|
Resumo das narrativas do Viajante( via fone, E-mail e carta ) DEZ/1999 - JAN/2000 06/12/1999 - Comecei minha aventura no estacionamento do BH SHOPPING ás 08:00 h da manhã. Chovia muito e somente alguns funcionários daquele estabelecimento presenciaram a partida de uma viagem de centena de milhares de quilômetros. Acredito que nenhum daqueles rostos poderia imaginar que aquele maluco, debaixo de uma capa amarela e de muita chuva, estaria iniciando uma viagem ao redor do MUNDO. Ao meu lado, como única testemunha histórica do meu feito, o Henrique, que com certeza é a única pessoa em BH que me apoiou. Tenho certeza se ele tivesse dinheiro ele me ajudaria, mas o cara já têm de sustentar família e não dá para pedir muito ( até alguns "borrachas" ele soltou na praça para me ajudar a comprar o equipamento ). Após uma despedida rápida, mas quase homossexual ( apesar de nós dois sermos espada...e matador ), com aquela famosa frase: "IH!! Eu acho que entrou um cisco no meu olho", deixei meu amigo debaixo de chuva e comecei sozinho a maior aventura da minha vida. Não sei se foi a vontade de desistir que me fez imprimir um ritmo alucinado, fazendo uma média de 18 Km/h ( pedalada) mesmo debaixo de uma chuvinha enjoada. O que eu sei é que por volta das 17:00 eu estava em Divinopolis. A Flávia ainda não havia chegado ao local de nosso encontro, Av 1º de junho, em frente ao BRADESCO. Após alguns minutos entendi por que ela havia marcado comigo ali. Vi a Flávia saindo de dentro do banco com a cara mais sapeca do Mundo. " Demorei?". Após a minha negativa ela me explicou que marcou ali por que queria me apresentar a um amigo que trabalhava no banco, segundo ela: " cheio da boa e muito gente fina". Mas devido ao movimento daquele dia, e talvez a chuva,o cara nem se deu ao trabalho de sair lá fora. Fui para casa da Flávia e desabei logo ao chegar. Estava um bagaço, não pela viagem, mas por que ainda sentia o gosto do álcool ingerido na despedida da anti-véspera. Realmente eu não devia ter bebido, hábito que não prático com frequência. Foi muito chato, pois a Flávia queria conversar e eu estava "morto". Não deu nem para tentar investir naquela bela morena ( quem sabe mais tarde ). Bringadeirinha Flávia... 07/12/99 - O dia amanheceu melhor, e eu também. Hoje vou penar um bocado, talvez, numa das maiores distâncias percorrida em toda viagem, em apenas um dia:150 Km. Eu não pretendo percorrer distâncias maiores de 100 Km/ dia, mas a presa de sair do Brasil é muito grande. Eu estou com medo de desisitir, e estando aqui "dentro" fica bem mais fácil decidir por essa covardia. Como eu acordei um pouco tarde a Flávia não pode me esperar. Ela achou que eu iria esperá-la voltar do serviço. Não acreditou que eu ia ficar apenas uma noite. Que pena. Flávia... brigaduu, valeu mesmo, na próxima vez vc não me escapa. O dia foi normal com alguns caminhões querendo me provar na prática que são maiores do que minha bicicleta... mas alguns caminhoneiros me faziam sinal, dando a maior força... parei em um posto para "almoçar" e um cegonheiro brincou:"Cara!tu é maluco. Pega um carro desse aí em cima do meu caminhão e joga esse camelo fora. Vai de Fiat cara. "Agradeci a brincadeira e segui viagem. Cheguei em Piumhi já escurecendo. Pânico. Pois nessa cidade eu não conheço ninguem e caí na real de que agora o negócio é pra valer. Acampei em um lote vago de um senhor muito gente boa, pena que nem ao menos o nome dele eu fiquei sabendo. Fiz minha primeira "janta" ( macarrão) em meu fogão. A minha primeira noite acampado foi meio paranoica. Comecei a lembrar aquela cena das BRUXAS de Blair (?). Mas sobrevivi. 08/12/99 - Comi muita poeira na estrada de terra até o parque nacional da Serra da Canastra. Como madruguei, consegui chegar ás 10 da manhã no Parque. Fiquei impressionado com a nascente do rio São Francisco. A gente as vezes duvida que dali parte aquele "monstro de rio" chamado velho chico. Vi muito passarinho e consegui dar de cara com um lobo-guará. Um guia me disse que esse encontro é raro e ficou duvidando da minha história. Acampei dentro do parque aos pés da Cachoeira da Casca d'anta. O barulho da queda d'água é o maior sonífero do Mundo. 09/12/99 - Segui viagem para Franca e consegui me "hospedar" no lado de fora da pousada Águas Quentes, que fica no balneário do mesmo nome. A noite consegui um bônus. Mergulhar nas piscinas de água natural. 