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Maturidade mental e maturidade pessoal

Página de Educação e Comportâmento
escrita por Rubem Queiroz Cobra
(Site original: www.cobra.pages.nom.br)


Esta conferência pode ser proferida em uma ou duas partes. Mais que isso envolveria mais casos-exemplos, assim como um estudo mais profundo dos conceitos. Apesar do alto grau de importância da maturidade pessoal, é necessário permitir no currículo da atividade Formação Comportamental espaço para outros temas, alguns deles necessários inclusive como complementação deste tópico.
 

 

Maturidade se diz de coisas e de pessoas 

A Imaturidade

Opiniões sobre a “origem” da maturidade pessoal

Não será “imaturidade” preocupar-se com “maturidade”?

O prazer intimo da auto-estima na Maturidade Pessoal

Formação Comportamental

Caminho para o amadurecimento pessoal

 

A palavra “maturidade” é um substantivo abstrato para uma condição presente naquilo que está maduro. A análise do seu significado permite indagar:  “a partir de quê”, “para qual fim” e “em que grau” a coisa amadureceu?

Embora seja possível estabelecer parâmetros para a maturidade nas coisas, quando se trata da maturidade integral do ser humano, que me arriscaria a chamar sua “maturidade ontológica”, responder a estas questões torna-se impossível. O homem ainda é um mistério para ele próprio e então, como estabelecer em termos absolutos o que seria a sua maturidade?

O que podemos fazer é conceituar provisoriamente uma maturidade pessoal “admirável” e tomar como o seu grau máximo a inexistência de traços reprováveis de caráter. Nesse grau a maturidade é também “aprazível”, porque será sempre um prazer secreto e íntimo para a pessoa cultivá-la, e uma felicidade visível receber o reconhecimento pelos seus frutos.

 Maturidade se diz de coisas e de pessoas.

A medida do grau de desenvolvimento da inteligência e do controle emocional da pessoa a sua maturidade mental , permite reunir indivíduos de maior capacidade de aprendizado e lhes ministrar um ensino mais avançado, ou serve para selecionar os mais aptos para uma função específica.

A medida do QI – quociente de inteligência , foi inicialmente a relação entre a idade mental do indivíduo determinda através de testes psicológicos , e sua idade de vida, e o resultado multiplicado por 100. Uma criança precoce, de 8 anos mas com desempenho no teste próprio da idade de 10 anos, teria  o QI de (10/8 x 100) 125. Porém, esse cálculo, muito bom para revelar crianças bem dotadas, não se prestava para os adultos porque, a certa altura, a idade de vida naturalmente superava a idade mental, fazendo o QI baixar. Este problema levou a Psicometria a adotar, em torno de 1940, um método matemático de uso comum na Estatística: a determinação das Medidas de Posição ditas “Separatrizes”, entre elas o Centil (ou Percentil, “p”).

Neste cálculo o aumento gradual de dificuldade das questões do teste guarda correspondência com o aumento do valor de 1 a 100 do percentil. O percentil médio de 50 corresponde ao ponto de dificuldade média que o indivíduo comum pode solucionar no teste. A este ponto médio é atribuído o  QI 100. Quem alcança no teste 65p (15p acima da média 50) terá 115 de QI; 80p, QI 130; 95p, QI 145, etc.  O que se sair mal no teste, com uma avaliação correspondente a 35p, por exemplo, estará 15p abaixo da média de 50p e terá QI 85; se estiver 30p abaixo, QI 70.

 É curioso o fato de que o teste é validado pelos seus próprios resultados: ele só terá valor se, na sua aplicação a um grande grupo, a maioria das pessoas (em torno de 70%) de fato obtêm uma avaliação média de  QI 100 ou próxima dela para mais ou para menos (entre QI 85 e QI 115). É necessário também que a distribuição das avaliações caiam em percentuais iguais, de um lado e de outro da mediana. Adotando-se um intervalo de 15 percentis, por exemplo: 1% das avaliações no primeiro e no último intervalo; 2% no segundo e no penúltimo; 14% no terceiro e no antepenúltimo; 33% no intervalo à esquerda da mediana e 33% no intervalo à direita. Resultados assim dão uma curva assintótica regular em formato de sino (representa a distribuição gaussiana ou normal dos dados) em um gráfico cartesiano.

