Alan Wilder

Você conhece DEPECHE MODE, não? Claro, pois ao visitar CYBERAMA, ou você gosta de quadrinhos, ou anime, ou cinema, ou, neste caso, MÚSICA ELETRÔNICA. E, mesmo não concordando, o Depeche Mode é a mais importante em seu gênero (unindo a sonoridade dos pais Kraftwerks ao, vamos chamar assim, PoP...). Mas porque citar aqui Depeche Mode, se o assunto é outra banda... Pois, para quem não sabe, a “banda” RECOIL é simplesmente uma única pessoa, chamada ALAN WILDER. E Alan Wilder FOI membro do Depeche Mode. Mas dizer que ele foi apenas um integrante da banda é um tanto simplório, pois Wilder, no DM, cuidava de toda a parte de estúdio e arranjos das músicas escritas por Martin Gore. Se existe um responsável por todo a atmosfera , o aspecto intimista e experimental que tomou conta do DM a partir de 1986, este alguém é Wilder. Quem conhece os trabalhos do Depeche Mode concorda que a partir de Black Celebration, as músicas da banda passaram a ter um trabalho de produção e arranjos quase que de soundtracks para cinema. Emoção e técnica pura. Pois esta estética, este clima todo vinha de Alan Wilder, que entrou para o Depeche Mode em 1982, substituindo Vince Clarke (que saira da banda em 81).

Em 1984/85, Wilder, paralelo ao DM, já trabalhava seu própio projeto, chamado RECOIL, onde leva a experimentação ao extremo. E é aonde Wilder dedica-se exclusivamente no momento, após anunciar publicamente seu desligamento do Depeche Mode, em 1995.
Após o ótimo BLOODLINE, Wilder, ou simplesmente RECOIL nos brinda com um excelente álbum, chamado UNSOUND METHODS.

Alan em seu estúdio, agora à serviço apenas do RECOIL

O SISTEMA DE TRABALHO

UNSOUND METHODS foi trabalhado de maneira única... É o primeiro LP do RECOIL para qual Wilder mais pôde dedicar toda sua energia criativa desde deixou o Depeche Mode. Trabalhando em seu próprio estúdio, ele compôs as músicas e idéias gradualmente para todas faixas antes de passa-las a cada colaborador. Alan Wilder convidou diversos vocalistas... e deu liberdade total de criação para as letras das músicas. Explicando: pegamos por exemplo “DRIFTING”, onde temos a voz de Siobhan Lynch. Wilder gravou a música, toda acabada, mixada, com seu detalhes, tudo o mais... e passa a Lynch, que ganha uma espécie de BREAFING no qual Alan baseou-se para a criação da música. Tendo a idéia básica, Lynch escreveu uma letra procurando captar a emoção e sensações ao qual o instrumental de Wilder propõe-se. É uma maneira única de trabalho, que dá maior liberdade de criação para ambos... e nos proporciona um resultado extremamente autentico... realmente muito legal.

Siobhan LynchDouglas McCarthyMaggie Estep

O DISCO

Durante as nove sombrias e apavorantes faixas de UNSOUND METHODS, nós somos levados à beira da loucura, á escuridão, acordes sedutores e um ritmo eletrônico profundo. ... trata-se de uma viagem angustiante ao terror, e, tenham certeza... não estou usando tais termos por insinuar que seja um trabalho de má qualidade. Muito pelo contrário.
Uma das coisas que Wilder sempre primou com o Depeche Mode foi o clima, a atmosfera sonora... algo que faz você colocar fones de ouvido, fechar os olhos e ouvir cada faixa, criando em sua mente um ambiente, utilizando a música que escuta como pano de fundo para um contingente infindável de imagens que brotam na sua cabeça, embalado por notas e timbres que vão de um ouvido para o outro, que mesclam-se com tantos outros... Parece um tanto quanto sentimental tal descrição... mas é uma das maneiras que pode-se usar para comentar tal sonoridade... E em UNSOUND METHODS a palavra de ordem é ANGUSTIA, MISTÉRIO... é incrível como cada música “respira” sozinha, pulsa em seus ouvidos como se tivesse vida própria, e ao mesmo tempo encaixa-se perfeitamente em um único contexto. O álbum surpreende pela sua riqueza assustadora de detalhes.
As 9 faixas de UNSOUND METHODS duram em média 7 minutos cada... definitivamente não são faixas comerciais... o que poderia ser algo esperado vindo de alguém que saiu de uma banda não tão comercial, mas badalada e respeitada como o Depeche Mode. Definitivamente, aqui vemos o que Alan Wilder certamente NÃO pode fazer no DM.
Como vocalistas convidados, Siobhan Lynch, Maggie Estep, Douglas McCarthy e Hildia Cambell conspiram com o ex-membro do DM por uma selva de imagens a cada nota, que invocam medo, paranóia, desejo e cobiça em medidas iguais e exatas. Se há um tema no álbum, é algo relacionado a loucura. Nisto, um titulo nunca foi tão hábil em registrar, como aqui.

As músicas passam todo o clima claustrofóbico a que se propõem... todas são muito boas e fabulosamente produzidas... fica difícil de explicar... “LUCIOUS APPARATUS”, por exemplo, cantada por Maggie Estep, conta a história de uma garota que conhece um sujeito chamado Jack, que a persegue querendo extupra-la e tortura-la com seu “aparatos de luxúria”... A descrição só não basta, os vocais vão ficando pesados, em um tom desesperado, passando toda a angústia da personagem naquela situação... É surpreendente. E este é apenas um exemplo...
Há também Douglas McCarthy, vocalista do Nitzer Ebb, que já trabalhara com Wilder no álbum Bloodline, abrindo o álbum com “INCUBUS” cujo humor é inspirado pelo filme "Apocalypse Now", de Francis Ford Coppola, e inclui alguns trechos de diálogo deste mesmo filme. A coisa mais esquisita é que Doug soa exatamente como Martin Sheen . McCarthy também solta seu lado Mr. Hyde na lúgubre “STALKER”.

Infelizmente, UNSOUND METHODS, bem como todos os outros trabalhos do Recoil não foram lançados no Brasil, e só podem ser adquiridos em importadoras... mas vale o preço.

Ouça, e veja que não é só com “peso” que se passa terror. Pode ter certeza.

RECOIL ° UNSOUND METHODS
Escrito e produzido por ALAN WILDER
Faixas:
INCUBUS
(Vocais de Douglas McCarthy)
DRIFTING
(Vocais de Siobhan Lynch)
LUCIOUS APPARATUS
(Vocais de Maggie Estep)
STALKER
(Vocais de Douglas McCarthy)
RED RIVER CARGO
(Vocais de Hildia Campbell)
CONTROL FREAK
(Vocais de Maggie Estep)
MISSING PIECE
(Vocais de Siobhan Lynch)
LAST BREATH
(Vocais de Hildia Campbell)
SHUNT
(Instrumental)

Conheça mais sobre o RECOIL:

The Unofficial Alan Wilder - Recoil Home Page

Mute Liberation Technologies

 

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