10/12/99 - Pedalei 52 Km para chegar em Batatais.Fiz um tour cultural na igreja matriz da cidade. Lá ficam expostos, permanentemente, vários quadros de Cândido Portinari. Não sei dizer se Portinari nasceu aqui, o pior é que nínguem na rua me deu certeza, alguns diziam que sim, outros que não. Acredito que não, pois apesar de nosso país não ter memória e muito díficil ignorar um Portinari. A noite fiz meu primeiro contato com a "base". Liguei para o Henrique, à cobrar ( desculpa cara) e participei, via Telemar, do aniversário da filha dele. Isabelle, muitas felicidades. Eu como não tenho família para cuidar, fico admirando a famílias alheia. Têm que ter talento para coisa. Aproveitei a ligação e passei as primeiras notícias da jornada. O Henrique disse que vai lançar O DIÁRIO DE BORDO na Internet. 11/12/99 - Foram os 45 Km mais longos ( e tristes ) da minha vida. Ainda de manhã quando estava passando perto da cidade de Brodovi...(alguma coisa), na Rodovia Portinari, um corsa prata GVR (alguma coisa ), literalmente , se jogou contra mim... o tombo foi inevitável... eu estava a 25Km/h e por muita sorte não machuquei muito... a bicicleta não sofreu grandes avarias, mas quando cheguei na entrada de Ribeirão Preto e tentei fazer uma foto da cidade descobri que minha câmera, que estava no alforje dianteiro, estava quebrada. E o pior é que o filme que estava nela ficou exposto a luz e com certeza... dançou... Perdi todas as 20 fotos que havia feito até então... adeus fotos da Flávia, do Parque da Canastra, Franca, etc... a câmera eu poderei conseguir outra ( mesmo que não saiba ainda como ) mas essas primeiras lembranças da viagem se perderam para sempre....é incrível como um "maluco" pode estragar todo um sonho... fiquei bastante deprimido com o ocorrido, pois além de perder minhas fotos não sei como adquirir outra câmera com meu magro "orçamento". Como é díficil se aventurar sem patrocínio....não tive ânimo para atravessar a cidade e me acomodei em um hotelzinho... 12/12/99 - Não pude evitar... ás 06:00 da manhã abandonei o hotel e atravessei a cidade de Ribeirão Preto como um autômato... minha frustação com a "tragédia" do dia anterior e uma pequena dor no braço direito, me deixaram de tremendo mau humor.... A cidade não tem nada a ver com meu infortúnio, mas queria me afastar daquela cidade grande o mais rápido possível... pretendo evitar ao máximo as cidades "urbanas"... A indiferença do povo na rua, aliada a minha perda me fizeram repensar minha jornada.. alguma coisa está conspirando contra meu sonho... mas agora eu acredito ter força suficiente para não desistir... os problemas do dia anterior , pelo menos me deram um pouco mais de "garra". Meu odômetro marcou 93 quilômetros até Araraquara... cheguei na cidade as 12:00 e só aí me dei conta que era Domingo... minha vida está correndo, acredito, em um ritmo completamente diferente do resto da humanidade... eu deveria ter descansado este dia em Ribeirão, mas esqueci completamente da programação...armei barraca na área da Universidade de Araraquara e não tive nem disposição para preparar uma refeição decente... às 19:00 quando estava escrevendo em meu diário um homem se aproximou de minha barraca e começou a bater no teto e a gritar que eu não poderia ficar ali... sem sair da barraca expliquei minha situação e informei que partiria pela manhã e que não seria possível fazer nada naquele momento.. o homem se afastou e alguns minutos depois voltou com uma garrafa de café e alguns biscoitos... pediu desculpas pela desconfiança anterior e ficamos conversando por algumas horas... interpretei que fosse o vigia da universidade, apesar de não estar uniformizado,( e nem ao menos ter cara de segurança). Ele mais falava do que escutava e demonstrava grande admiração pela minha aventura, revelando, nas "entrelinhas", que também sonhava com algo parecido. É incrível como um possível agressor tornasse um grande amigo em poucos segundos... a vida é assim: se estivermos dispostos sempre haverá paz... a guerra é consequencia de nossa falta de visão. Marcos, assim era o nome dele, disse que quando viu aquela barraca ali pensou tratar-se de mendigo ou sem-terra, e já se "armou" para expulsar o invasor.... 