Outra mudança ocorreu também em relação às questões antes mais simples levando-se em conta a rapidez das respostas –, e modernamente são mais críticas, envolvendo relações de maior complexidade, possibilitando medir com mais confiabilidade QIs muito acima de 130 em crianças e adultos. É de se esperar que, com o enorme progresso da neurologia nas últimas décadas, brevemente os testes baseados em questionários serão substituídos por medidas eletrônicas diretas que avaliem a capacidade associativa do cérebro por meio de computadores.

Outras formas de avaliação são feitas não por testes, mas subjetivamente, por inquéritos dirigidos, pesquisa sociológica, ou opinião qualificada. Um professor da Escola de Medicina dirá que o médico tem maturidade profissional quando acrescenta ao seu preparo acadêmico uma certa bagagem de experiência clínica. Um sociólogo liberal dirá que uma comunidade chega à maturidade social quando oferece oportunidades iguais para todos, as regras de convivência são inteligentes e obedecidas livremente, e ela se notabiliza pela produção material e cultural de seus cidadãos. Um sociólogo socialista dirá que o indivíduo tem maturidade social quando renuncia à sua individualidade e obedece pacificamente às determinações do Estado ditadas para o bem de todos. E um comentarista político mordaz dirá em sua coluna que uma Constituição escrita por socialistas ignorantes e gabolas, em acordo com liberais desinteressados e omissos, nunca será um documento racional e maduro.

A maturidade mental, profissional e social do indivíduo são avaliadas em relação a objetos específicos e, mesmo se reunidas e somadas, elas não mostrariam sua maturidade pessoal. No caso da maturidade mental, por exemplo, seria necessário medir sua intenção de como vai utilizar as capacidades que teve demonstradas nos testes, o que não é um dado mensurável. A psicologia desse indivíduo não foi trabalhada para a maturidade pessoal, mas tão somente para uma cultura específica em sua profissão e uma cultura geral que de certo modo é estranha ao seu Eu, apesar de ocupar sua memória. Ele é maduro apenas quanto à sua eficiência nas áreas em que foi testado. Haverá sempre o risco de que um aspecto não testado do seu caráter se mostre surpreendentemente fraco em um momento crucial. Algumas pessoas ainda se lembrarão das crises noticiadas de um enxadrista internacionalmente conhecido e dono de altíssimo QI. Mas esta maturidade apenas específica é a que move o mundo.

*

Não mais falando de maturidade restrita e específica e sim de maturidade pessoal, a opinião comum possivelmente será de que uma pessoa madura não mente, não comete qualquer falta anti-social; sabe sintetizar com inteligência o seu pensamento, tem opiniões que conciliam vários aspectos de uma questão; não é loquaz, não faz críticas violentas nem estabelece polêmicas; argumenta com serenidade e nunca está ociosa mas faz as coisas em tempo, com interesse e sem alarde; sabe comandar sem desrespeitar os subordinados; é amiga das pessoas de modo sincero e honra os vínculos estabelecidos com elas. Torna-se por isso alguém de quem todos falam bem e que se gabam de conhecer, e nunca está isolada. Ela induz nos outros o desejo de imitá-la, tanto nos seus modos, como na sua sensatez e objetividade. Tem um temperamento amável, como se fosse feliz por ser do modo que é, e a maturidade uma forma de prazer.

Com certeza muitos outros predicados de uma pessoa madura poderiam ser incluídos, que reforçariam a opinião de que ela é uma pessoa especial. Porém, não há como medi-los com precisão. Não há para as outras pessoas como saber da maturidade de alguém senão por esses sinais no que ela diz e faz.

A Imaturidade.

Sem mais indagar, se pode concluir que a personalidade da pessoa imatura poderá ter qualquer das facetas possíveis opostas à unidade de caráter da pessoa madura. O imaturo é dado a ações intempestivas, faz críticas de modo arrogante e é incapaz de argumentar com serenidade e bom senso. Mente para fugir a responsabilidades.

Parece ser um traço comum nos imaturos a pressa e a inconseqüência no que fazem. São apressados e loquazes. Seu desejo de realizar projetos é febril e irritante para os outros; não conhecem alternativas, opções, soluções em que não levem vantagem. Quando inteligentes, sua inteligência lhes infunde uma autoconfiança que agrava sua imaturidade. As idéias que têm, de um aparente lampejo de genialidade, revelam-se logo inadequadas. Eles induzem, nos outros, o impulso de censurá-los, tanto nos seus modos, como na sua falta de sensatez e de objetividade.

