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Resenhas de Babel: Cultura, Literatura, Filosofia e outros assuntos chatos

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Modesta Proposta, Cap IV ]

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Modesta Proposta

Um conto de Ficção Científica

Alexandre Gomes

 

Capítulo I - Nostalgia

Capítulo II - A Missão

Capítulo III - O Ideal possível

A nave se levantava de forma quase imperceptível. Distraído preocupado com as palavras de Wells, Ayyub só nota a decolagem quando ela já está terminando. Metade das cadeiras está vazia, afinal Argel não é um destino popular, ainda mais nos tumultuados dias pré-eleitorais da Confederação das Repúblicas Islâmicas de Dar-Al-Islam.

Ele havia se encontrado poucas vezes frente a frente com Wells, embora ele tivesse sido companheiro de seu avô e também tivesse sido aluno de seu professor preferido. Nenhuma vez contudo a conversa havia sido tão séria como aquela.

- Já pensou sobre os motivos pelos quais os homens temem tanto as máquinas? - havia lhe perguntado o adversário.

Recusando as respostas de Ayyub, Wells tinha sua própria teoria, que não deixava de fazer sentido: o medo dos homens às máquinas era do mesmo tipo que de medo que os patrícios tinham aos plebeus, os senhores aos escravos, os opressores aos oprimidos. Durante a conversa ele havia desdenhado os argumentos de Wells dizendo que mais antiquado que ser contra as máquinas, só imaginar uma versão robótica de luta de classes, mas a idéia ia se repetindo em sua cabeça, ganhava consistência, encontrava argumentos. Pelo menos o suficiente para inquietá-lo.

A sociedade moderna havia sempre lhe inspirado uma devoção particular, cada progresso técnico era saudado por ele como se fosse uma conquista particular. Ele sabia, talvez muito mais que a maior parte de seus contemporâneos, o quanto havia de problemas naquela utopia que havia se realizado, mas elas lhe pareciam como consequências naturais das imperfeições não do sistema, mas do homem.

"Dado um homem livre e senhor de si mesmo, com todas as suas falhas e acertos, vícios e virtudes, esta é a melhor sociedade que podemos construir", lembrou-se ele da frase de Helmut Goldmann, seu velho professor e um dos arquitetos da sociedade que se ergueu depois da derrubada do Conselho dos Trinta. Mas não se esquecia que mesmo o velho mestre havia se afastado repentinamente da vida pública e morrera insatisfeito com os rumos que a democracia utópica vinha tomando.

Mas não havia como não ser otimista, como não defender aquela sociedade que pareceria um sonho a qualquer homem dos últimos três séculos. Que alternativa havia? A egoísta plutocracia dos trinta magnatas que por 25 anos havia governado o mundo, a rígida república teocrática de Dar-al-Islam, a supersticiosa Índia na qual cada homem tinha seu destino traçado pelo nascimento, a burocrática China na qual a vida era definida por algum obscuro amanuense em um escritório distante, a centralista Ásia Oriental na qual se vivia para o trabalho, todas estas opções lhe pareciam infinitamente piores que a atual.

Além de tudo, máquinas havia em todas elas e a diferença era menos do nível tecnológico - embora existissem ênfases e prioridades diferentes para aplicar estas tecnologias - mas do objetivo que cada uma daquelas sociedades queria atingir. A Federação estava um pouco a frente em tudo porque de todos aqueles aglomerados de velhas e novas nações, afluíam para ela os melhores cérebros, os mais talentosos artistas, todos aqueles que desejavam libertar-se de qualquer limite ao pensamento. Mas o cidadão médio de qualquer uma daquelas federações podia acreditar-se vivendo em um nível muito similar ao de seus vizinhos estrangeiros.

Ao se lembrar do velho professor de novo imaginou que poderia utilizar um velho texto que era um dos preferidos do seu mestre: "Modesta Proposta para que os filhos dos pobres da Irlanda não pesem sobre seus país ou sobre o país".

Colocou os óculos VR e solicitou o texto na Biblioteca da rede - sonho de qualquer bibliófilo dos séculos anteriores que reunia todos os textos escritos pela humanidade em pelo menos um dezena de línguas cada um, à disposição de quem quisesse lê-los. E ao contrário das gerações passadas, os contemporâneos de Ayyub, liam.

Como era um texto antigo ele pode ultrapassar as várias telas que deduziam de seus créditos o direito autoral, pagando apenas alguns centavos para as despesas administrativas. A Biblioteca havia sido iniciada pelo Gabinete dos Trinta e naquela época não se pagava nada, os custos eram pagos por publicidade.

Um grande debate nos primeiros dias da Assembléia Mundial havia decidido que não era possível deixar o leitor ser influenciado pela propaganda. A Assembléia decidiu também ampliar o projeto para englobar todos os textos, trabalho de 15 anos. A cobrança foi atacada diversas vezes, mas por final a Assembléia sempre havia decidido não substituí-la por outra forma de cobrir as despesas.

 

 

(Continua na próxima edição)

 


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Modesta Proposta, Cap IV


 

São Carlos, Quarta-feira, 01 de Março de 2000

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