13/12/99 - Meu ânimo voltou e a dor no braço desapareceu... de manhã me deixaram utilizar um computador da Universidade para enviar um E-mail para a base ( Henrique) informando os acontecimentos do fim de semana e a perda da máquina fotográfica. Pela primeira vez comecei a pedalar na parte da tarde.... demorei 5 horas para cobrir os 72 Km entre Araraquara e Jaú.. nessa cidade fiquei na casa de um amigo, o André.... Recuperei minha esperança e já não tenho mais tanta raiva dos percalços da viagem ( nem mesmo do corsa prata ). 14/12/99 - Na cidade de Bauru eu tenho o apoio do "Jornal de Bauru" que há vários meses atrás se colocou a disposição, oferecendo hospedagem e alimentação durante minha passagem pela região. Gostaria de pedir desculpas a direção do jornal e prometo que no meu retorno da viagem darei uma entrevista completa a este periódico. No momento, devido aos recentes acontecimentos e ao pouco tempo de viagem, não me sinto a vontade para tecer comentários ou dar entrevistas... Fica aqui registrado o apoio do "Jornal de Bauru" a minha jornada e minha total falta de consideração ao evitar contato com o mesmo durante minha curta passagem na cidade....ainda não estou preparado para o estrelato.Hehehehe!!! 15/12/99 - Na SP225 consegui furar o pneu traseiro duas vezes .... depois um guarda rodoviário estadual queria dar fim a minha aventura, dizendo que eu não podia trafegar na pista ... se no asfalto já estava furando o pneu imaginem no acostamento... "corajosamente" dei de ombros as alegações do "agente da lei" e segui viagem .... definitivamente não esperava tantos problemas na minha aventura... no papel e na mente é tudo bem mais fácil... resultado: com tanto atraso fui obrigado a acampar no meio do "nada", alguns quilometros antes de Ourinhos... já estou me acostumando com os sons da noite na beira da estrada.... 16/02/99 - Passei batido por Ourinho e fui acampar na simpática cidade de Bandeirantes, já no estado do Paraná... 17/02/99 - Estou na cidade de Cornélio Procópio e tive animação suficiente para caminhar pelo Ecocentro Vila Verde... realmente o Paraná é um estado ecológico por "natureza" ( trocadilho infame )... parece exagero, mas apesar de menos de 100 Km da divisa com São Paulo, pode-se dizer que estamos em outro país... estou em estado de graça... conheci uma simpática paranaense que me "endeusou" tanto que deu até vontade de ficar por aqui... Andréia, um grande beijo para você... 18/02/99 - Cheguei em Londrina às 09:00 e fui direto para casa do Robson, um ciclista que conheci em BH em 1997... tirei a tarde de Sábado para conhecer o Parque Arthur Tómas e mantive contato telefônico com a base... o Henrique está triste até hoje por causa da máquina fotográfica ( era dele ), não somente pelo valor sentimental, mas por que ele já queria rechear minha página na Internet com fotos da aventura... ele prometeu conseguir outra câmera o mais rápido possível... Visitei minha página na Internet e achei que o Henrique é demais ( o cara aprendeu, sozinho, a fazer Home Page só para narrar minha jornada )....o corpo começou a "pedir penico". Amanhã vou tirar o dia inteiro para descansar... 19/02/99 - Fiquei o dia inteiro de molho, concentrado para a final do Campeonato brasileiro ( Sim, eu sou atleticano com muito orgulho )... de noite o Henrique ligou para lamentar a derrota do Galo e dizer que estão chovendo mensagens de apoio pela Internet. Ele repassou algumas para mim. Um abraço para a Cátia, de Bauru, o Felipe, de BH, o Marcos, de São Gabriel do oeste, a Cíntia, de Farroupilhas, a Sheila, de São Paulo, o Luciano, de Ribeirão Preto,o Paulo, do Rio e o Markito de Sabará, entre tantos que me escreveram.... em alguns casos eu já passei pelas respectivas cidades e em outros, se possível, farei uma visita quando passar pela cidade... 20/12/99 - Dei uma esticada de 115 Km até Maringá e senti muito, não sei se devido ao dia de descanso ou se por causa da quilometragem alta ( agora pretendo não ultrapassar os 100 KM/dia). Acampei escondido nas imediações do Parque do Ingá. De madrugada fui acordado por uma "faca" roçando a lona de minha barraca...a adrenalina afastou o sono por completo e me armei de uma faca que deixo sempre próximo ao travesseiro.... Perguntei quem era e a "faca" passou a roçar freneticamente. Dominado o medo, a imaginação e o resto de sono que me dominava, analisei a situação e interpretei que deveria ser um animal. Cautelosamente abri a barraca e me deparei com um Quati, com a cara mais amistosa do Mundo. Antes de dormir eu havia me fartado em frutas e caí no sono deixando a sobra de meu banquete na entrada da barraca. Meu amigo "Zé Colmeia" comeu os restos e inteligentemente entendeu que lá dentro deveria existir mais. Saciei o apetite do amigo, espantado pela sua docilidade e inocência, e fiquei filosofando com um Quati até o amanhecer... simplesmente transcendental... 