Devemos os conflitos na família, na sociedade e no mundo à imaturidades dos pais, das autoridades e dos líderes. Os imaturos são potencialmente capazes de praticar todo tipo de ação anti-social. Em uma escala mais próxima, constituem a massa dos viciados, e mais distante, estão em cada figura da galeria de ditadores sanguinários e ideólogos fanáticos da história da humanidade.

E poderíamos criticar de modo mais direto e certeiro o indivíduo que causa conflitos (no trânsito, no trabalho, na família, no cinema, e entre as nações) simplesmente qualificando-o de imaturo ou, como consta no Dicionário do Aurélio, de “aloprado”. Ele causa danos e prejuízos com uma estranha leveza da alma, esperando que ninguém ouse reclamar, impondo os seus modos em total desrespeito às regras e às pessoas. O imaturo precisa ser vigiado permanentemente. É aquele tipo que todos gostariam de mandar que se calasse.

A imaturidade pode ter o seu sinete, aquele comportamento do indivíduo imaturo que primeiro chama a atenção sobre ele. Revela-se quando ele põe a rodar um certo script ou provoca alguém para um determinado jogo psicológico. Os livros de Eric Berne e Claude Steiner, nos quais esses autores divulgaram os fundamentos da Análise Transacional, são pródigos em exemplos dessas caracterizações.

Opiniões sobre a origem da maturidade pessoal.

Algumas pessoas diriam talvez que a maturidade é “de família”, mas ficariam na dúvida ao se lembrarem de que em famílias altamente conceituadas é comum haver pessoas imaturas. Outras poderiam dizer que “o estudo” leva a pessoa a ser madura, e um mestre ou doutor seria uma pessoa madura, mas logo haveriam de se lembrar de pessoas com grande preparo e que deram provas de imaturidade quando atuaram fora de sua área de conhecimento. Vê-se nos jornais que titulares das mais altas funções do Executivo, do Judiciário e do Legislativo estão constantemente dando provas de imaturidade: ministros que aceitam pastas em áreas estranhas ao seu conhecimento e experiência, juízes apressados em dar um voto que lhes interessa, deputados e senadores organizados em partidos para tirar todo proveito pessoal possível de sua posição, etc..

As pessoas poderiam ainda dizer que a maturidade vem da “moral religiosa”, e que um bom católico, ou protestante, será um indivíduo maduro. Porém aqui também se lembrariam dos muitos casos de pastores e padres pedófilos, que elas não poderiam contar entre os maduros.

Não será “imaturidade” preocupar-se com “maturidade”?

Não será suficiente a pessoa se determinar a ser madura, estudar, trabalhar e ser bem sucedida, sem se preocupar com a opinião alheia? A final o mundo deve o seu progresso a indivíduos que são bons em alguma coisa, e não à maturidade pessoal deles. A pessoa que se preocupa com tais coisas não acabará ficando para trás, seus movimentos tolhidos pela preocupação com suas maneiras, com o que diz, ou como faz isto ou aquilo?

Ocorre que o desconforto social da pessoa imatura é grande, por não se sentir bem aceita e não obter sucesso. E pior, ela provavelmente tentou ao longo de sua vida mudar o seu perfil, e continuou sempre mal satisfeita com o seu modo de ser.

Maturidade não leva à estagnação nem é incompatível com as grandes dimensões do poder, nem impede o avanço da ciência. Os países em geral conheceram paz e progresso sob o governo de líderes inteligentes e democráticos, com todas as características de pessoas maduras. Ao contrário, líderes imaturos podem se projetar e afetar o mundo com suas ideologias utópicas infundidas e disseminadas com êxito entre milhões de indivíduos, mas deixam somente ruínas e desgraças ao final de sua aventura

A maturidade é um dever natural fundamental que o ser humano tem para consigo mesmo: o dever de se completar naquilo que foi deixado ao seu arbítrio realizar para finalizar o seu projeto como um Ser especial. Deveres naturais como este não pertencem à Moral, mas a uma instância superior, à Ética

O prazer íntimo da auto-estima na Maturidade Pessoal.

