Torno a ver, nos meus dias de criança,
O teu regaço, a lamparina acesa,
O pequeno lençol que trago na lembrança,
A oração da manhã e o pão à mesa...
*
Varro o chão, a fitar-te as mãos escravas,
Afagando o fogão, de momento a momento...
A roupa e o batedouro em que cantavas
Para esquecer o próprio sofrimento...
*
Depois, era o tinir da caçarola,
Aumentando a despesa no armazém...
Vestias-me de renda para a escola
E nunca me lembrei de ofertar-te um vintém.
*
Cresci... A mocidade me requesta,
Ante a cidade de qualquer maneira...
Parti... - eu era a rosa para a festa,
Ficaste... - eras a rústica roseira.
*
De tudo vi na estrada grande e nova,
As flores do prazer, o brilho, a fama,
A malícia dourada e os suplícios da prova
Marcando a pranto e fel os passos de quem ama...
*
Hoje, volto a buscar-te, mãe querida,
Dá-me de tua paz sem ilusão,
Guarda-me em ti, o amor de minha vida,
Alma querida de meu coração.
(Mensagem recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier, em reunião pública do Grupo Espírita da Prece, na noite de 9-março-85, em Uberaba, Minas Gerais)