As vivências de biodança foram utilizadas como instrumentos capazes de preencher as lacunas deixadas pelas atividades de grupos, que dão ênfase ao discurso falado e racionalizado. O espaço vivencial teve como objetivo fortalecer o modo de viver da comunidade, onde desenvolvia-se interrelações subjetivas dos sujeitos encarados como bio-psico-social. A singularidade de cada um, sujeito participante e construtor da história, estava em conexão com ele mesmo, com o outro e com o grupo no qual faz parte, através de exercícios demonstrados e animados pelos membros do programa, onde deflagrava vivências profundas de integração nas áreas de vitalidade, afetivadade e criatividade. Tudo isso foi abordado a partir de vivências como: roda do olhar, roda do embalo, desmanchar os nós, caminhar confiando e roda da alegra. Portanto, todos os exercícios que foram aplicados visam resgatar gestos de vida encontrados no cotidiano de cada pessoa e nas experiências da comunidade em diferentes épocas de sua história .
Ao longo dos anos, a humanidade é permeada por conflitos sociais onde cada pessoa é sujeito dessa história . Nesse sentido, é preciso que o ser humano conheça sua própria cultura e a si mesmo para avançar na busca de melhoria de vida para todos.
Para lutar contra a opressão externa é preciso também superar as opressões internas onde os agentes opressores somos nós mesmos. Segundo Foucault, só é possível mudanças profundas na sociedade quando os mecanismos sutis de opressão tecidos nas relações de poder no cotidiano forem modificados.
Quando em Cel. João Sá facilitávamos as vivências da "roda de embalo" resgatávamos a integração da identidade de cada um e do grupo, que é constantemente ameaçada pelo sofrimento e negada pela exploração e opressão. Era um momento do reconhecimento do outro, de si mesmo pelo outro, de integração e solidariedade representada na grande roda, onde todos estavam de mãos dadas, lado a lado, vivenciando um momento de intensa emoção compartilhada. O grupo, aqui, é fortificado pelo vínculo afetivo e pelo reforço da identidade da vida comunitária.
Pela avaliação dos sujeitos que foram alvo desse trabalho foi muito importante e de grande valia, o que pode ser constatado no discurso de uma professora do município "vocês vieram nos tornar mais solidários, ou seja, fizeram com que nós percebêssemos que é importante a organização comunitária, porque vimos que tudo passa pela solidariedade humana".