Já muito antes de Freud se sabe que o homem tem um estoque de motivos herdados como instintos, e que são propostos em cada situação como a melhor opção de prazer. O comportamento maduro é o que se distancia da motivação puramente instintual, quando esta contraria as normas racionais da convivência humana. Para desejar esse comportamento é necessário que cause prazer ao homem sentir-se mais que apenas biológico. Ele precisa amar a si mesmo como um Ser que se liberta e transcende o nível da animalidade, que é apressada, sôfrega e esperta na pratica do crime.

Uma vez que a natureza humana busca o prazer ou a promessa dele, o indivíduo não está de modo algum violentando essa mesma natureza apenas por substituir uma forma de prazer instintiva por outra que tem motivo racional. Daí o fato de aqueles que estudam a filosofia, a música, cultivam a Civilidade (Boas-maneiras e Etiqueta), e adquirem cultura geral – ou aquele profissional que fez da sua profissão um degrau acima em sua humanidade , serem pessoas felizes.

É uma pena que os mais influentes, poderosos e temidos imaturos do mundo, bem como a nata dos imaturos jovens também poderosos e temidos, estejam automaticamente fora de consideração quando se trata de refletir sobre maturidade pessoal. O prazer de sua auto-estima já está solidamente alicerçada no seu poder político, na liderança do seu grupo ou no comando de sua gang.

Formação Comportamental

A maturidade pessoal  se cultiva com prazer porém, infelizmente, não tem sido parte da educação das pessoas de modo objetivo. Poderia ser um tópico da Formação Comportamental, atividade que venho persistentemente sugerindo aos Orientadores Educacionais como parte do seu trabalho no ensino médio.

A virtual reforma educacional ocorrida nos anos de 1995 a 2002, em que os Cursinhos preparatórios para as “Carreiras de Estado” assumiram em importância o lugar da Universidade, a educação com base na memorização de respostas prontas a milhares de “quesitos possíveis” certamente fará aumentar o problema da imaturidade no País. De acordo com Melão Jr.(*) o QI médio do brasileiro é cerca de 87. O QI médio mundial incluída a África é 100. Mais necessária, portanto, a intervenção do Orientador Educacional na formação da personalidade do jovem.

Nesta página procurei apresentar o tópico e defini-lo do modo mais prático e claro que me foi possível, como material para uma ou duas conferências. O Orientador não irá ministrar um Curso sobre maturidade, mas deverá sugerir ao aluno um método de trabalho pessoal com esse objetivo.

Caminho para o amadurecimento pessoal.

O método que vejo mais freqüentemente indicado como caminho para o amadurecimento pessoal é, no meu entender, enganoso. Apregoa-se a prática das virtudes cristãs as quais têm origem na filosofia de Platão, ou a prática das chamadas “bem aventuranças”, para se alcançar a maturidade pessoal. Porém, este não me parece ser legitimamente o ponto de partida, porque é necessário que a pessoa primeiro tenha maturidade para então procurar praticar as virtudes.  Portanto, essa prática não pode ser um passo à frente para aquilo que já a precedeu. Praticá-las sem a maturidade pessoal pode ser o caminho para uma vida piedosa, mas seguramente não o é para a maturidade.

O jovem precisa de algum conhecimento a seu próprio respeito, e sobre o Homem e o Mundo, para saber o que a maturidade significa, e chegar ao desejo e à determinação de se tornar uma pessoa melhor; descobrir o prazer de superar a mediocridade e de transcender o nível dos instintos e dos interesses puramente animais em que o homem tende a cair (vide Comportamento em Aristóteles). Mas este, na verdade, ainda não é o verdadeiro início. Existem alguns pré-resquisitos: capacidade para ler, escrever e interpretar textos de certa complexidade; estar apto a usar rudimentos de Matemática pouco mais que apenas as quatro operações; conhecer os significados de algumas palavras menos usuais na conversação e reconhecer sinônimos. Conhecimentos rudimentares, que deverá melhorar sempre, em uma língua de alcance universal, como atualmente o Inglês. Esses requisitos básicos para seu treinamento ele com certeza terá, se estiver cursando o ensino médio ou já o tenha concluído.

