R E L A T Ó R I O
A SAÍDA
Marcada para sair exatamente aos 2 minutos para a meia-noite, em homenagem à música “2 Minutes to Midnight”, da Donzela de Ferro, a excursão acabou saindo da Sede do Atlético só lá pras meia-noite e meia.
Mas a aglomeração da galera começou cedo. Por volta das 22 horas, alguns mais afoitos já haviam dado as caras. Quem ia chegando ia pegando a camisa da excursão e escolhendo o seu lugar no ônibus. Algumas garrafas de Chapinha iam sendo abertas para fazer o tempo passar. E alguns foguetes também foram disparados, anunciando aos vizinhos que dali estava pra sair a excursão mais doida e mais metal para o Rock In Rio.
A Sede do Glorioso foi o ponto de partida.
Onze e meia mais ou menos o buzu da Trans-Diniz chegou. Era um Scania Diplomata 330, carroceria Nielsen, ano de fabricação desconhecido, cor amarela. Mais foguetes cortaram os céus de Lourdes e o povo começou a se organizar para a saída.
Não podíamos mais perder tempo, então todo mundo entrou no veículo e o motô Jesus deu logo a partida. Antes de deixar BH, aproveitamos para ver como estava o movimento na avenida Afonso Pena, pois era de lá que a maioria das excursões estava saindo. Passamos pelo Centro berrando e fazendo a maior zona.
NA ESTRADA
Basicamente, a viagem se limitou a muita cerveja, vinho, pinga, vodka, conhaque e aos videos do Dio, Black Sabbath, Slayer, Dissection e Hermes e Renato.
A variedade de birita era farta.
Algumas vezes, moshamos dentro do ônibus. Num destes moshes, uma lâmpada do teto foi quebrada, mas já estamos articulando uma solução para o problema junto aos responsáveis ... O outro incidente que aconteceu foi bem mais desagradável. Já prevendo o que iria rolar, tivemos o cuidado de entregar sacolas de supermercado a cada um dos passageiros, e avisamos a todos para usá-las em caso de enjôo. Mas mesmo assim, no meio da madrugada, tivemos um caso de vômito no chão do ônibus, causando revolta geral !!!
Puta que pariu, fudeu !!!!!!
O VIGIA DO BANHEIRO
Nessas viagens pelo Brasil, a gente sempre acaba descobrindo alguma figurinha mais engraçada. Dessa vez, foi o “vigia do banheiro”. Um cara muito peça que estava viajando com a gente, mas não era da Galo Metal. Como a diretoria da torcida estava ficando nas últimas poltronas do balaio, parece que ele virou nosso fã e resolveu embarreirar bem em frente ao banheiro durante boa parte da viagem. Mesmo quando a poeira abaixou e muitos já estavam dormindo, o cara permanecia lá, de modo que depois de várias horas sua presença já estava incomodando. Foi então que o Tripa disse pra ele ir para o seu lugar, mas ele disse que preferia ficar ali com a gente ... daí o Tripa perguntou o que ele estava fazendo ali e ele respondeu que estava “guardando o banheiro”, e uns dez minutos depois disse também que estava “guardando a galera”, levando todos à gargalhada. Que lesado !!! Agradecemos a boa vontade dele mas o obrigamos a ir embora antes que tomasse porrada. “Então eu vou guardar a galera lá do meio...” – disse o cara, triste por não ter sido aceito ali.
Poucos minutos depois, ouvimos aquele barulho inconfundível de alguém jucando. Era exatamente o vômito a que nos referimos antes, e vinha mais ou menos do meio do ônibus. Quando fomos olhar, um misto de ódio e felicidade tomou conta de nós. Ódio porque o chão estava todo enxarcado com um líquido rosa, provavelmente o vinho que o cara tomou à noite misturado com o leite do café da manhã. E felicidade porque o vigia do banheiro estava lá no meio todo melecado de juca ... “Eu fui ajudar o cara e ele vomitou em cima de mim !!!” – declarou. A gente não sabia se ria ou chorava, mas o riso acabou prevalecendo. Sacanagem foi que jorraram uns jatos também pra cima de dois chegados nossos, o Márcio e o Fabiano.