21/12/99 - Na estrada entre Maringá e Campo Mourão, na altura da cidade de Floresta, fui abordado por um senhor, de idade avançada, que se postou diante da minha bike enquanto eu passava por um posto de gasolina...Ele disse que estava torcendo por mim e me entregou um crucifixo de madeira, acredito eu,com meus parcos conhecimentos religiosos, da Igreja carismática. Agradeci o presente e ele me convidou a fazer um lanche "0800" (grátis) na lanchonete do posto. Lá dentro formou-se um grupo de caminhoneiros e funcionários ao meu redor, intrigados com minha missão. Foram tantas perguntas e atenções que não consegui perguntar ao senhor do presente como ele havia tomado conhecimento da minha aventura. Como não dei nenhuma entrevista para TV achei estranho que um senhor de idade tão avançada e que possivelmente vive pelas estradas do país, como caminhoneiro, tivesse visto o site do Henrique na Internet ( preconceito besta, pois segundo o Henrique o site está recebendo + de 500 visitas por fim de semana ). Acredito que minha magrela toda cheia de bagagens deva ter dado a pista da minha missão. Não escondo minha condição de agnóstico, mas devo confessar que aquele presente religioso me tocou profundamente. Dormi em outro posto, já na cidade de Campo Mourão, e dormi como um tronco de árvore...um sono restaurador.... 22/12/99 - Dia nublado... peguei minha primeira pancada de chuva, mais fortes, na estrada. A capa passou no teste...Por causa da chuva resolvi acampar na beira da estrada. Aproximei-me de um rapaz que trabalhava atrás de uma cerca e pedi para acampar dentro da fazenda. Ele correu até a sede e voltou com a resposta positiva. À noite o Sr. Nilo, proprietário da fazenda, me convidou para assistir o telejornal na casa e me ofereceu um jantar digno de um rei. Em agradecimento relatei minhas, ainda, poucas aventuras na estrada, mas quando descrevi meu percurso futuro notei a admiração de toda família de meu anfitrião... acabei dormindo em um quarto oferecido pela Dona Cida... Aquela overdose de conforto, TV e cama "normal", por incrível que pareça, afetou meu sono. Incrível como as coisas estão correndo como que em sonho nessa fase da viagem. Será o espírito do natal??? 23/12/99 - Apesar dos apelos da família do Sr. Nilo e de todo conforto, tomei o rumo de Cascável. Cheguei na cidade e fiquei muito assustado com o movimento. O povo transitava freneticamente fazendo as últimas aquisições de Natal. Consegui quase passar despercebido (no Paraná parece que "viajar" de bicicleta é bastante comum) se não fosse o escândalo que um cidadão fez ao me ver aproximar do Parque Ecológico da Cidade. Ele correu ao meu encontro e já foi puxando minha mochila. Confesso que pensei ser um" ladrão de bicicleta". Ele se apresentou como FRED e explicou que era um "colaborador". O Henrique vêm tentando cadastrar o maior número possível de colaboradores pelo caminho, mas confesso que para mim é díficil seguir esse "esquema". Eu acordo de manhã e tenho apenas como objetivo a próxima cidade e observar o máximo possivel a natureza. Mas a "emboscada" do Fred é digna de nota. Como a base informou a ele que eu deveria passar pelo Parque, ele ficou de "tocaia", juntamente com alguns amigos em revezamento, nos dias 22 e 23. Fui arrastado para casa do Fred que jurou me segurar na cidade até o Natal. 