A orientação para apontar as metas para o amadurecimento pessoal o Orientador Educacional encontrará nos próprios testes de avaliação da maturidade mental e da maturidade pessoal, uma vez que aquilo que os testes pretendem medir é exatamente o que se faz necessário.desenvolver para obter neles a melhor avaliação. Se desmontar o teste e estudar quais objetivos ocultos tem cada grupo de quesitos, terá como apontar para sua audiência os objetivos que deve perseguir. Por exemplo: os testes são pródigos em questões que testam a percepção de diferenças e semelhanças, como as seguintes: "Em que sentido o algodão e a lã se parecem?" (Dans quel sens le coton et la laine se ressemblent-ils?) e "Em que um poema e uma estátua se assemelham?" (En quoi un poème et une statue sont-ils pareils?) Obviamente o projeto do Orientador não será que o aluno aprenda a diferença entre o algodão e a lã, ou no que eles se parecem, mas sim treinar sua percepção para conscientizar-se de diferenças e semelhanças no mundo que o rodeia.

Diferenças. Grande parte dos quesitos dos testes está voltada para a medição da capacidade de discernimento do indivíduo relativa a diferenças entre as coisas que o rodeiam. A pessoa que se sente imatura, jovem ou adulto, precisa primeiro “complicar” sua visão das coisas, no verdadeiro sentido da palavra “discernimento”. Precisa tornar-se um observador arguto, atentar para as diferenças à sua volta e estudá-las. Estará combatendo o principal problema da imaturidade: a “visão estreita” responsável por uma mente acanhada que conduz à teimosia, à intolerância, ao autoritarismo irracional e a outros males da imaturidade. Ele pode ser ensinado a começar o seu treinamento a partir de observações simples, como as diferenças entre as pessoas. Esse exercício não consiste em descrever e rotular tipos, mas em observar, anotando mentalmente, as diferenças entre os colegas e amigos: um difere dos demais porque é muito loquaz; um outro é diferente porque ouve os outros com atenção; um terceiro é diferente porque gosta de presentear os colegas, um outro é fofoqueiro, outro é piadista compulsivo, outro distingue-se por ser muito aplicado aos estudos, outro porque é muito apressado, outro ainda porque é provocador de brigas. Neste caso seriam oito diferenças encontradas.

A profundidade do conhecimento e das ações depende da capacidade de encontrar as diferenças também na dimensão vertical dos sistemas. Este treinamento em diferenças "horizontais" deve, portanto, ser acompanhado da observação em sentido vertical, por exemplo, perguntando-se: há quanto tempo isto acontece? Onde esse fenômeno é mais intenso ou menos notado? Quais suas causas mais profundas? etc. A consciência dos significados nessa dimensão aprimora a acuidade do discernimento e dará ao jovem a capacidade de estabelecer analogias, de perceber semelhanças entre coisas diferentes ou diferenças menos evidentes entre coisas semelhantes.

Esse trabalho de campo de identificar traços de personalidade diferentes seria complementado com a leitura de biografias.

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Civilidade. A segunda etapa desse treinamento empírico para a maturidade pessoal seria o estudo e a prática de disciplinas da Civilidade. É para mim impressionante como o aprendizado e a prática de Boas-maneiras e Etiqueta contribuem para a maturidade pessoal. Ou pelo menos andam juntas, maturidade e Boas-maneiras. Porém ela nada acrescenta à pessoa quando é apenas ostentada por imitação ou dever de profissão. .

A Etiqueta desenvolve a capacidade para perceber a lógica de sutilezas hierárquicas em situações da vida real. Uma conversação conduzida com modos educados permite compreender o pensamento de outras pessoas em questões superficiais ou profundas que as afetam. Como ponto de partida, o jovem deve aprimorar o seu comportamento em sua própria casa, nas atenções para com os familiares, ou com o anfitrião, se faz uma visita. Por exemplo, não sentar à mesa e começar a comer antes dos pais, ou o marido antes da esposa, ou o convidado antes da dona da casa, contrariando as normas de Boas-maneiras. Mesmo na própria casa é importante considerar os lugares de honra à mesa e reservá-los conforme as regras da Etiqueta. Manter-se limpo e bem vestido 

Aplicando ao estudo de Boas-maneiras o treinamento anterior em identificar diferenças, o aluno perceberá como as posturas adequadas a cada ambiente diferem entre si. Verá que o seu comportamento como folião no carnaval não pode ser sua única forma de manifestar euforia: há uma forma adequada a cada ambiente e a cada tipo de evento. Não pode ser sempre assobios, batucadas e gritaria toda vez que for aplaudir, adotando, indistintamente, o mesmo comportamento no estádio, numa cerimônia de formatura, ao final de um concerto ou peça de teatro, etc. Ele deve ser recomendado a escolher para essa fase a leitura de livros despretensiosos de Boas-maneiras e Etiqueta, e deixar os que falam do que é chique (ou chic) para mais tarde, quando estiver à altura de avaliar sua credibilidade e seu valor.