O juca em nosso ônibus era semelhante
ao que esta senhora está exibindo.
Mas, na primeira parada, o autor do crime foi obrigado a pagar pelo que fez, limpando o chão gosma por gosma. Pra sorte dele, já estava parado um outro ônibus com o mesmo problema. Feita a limpeza, a viagem continuou tranquilamente até o Rio de Janeiro.
NO RIO
Aí foi só alegria ! Fomos direto pra Barra da Tijuca, nós e um ônibus que estava nos seguindo. Tava fazendo uns 35 graus à sombra. O mais legal foi ver a cara de horrorizados dos cariocas geração açaí que praticavam seu cooper matinal. Olhavam pra gente como se fôssemos de outro planeta. Mas éramos só uns 100 neguinhos vestidos de preto, segurando garrafas de birita na mão e invadindo a praia deles.
Por volta do meio dia, nós fomos pra Cidade do Rock. Nesse ponto, vale lembrar que o Rock in Rio deu um banho de desorganização, pois pagamos 60 pila pro nosso ônibus ser credenciado a ficar no estacionamento oficial do evento – o portão 7 do Autódromo de Interlagos. No desenho do mapa, esse portão ficava quase dentro da Cidade do Rock, só que, na realidade, ele estava a léguas de lá.
O autódromo era longe pra karai !
A entrada principal do Rock In Rio era uma bola azul gigantesca, imitando um planeta Terra. Lá dentro passamos pelas catracas e adentramos na Cidade do Rock (obs: a segurança era tanta que quem quizesse entrar com um arsenal de guerra entrava).
Como ainda estava muito cedo, ficamos rondando pela Cidade do Rock. Tenda Brasil, Tenda Por um Mundo Melhor, Tenda Raízes, e até Tenda Eletro nós fomos (calma lá moçada, não estava rolando nenhum movimento clubber ainda, mas é que como não tinha nada pra fazer, ficamos vendo as atrações do Grande Circo Popular do Brasil que estava lá). Gente famosa não vimos ninguém, a não ser o Levi, aquele magrelo e narigudo lá da MTV.
Depois começaram a rolar os shows. Esperamos que vocês tenham visto pela TV ou pegado emprestado de alguém que gravou, pois não vamos ficar relatando um por um. Mas vale a pena destacar alguns momentos que nos vêm na memória agora:
* O Sepultura parando o show pra socorrer o neguinho que tentou invadir o palco e foi espancado pelos seguranças cuzões.
* Andreas agradecendo a presença da torcida do Galo.
* Derrick Green, o Predador, teve a manha de levar músicas antigas como “Troops Of Doom”, “Arise”, “Beneath The Remains” e “Desperate Cry”.
* Rob Halford encerrando seu show com a clássica “Breaking the Law”.
* O show inteiro do Iron foi do caralho, mas o bis foi maravilhoso, com “Run To The Hills”, que eles não tocavam há muito tempo.
* O Iron também declarou: “a América Latina é a capital do heavy metal !!!”
No fim dos shows, todo mundo exausto. A galera se encontrou no lugar marcado e saiu fora. Mais uma viagem até o portão 7 do Autódromo. Lá nos esperava o nosso fiel motô Jesus, que ficou trancafiado nesse portão junto com os outros motoristas desde a hora em que a gente chegou, pois os organizadores não deixaram eles sair de lá hora nenhuma. Imagine a fome que eles não passaram.
A VOLTA
Na volta sorteamos os brindes que tínhamos prometido (10 adesivos, 3 bonés e 3 cds - Sarcófago, Slavery e Siecrist - gentilmente cedidos pela Cogumelo Records). Fora isso não aconteceu mais nada, pois todo mundo apagou até chegar em BH. Em pouco tempo já estavamos desembarcando em Lourdes e cada um foi pra sua casa.
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