Paulo capitaneada pelo PSTU, apresentou uma das políticas mais desastrosas desde a aliança com a Contec, confederação arquipelega, para ajuizar no TST o fim da histórica greve de 2004 que durou 30 dias. Após chamar a realização de “assembléias específicas” para reivindicar as “negociações por banco”, que divide a categoria na luta essencial por salário, emprego, etc... em troca dos “penduricalhos”, conclama os bancários da Nossa Caixa a defenderem o suposto “patrimônio do povo paulista”. Para concluir, afirma que “seremos estrangeiros no BB” (Boletim de julho/2008). O corporativismo já expresso na defesa de assembléias específicas nas campanhas salariais, converteu-se em uma “xenofobia bancária” que induz os trabalhadores de ambos os bancos a se enxergarem como inimigos. O embuste sobre o “patrimônio do povo” serve de cimento para a “unidade”, aí sim, desde o PSTU até a mais podre direita da burocracia sindical, pois poupa o governo Lula e teatraliza uma “oposição” aos tucanos, ao afirmar que “Nós da Oposição Bancária fazemos um chamado às entidades do funcionalismo. Corep, AGE, AFACEESP, USCEESP e Contraf-CUT queremos unidade para lutar contra a incorporação do BB” (idem). Contra a essa política, a LBI distribuiu massivamente no Encontro seu boletim onde alerta que “Qualquer empresa controlada pelo Estado capitalista, e principalmente um banco, tem a única função de atender à acumulação privada dirigida por uma burocracia nomeada pelo seu governo para esta finalidade”.

Em defesa do princípio da independência de classe dos trabalhadores, a TRS/LBI que integra o Movimento Nacional de Oposição Bancária (MNOB), interveio no Encontro distribuindo mais de 2 mil boletins e apontou uma linha classista e revolucionária. Partindo das aspirações mais imediatas dos trabalhadores, Wiliam Ferreira, terceirizado pela Nossa Caixa, interveio explicando que para se contrapor aos ataques de Lula e Serra na Nossa Caixa e no BB com as privatizações, terceirizações, demissões e perseguições políticas, é fundamental unificar a luta dos funcionários da Nossa Caixa e do BB contra ambos os governos-patrões. Em sua intervenção, o militante da TRS/LBI, reivindicou que o Encontro deliberasse por uma campanha pela readmissão dos demitidos, inclusive de Dirceu Travesso e a imediata incorporação dos terceirizados. Delimitando-se com o corporativismo e o sindicalismo vulgar da Oposição Bancária/PSTU, Wiliam pontuou que o povo trabalhador só será contemplado pelos bancos quando estes forem expropriados e controlados diretamente pelos trabalhadores.

A Oposição Bancária e o PSTU, presente inclusive através do Sindicato dos Bancários de Bauru/SP, incapaz de alçar-se com uma alternativa para a categoria, recuou vergonhosamente até em sua proposta de realização de assembléias regionais para organizar a luta dos bancários, permitindo que o Sindicato dos Bancários de São Paulo realizasse uma votação simbólica para referendar sua posição de unidade nas “mobilizações” pela “defesa do banco público”. A burocracia sindical deixou em aberto a decisão da incorporação, pois sabe que lucrará mais com ela, espelhando-se nos novos burgueses do PT que fizeram carreira no sindicato, como Berzoini, Gushiken, Sérgio Rosa, etc... e hoje parasitam no aparato do Estado burguês e nos fundos pensão.

Está colocado para os funcionários da Nossa Caixa lutar pelos seus empregos e conquistas através da ação direta, construindo a greve nacional para derrotar os planos privatistas de Lula e Serra.

 

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