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Cultura geral. Após a primeira fase de treinamento em notar diferenças óbvias, mas às quais não dera antes maior atenção, o aluno pode continuar para uma segunda fase, buscando diferenças um pouco mais árduas de discernir, sejam superficiais ou profundas. No campo das Artes, por exemplo, distinguir a arte pictórica, teatral, circense, musical, etc. e em cada um desses ramos procurar suas variações: no Teatro, a comédia, a tragédia, etc. Na Pintura identificará suas Escolas: o impressionismo, a pintura clássica, assim como as suas técnicas: o óleo, a aquarela, o bico de pena, etc.,  coisas que poderá aprender conversando com um pintor no parque, ou folheando os álbuns de pintores célebres.

As diferenças culturais entre os povos, poderá descobri-las declarando seu interesse no assunto a um oriental, a um judeu, a um muçulmano com quem possa conversar na sua vizinhança, no clube, ou no trabalho. Como nos casos anteriores, não será necessário estudar a fundo as diversas culturas, mas apenas saber em que diferem quanto a suas linhas gerais. Os aspectos geográficos, incluindo a natureza em cada região e os produtos típicos de cada país, encontrará na leitura atenciosa de livros que antes talves tenha desdenhado como coisa desinteressante e sem finalidade. Esta etapa compreende também o conhecimento da Natureza em questões profundas relativas ao meio ambiente, na correlação com as demandas do desenvolvimento industrial e social. Esse esforço de entendimento deverá lhe dar a capacidade de compreender os limites do que é possível, de formular soluções pertinentes a questões estruturais complexas, e a perceber tendências na Economia e delas deduzir mudanças futuras.

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Filosofia. As diferenças entre as principais correntes de pensamento na filosofia, sem se deixar perder nesse universo. Elas estão listadas no artigo respectivo de uma boa enciclopédia. Depois de anotá-las, poderá ao longo do tempo ir se inteirando das particularidades de cada uma. O mesmo poderá fazer com respeito às ideologias e assim entenderá melhor a sigla do partido político em que futuramente irá votar. Poderá encontrar neste Site a vida de alguns filósofos modernos e contemporâneos e alguns temas de Filosofia, para leituras a longo prazo.As leituras de resumos de temas filosóficos voltados  para interpretar a mente e a natureza, o pensamento de outras pessoas em questões profundas. Acuidade da percepção da Lógica em questões profundas e a capacidade para perceber sutilezas recônditas em questões e situações difíceis da vida real em temas como o aborto a ética na experimentação científica

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Apenas aderindo intimamente ao programa, e preocupando-se em trabalhar constantemente suas metas, o jovem já sentirá mudanças em seu modo de agir e nas respostas à sua atuação social. Verá que os resultados não mudaram sua personalidade salvo em fazê-la mais atraente que antes. Terá aprendido a ouvir a opinião alheia, a prestar atenção no que lhe dizem, e notará a grande diferença que isto fará para os que antes estavam obrigados a ouvi-lo sem oportunidade de falar. A necessidade de uma visão mais profunda das coisas tolherá a pressa, e os modos aprimorados elevarão sua auto-estima. A base de seus julgamentos estará ampliada, e suas opiniões começarão a interessar aos outros, o que será um sinal de que já alcançou um grau apreciável de maturidade.

Estará então em condições de raciocinar com sabedoria, conter os impulsos e praticar a temperança, ser constante e confiável pela sua fortaleza da alma, e aconselhar com ponderação e justiça, e isto significará praticar as quatro virtudes ensinadas por Platão.

Rubem Queiroz Cobra            
Doutor em Geologia e bacharel em Filosofia

 * Veja o comentário citado em http://www.sigmasociety.com/artigos/introducao_qi.pdf, ano 2008.

Lançada em 26/11/2008

Direitos reservados. Para citar este texto: Cobra, Rubem Q. Maturidade mental e maturidade pessoal. COBRA PAGES: www.cobra.pages. nom.br, Internet, Brasília, 2008.
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Rubem Queiroz Cobra

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