CASA
PLÁSTICA
PVC
sai do cano para conquistar a fachada
SÉRGIO DURAN
da Reportagem Local
O PVC promete deixar o
papel secundário que ocupa nas construções brasileiras
-escondido nas paredes, em tubos, conexões e conduítes- para
virar protagonista nas áreas nobres da casa.
A lista de materiais
em PVC já fabricados no Brasil é extensa, incluindo esquadrias,
lambris, forros (de placa ou tábua), pisos, "siding" (tábuas
para revestimento externo) e portas, entre outros.
Em relação
à concorrência, as vantagens são inúmeras. Os
produtos em PVC geralmente são mais duráveis, fáceis
de instalar e limpar e, em alguns casos, têm custo zero de manutenção.
Some-se a tudo isso um preço atraente.
"O plástico está
entrando gradativamente na casa. Ele surge para substituir os recursos
finitos, como a madeira e os metais. E, quando ocupa um espaço,
não recua", afirma o professor universitário Francisco Romeu
Landi, 66.
Landi é presidente
do Cediplac (Conselho de Documentação e Informação
da Indústria do Plástico para a Construção
Civil), da Escola Politécnica da USP (Universidade de São
Paulo).
Consumo
A arrancada do PVC na
construção é fato recente só no Brasil. Em
países europeus e nos Estados Unidos, por exemplo, o plástico
reina absoluto há anos.
O mercado de esquadrias
é um exemplo. No país, movimenta US$ 1 bilhão. Segundo
o Instituto do PVC, o plástico não chega a abocanhar 1% disso.
Na Inglaterra, detém 70%. O potencial de expansão tem feito
a indústria brasileira do plástico se mexer.
"O consumo de PVC no
Brasil cresce 14% ao ano. Os destaques ainda são os tubos e conexões,
mas os laminados (forros) já ocupam o segundo posto", afirma Francisco
de Assis Esmeraldo, 58, presidente do Instituto do PVC.
O encontro anual da organização,
que representa toda a cadeia produtiva do plástico, acontece dia
2 de dezembro, em São Paulo. O tema será o PVC na construção.
Na ocasião, será
apresentado um estudo inédito a respeito, do qual partes foram adiantadas
para a Folha.
Produto | PVC | Outro material |
piso | R$ 17 o m2
da Easy Import,
padrào madeira. |
R$ 43 o m2
colocado de
carpete de madeira Lamett ou Durafloor |
esquadria | R$ 450 a peça
de
1,20m x 1,20m, com persiana da Petroll |
R$ 248 a peça
de
aluminio, de 1,00m x 1,20m da Ebel.linha ouro (de melhor qualidade) |
porta | R$ 80 a
de tamanho padrão
da Medabil, instalada, nas cores areia, cinza ou branco |
R$ 72 a
de tamanho padrão
em inbuia, da Alpimade |
lambril | R$ 16 o m2,
da Medabil
imitando diversos padrões de madeira |
R$ 28 o m2,
da
Trevotex Premium, padrào jatobá |
Esquadrias são caras e difíceis
de encontrar, mas o aumento da produção pode mudar a situação
Materiais estimulam a bricolagem
Os materiais em PVC são
ideais para os adeptos da bricolagem ("faça você mesmo").
Porém são difíceis de encontrar, e os preços
nem sempre compensam.
Mas as desvantagens são
passageiras, afirmam os fabricantes de materiais de construção.
As esquadrias, por exemplo,
custam atualmente quase o dobro das de materiais nobres como o alumínio.
O quadro só deverá ser revertido com a entrada de grandes
indústrias nesse mercado.
É o caso da Tigre,
cuja fábrica de janelas em Indaiatuba, a 110 km de São Paulo,
começou a funcionar em março, mas o primeiro showroom em
São Paulo foi inaugurado na última sexta-feira.
No entanto, mesmo caros,
os plásticos acabam saindo mais em conta ao longo do tempo.
As esquadrias, por exemplo,
já vêm montadas, inclusive com vidros, que são presos
em borrachas. Além disso, dispensam pintura, o que torna a manutenção
quase nula.
Há ainda outros
fatores que tornam o plástico econômico, como a facilidade
na limpeza (requerem somente água e sabão neutro) e instalação
e a durabilidade.
Dados do Instituto do
PVC indicam que 64% dos materiais de construção nesse plástico
duram de 15 a 100 anos.
Estética
"Eu acho que o PVC está
chegando tarde ao mercado brasileiro", considera a arquiteta Lilian Ramalho
de Andrade, 44.
Em relação
aos plásticos, Lilian faz somente uma ponderação quanto
à estética: "Não é interessante usar os que
imitam madeira ou qualquer outra coisa. O ideal é explorá-lo
em sua característica original", analisa.
A arquiteta recomenda,
no caso das esquadrias, atenção na escolha da cor. "O ideal
são as brancas ou as de tons pastel porque combinam com qualquer
outra cor, caso se queira mudar a fachada da casa, por exemplo", diz.
Sobre as janelas, Lilian
elogia a vedação que oferecem. Isso ocorre por causa dos
vidros duplos, da estrutura de aço (que dá segurança)
e do fato de não levarem solda, sendo uma peça única.
"São ótimas para as residências próximas ao
centro da cidade."
Leveza
A facilidade que as esquadrias
têm na instalação são por causa da sua leveza.
Primeiro, o contrabatente é chumbado na parede. Depois a esquadria
é instalada. A vedação é feita com espuma de
poliuretano expandido. Na mesma linha vêm os forros, em placas ou
tábuas. Há uma estrutura interna onde são encaixados.
Os de placa têm acabamento de quinas como o do gesso.
Os pisos vinílicos
são velhos conhecidos, mas pouco sabem que produtos como Paviflex
ou Decorflex são de PVC. Os mais modernos vêm em lajotas.
Em vários padrões,
os da Easy Import, por exemplo, já têm cola, e a instalação
é igual à do plástico adesivo. Basta somente que o
contrapiso esteja nivelado.
Ecologia
Há, no entanto,
duas informações negativas em relação ao PVC.
A primeira é a de que vedam demais a casa. "É importante
o equilíbrio na hora de usá-lo", diz Lilian de Andrade.
A outra diz respeito
à poluição que o plástico provocaria na casa.
Segundo a pesquisadora em saúde pública Kátia Regina
de Moraes, 37, o PVC é conhecido por liberar dioxina ao longo dos
anos.
Recentemente, o Greenpeace
propôs a proibição dos brinquedos fabricados com esse
plástico.
Francisco Romeu Landi,
da USP, discorda. "Não há nenhuma pesquisa conclusiva sobre
isso. O PVC é um material estático, que só sofre alterações
quando exposto ao calor de, no mínimo, 70C. Aí, sim, poderia
liberar algo", diz.
Landi explica ainda que
o PVC é um dos poucos plásticos que não propagam a
chama, por causa do cloro em sua composição. "Eles amolecem,
mas não pegam fogo."