24/12/99 - O Fred trabalha em um banco da cidade e devo dizer que realmente é uma pessoa incrível. Peço de novo desculpas a ele e a sua família pela partida, sem a participação na ceia de Natal. O problema é que não me sentiria bem partinhando de um festa tão íntima. Desculpe... "Caí" na estrada com a forte intenção de acampar no meio da estrada e evitar ao máximo o clima festivo, pois não é muito saudável lembrar de Natal a quilômetros da terra natal. Acampei em um posto rodoviário próximo a cidade de Céu Azul e após trocar algumas palavras com os patrilheiros de plantão resolvi fazer minha "ceia" sozinho. Esquentei a "marmitinha" que a mãe do Fred me presenteou: ( Pernil, Farofa, arroz e uma torta de frango sensacional ). Para brindar uma garrafa de Coca, excentricidade que não posso usufruir sempre... Após a "frugal" refeição fiquei horas observando as estrelas e parei para pensar que enquanto milhares de pessoas trocavam abraços e presentes eu estava ali, acampado em lugar nenhum, sozinho... deveria pintar uma depressão, mas na verdade fiquei em estado de euforia, pois ali no escuro olhando para o céu, vi várias estrelas cadentes e foi inevitável fazer uma analogia com uma determinada estrela que cruzou o espaço há 2000 anos atrás. Grandes acontecimentos da história foram assim, na solidão da estrada, tendo somente as estrelas como testemunhas. 25/12/99 - Acordei às 05:00, desmontei o acampamento e segui para Foz do Iguaçu. Cheguei ainda pela manhã e fui direto para a área de camping próximo ao Parque Nacional do Iguaçu(Camping Club do Brasil ). Passei a tarde no Parque das Aves que fica a menos de 5 minutos de caminhada do meu "hotel". Lá existem aves de todos os continentes. A noite fiz contato com a base e desejei um Feliz Natal ao pessoal de BH extensivo a todos os novos amigos que mandaram suas mensagens de apoio pela Internet. Amanhã vou "descansar" e visitar as cataratas. 26/12/99 - Como hoje é dia de descanso, fui de onibus até o Parque e caminhei pela passarela até a Garganta do Diabo. É impressionante a força das águas e o estrondo que ela faz. Eu queria fazer o passeio de barco até a Garganta, mas não posso me dar ao luxo de passeios pagos. Preferi percor algumas trilhas e pude observar algumas capivaras. Passei a tarde perambulando pelo parque. Antes de voltar para meu acampamento passei por uma confeitaria na cidade e rêpus algumas centenas de calorias. 27/12/99 - Atravessei cedo a ponte da Amizade em direção ao Paraguai. Achei que iria ter algum problema com a Aduana, por causa dos equipamentos, mas para meu espanto parecia que a "Fronteira" estava de férias. Um agente federal me comprimentou como se eu fosse um velho conhecido. Devo ter batido o recorde mundial de menor permanência, de um brasileiro, na Cidade del leste. Atravessei a cidade como um "foguete" apesar de inicialmente ter pensado em parar lá para procurar algum euipamento em promoção. A cidade é muito "avacalhada" e eu não me senti seguro em suas ruas apesar de ainda ser muito cedo e o movimento não estar tão intenso. Segui viagem até a cidade de Doctor Juan Leon Mallorquin e resolvi passar a noite nesta simpática cidade; em tempo, simpática para os padrões paraguaios. Os paraguaios têem se mostrado bastante receptivos, apesar das inúmeras recomendações contrárias que ouvi antes de sair do Brasil. Não tive dificuldade em conseguir um bom local para armar a barraca, utilizando meu excelente portunhol. 28/12/99 - Estou usando minha camisa da seleção brasileira para "abrir caminho" e as pessoas estão me abordando e tratando muito bem. Não sei se na Argentina a "amarelinha" terá o mesmo efeito... acho bom não arriscar...Os paraguaios são fãs do nosso futebol. E eu encho a bola do Gamarra...Pedalei hoje até a cidade de Coronel Oviedo. Acampei nos fundos de uma igreja...A noite caiu um verdadeiro pé d'água... 29/12/99 - Retardei minha partida para que a barraca secasse ao Sol ( um fraco Sol por sinal ). Como comecei o percurso do dia, na parte da tarde, e devido a pancadas esparsas de chuva, não consegui grande rendimento e parei em Caacupú. Não faltaram convites para pernoites em um quarto normal, mas me contentei com um local seco para acampar. 30/12/99 - Um calor infernal me aguardava em Assunção. Na capital paraguaia fiquei hospedado na casa do Edmundo, um brasileiro que trabalha na cidade há 2 anos. É grande a expectativa de todos aqui para a passagem de ano. 31/12/99 - Dia de descanso. Passei o dia vagando pela cidade e fui visitar o bonito Jardim Botânico as margens do Rio Paraguai.... A noite nos acomodamos na próximo ao Panteão Nacional para aguardarmos a chegada do novo século. Edmundo me apresentou vários amigos e deu até para ver a chegada do ano ao lado de uma bela "muchacha", que ninguém é de ferro. VIVA 2000. Não deu para evitar um pouco de álcool e acredito que amanhã não vai dar pedal.... |