Logosemin.GIF (2807 bytes)Linguagem Metafórica

Sendo, a linguagem metafórica, a principal no livro O Seminarista, podemos notá-la a todo instante. Isto acontece freqüentemente na tentativa de idealizar lugares ou pessoas, ou seja, no que se baseia o romantismo. Consequentemente o livro se baseia nesta escola literária ele terá explicitamente em todo o seu decorrer.
        Este tipo de linguagem ocorre, porque o autor descreve e quer perfeição daquilo que está falando, quer passar ao leitor exatamente o que vê, como é e as sensações que sente ao se deparar , ou ainda mesmo num toque. Isso só acontece, pois no século XVIII, a comunicação era primária, lenta. A comunicação visual era mínima, ( a TV sendo hoje um meio rápido, conforme nosso viver, não pede muita descrição, mas sim ação), necessitando detalhes para que o leitor se localizasse e viajasse junto com o escritor dentro da estória. Com a falta desta comunicação, o meio que foi trabalhado foi a descrição, mas com o surgimento da TV, do visual, esta descrição em detalhes aos poucos está desaparecendo nas obras atuais.

        Podemos perceber nitidamente a linguagem metafórica nos trechos abaixo:

       "Assim foi-se criando e fortalecendo desde o berço... e profunda afeição , que dia a dia mais afundava as raízes naqueles dois tenros corações, como em uma terra fresca e cheia de seiva." Pag.17

        "Eugênio abandonava-se a uma espécie de estâse cheio de voluptusidade; sua alma subia no seu céu nas asas do amor e da devoção, porém em uma sombra de melancolia." Pág. 24

        " A turba dos seminaristas..., despenhavam-se fora das portas como uma nuvem de melros pretos a quem se abriu a entrada do viveiro..." Pág.24

        "...ia morrer nas asas da brisa perfumada,..." Pág. 24

        "Ficava como os olhos pregados nas nuvens brilhantes que como franjas de ouro pairavam sobre os cumes das últimas colinas..." Pág. 25 ter

        " A tez era de um moreno delicado e polido, como resavalando uns reflexos de matiz de ouro." Pág. 38

        "Os olhos grandes e escuros tinham essa luz suave e aveludada,... os seus fulgores à sombra das negras e compridas pestanas como tímidas rolas, escondendo a cabeça debaixo da asa acetinada... mais realce ao mavioso da luz que os inundava, como lâmpadas misteriosas de um santuário. Os cabelos... rolavam negros e luzidos sobre os ombros como catapultas enoveladas de uma cachoeira. A boca era vermelha, fresca e úmida como uma rosa orvalhada.

        "Sua fala era uma vibração de amor,..." Pág. 39

        "O título de padre, que até então lhe parecia tão bonito,... lhe parecia horrivelmente áspero..." Pág.40

        "Seu coração passa por uma crise violenta e profunda, como o leitor pode imaginar..."Pág.42

        "O sol cintilava sobre o tapete orvalhado dos espigões, e a fresca aragem da manhã sacudia da coma das árvores as lágrimas da noite."

        "Longe de expelir transformado em veneno o fel do coração, converte-o em lágrimas de resignação e expande mais suave e puro perfume da virtude, como o sassafrás golpenado pelo ferro do derrubador destila mais ativo e redolente o aroma, que lhe embalsam o âmago." Pág. 67

        "Entregue às angústias da saudade, como flor mimosa exposta a todo os rigores do sol canicular!"Pág.67

        "...a pobre Margarida, via eclipsar-se para sempre e sem remédio a estrela de suas esperanças no seio de um fúnebre e sinistro negrume..."Pág.70

        "Afeição que com ele nascera, que era a luz de seus olhos, a seiva de seu coração, o perfume de sua alma, via cerrarem-se..."Pág. 74

        "Como quem arranca subitamente asa ataduras a uma ferida profunda, que apenas começava a cicatrizar e a faz de novo abrir-se entre dores cruéis..."Pág. 81

        "E nem assim consegui apagar este fogo que me devora..."Pág.82

        "Seu espírito parecia adormecido, sobre as ruínas de suas afeições mundanas."Pág.84

1