Autor: Luís Carlos de Oliveira


"Palavras voltam sempre recheadas"

ÍNDICE

  1. EBULIÇÃO DA ESCRAVATURA
  2. PARE
  3. CAVALARIA
  4. MAC ACARAJÉ
  5. CLARIVIDÊNCIA
  6. COITO

Página 1 - Poesias

Página 2 - Mais Poesias

Página 3 - Poesias Demais

Página 4 - Poesia Amiga!!!

Página 6 - Cadernos Negros 27

Página 7 - Cadernos Negros 29

Página 7 - ÚLTIMAS



      


   

EBULIÇÃO DA ESCRAVATURA



A área de serviço é senzala moderna, Tem preta eclética, que sabe ler “start” ; “Playground” era o terreiro a varrer. Navio negreiro assemelha-se ao ônibus cheio, Pelo cheiro vai assim até o fim-de-linha; Não entra no novo quilombo da favela. Capitão-do-mato virou cabo da polícia, Seu cavalo tem giroflex ( rádio-patrulha). “Os ferros”, inoxidáveis algemas; Ração pode ser o salário-mínimo, Alforria só com a aposentadoria. (Lei dos sexagenários) “Sinhô” hoje é empresário, A casa-grande verticalizou-se, O pilão está computadorizado. Na última página são “flagrados” ( foto digital), Em cuecas, segurando a bolsa e a automática: Matinal pelourinho. A princesa Áurea canta, Pastoreia suas flores. O rei faz viaduto com seu codinome. - Quantos negros? Quanto furor? Tantos tambores...tantas cores... O quê comparar com cada batida no tambor? ***** “- A escravatura não foi abolida; foi distribuída entre os pobres.”

PARE




Limpa menino
O vidro do carro.
Ensaboa, enxágua
A visão embaçada.
Na sinaleira da vida,
Válvula de alivio,
Filtro da sociedade (cidade).

Assim que o sinal abrir
Horizonte mais limpo aparecerá;
Pra você, só depois de molhar,
Com lágrimas,
O pára-brisas do seu olhar.

CAVALARIA




Seguiam sete selas,
cavalos.
Quatro à frente
Ou três atrás.
Entremeado  às ferraduras,
algemas nos braços:
Era a cavalaria
exercitando velhas lições,
tradição do império.
Faltou a corda no pescoço,
arrastar condenado no asfalto,
esquartejar.
- Tempo primitivo, vai!
Sandálias de passos,
contramão total:
Cor da pele negra.
Bainha da bermuda batia nos joelhos,
Bainha do olhar nos pés.
Cavalaria...
O cacetete é o prolongamento do braço:
lição da academia.

MAC ACARAJÉ




Contei todas as esquinas da Bahia,
Projetei no futuro,
Em cada estação do Metrô
As máquinas serão postadas.
Mais que as Colas,
Servirão à toda  população.
Uma vez o cartão magnético passado
Faz-se a opção:
Com camarão ou sem?
Vatapá, caruru, salada...
Frio ou quente?
- Microondas.
- Sabor picante artificial.

Sei da social convulsão,
Sei que  a mão amassadora de feijão
Terá destino certo na emigração.
A “ mão invisível” de Keynes  já explicou:
Vale do Silício.
Sic.

As telas coloridas e sonoras
Seduzirão mais que a essência
De dendê mineral.

Registrei a patente na federação,
Nos terreiros, fiz oferendas aos orixás.
Bill Gates vai patrocinar.

CLARIVIDÊNCIA



Fizeram agora 
Dinheiro de plástico. 
O papel-moeda 
foi posto de lado. 
Eis a denúncia 
no verso: 

Quinhentos anos... 
Índios atônitos, 
Trabalhos mestiços, 
Negros circunspectos. 
Só alegres os loiros e brancos. 

Vale o dinheiro. 
"Deus seja louvado" foi esquecido. 
Observe a nota: 
Tem uma no seu bolso. 
Nota 10. 

Ressuscita Caminha, 
Reescreva tua obra de ficção. 
- Por dez moedas 
um povo é crucificado. 

Ah, Cabral! 
Afundamos mais uma vez 
A tua caravela. 

COITO




De minha órbita via
Seu globo.
Globo terrestre qual.
Revolvia...

A láctea via
Ao Ápex 
Tendia.
Uma esfera, como

Sobre seu eixo,
De leste a oeste,
Fazia

Nascer
E se pôr 
O prazer.

"É um sonho 'zumbiesco' este livro!!!"

"Castro, ex-cravo dos poetas"

Relação dos 'Malungos':

Al Eleazar Fun 
Andréia Lisboa de Sousa 
Atiely Santos
Conceição Evaristo 
Cristiane Sobral 
Cuti 
Domingos Moreira 
Edson Robson Alves dos Santos 
Esmeralda Ribeiro 
Jamu Minka 
José Carlos Limeira 
Luís Carlos de Oliveira 
Márcio Barbosa 
Miriam Alves 
Oliveira Silveira 
Oubi Inaê Kibuko 
Ruth Souza Saleme
Sebastião JS 
Sidney de P. Oliveira 
Thyko de Souza 
Zula Gibi

Estou lendo...:

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"DEVERES AUTORAIS"

"Amarrados no Tombadilho"

"ERROS DE IMPRESSÃO"

A Capa, O Poeta, As Minas.!!!

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