TARA VERMELHA
Amigos hoje é dia de Tara Vermelha, Quarto crescente que iniciou
às:0h56m de hoje dia 4 de dezembro, que a devoção
pela Jetsumma Arya Tara Vermelha
brinde a todos os seres os benefícios temporários
e definitivos.
Incontáveis eras atrás, num tempo além do início
do nosso tempo, um Buddha
apareceu numa esfera planetária chamada “Profusão
de Luzes”. Uma princesa
deste reino, chamada Lua de Sabedoria (tib. Yeshe Dawa), desenvolveu
grande fé e devoção e pelo Buddha. Ela prestou homenagem
com seu corpo, fala e mente, fazendo inúmeras oferendas ao Buddha
e a seu séqüito. Quando, em virtude de suas vasta acumulações
de mérito e sabedoria, o pensamento da
iluminação suprema despertou dentro dela, os monges
daquele reino
aconselharam-na a rezar para ter um renascimento com o corpo de
homem, pois pensavam que tal corpo constituiria um veículo superior
para se alcançar a iluminação.
Por haver compreendido a natureza vazia de todos os fenômenos,
Yeshe Dawa
reconheceu que não existia qualquer realidade intrínseca,
quer no corpo do
homem, quer no corpo da mulher. Entretanto, diante da realidade
relativa da
ignorância que insistia nessas diferenciações,
ela assumiu o compromisso de
sempre renascer em forma feminina.
Finalmente, ela alcançou um profundo estado meditativo, a
partir do qual se
tornou capaz de leva incontáveis seres a reinos além
do sofrimento. Em nosso
sistema planetário, ela manifestou-se como Tara através
da compaixão de
Avalokitehsvara (tib. Tchenrezig), onde então tomou o voto
particular de
liberar os seres dos oito grandes medos, que são projeções
das negatividades
existentes na mente. São eles: o medo de elefantes, a projeção
da
ignorância; o medo do fogo, a projeção da raiva;
o medo de leões, a projeção
do orgulho; o medo de ladrões, a projeção das
visões errôneas; o medo de
enchentes, a projeção da ganância; o medo de
cobras, a projeção da inveja; o
medo de algemas (encarceramento), a projeção da avareza;
e o medo de
demônios, a projeção das dúvidas. Esta
classificação tradicional dos nossos
medos abrange todo os medos e fobias que se originam de nossos hábitos
de
apego e aversão. Em última análise, Tara oferece
liberação de quaisquer
medos contidos no sofrimento samsárico. Por esse motivo,
é chamada de a
Salvadora Veloz.
História da Linhagem de Tara Vermelha
Tara é o aspecto feminino do Buddha e, da mesma forma
que ela é
indissociável do estado desperto iluminado do Buddha, todas
as deidades
femininas são aspectos de Tara e indissociáveis dela.
Em particular,
prestamos homenagens à vinte e uma Taras que emanam como
deusas das famílias padma, vajra, ratna e karma. Os métodos
que empregamos para atingir as qualidades iluminadas de Tara foram transmitidos
por muitas linhagens de praticantes altamente realizados do budismo tibetano.
A linhagem desta meditação de Tara Vermelha, praticada
sob a orientação de
S.E. Chagdud Tulku Rinpoche, teve início de forma enaltecida,
como uma
intenção da mente do Buddha Amitabha. De Amitabha
passou para
Avalokiteshvara, e daí para uma emanação da
própria Tara. De Tara foi ao
renomado mestre budista indiano Nagarjuna, e então para Padmasambhava,
o
grande mestre budista que trouxe o budismo Vajrayana ao Tibete no
século IX. Padmasambhava transmitiu esse ensinamento ao filho do
rei tibetano Trisong Detsen. Ele também o confiou à sua consorte
de sabedoria, Yeshe Tsogyal, e pediu que ela o ocultasse como um tesouro,
a ser descoberto mais tarde, num tempo em que fosse especialmente benéfico.
Assim, o tesouro do ciclo de Tara Vermelha foi descerrado e codificado
mais
de mil anos após Padmasambhava, por Apong Tertön, um
grande lama Nyingmapa que viveu neste século. Seu título
formal é “A Essência Condensada do Tesouro da Suprema Mente
Iluminada: O Ritual de Mandala da Nobre Tara Vermelha, Denominado ‘A Essência
Que Realiza Desejos.’”
No final de sua vida, Apong Tertön mandou chamar um monge a
quem havia
iniciado na prática de Tara Vermelha e disse-lhe, “Agora,
que é chegada a
hora da minha morte, peço-lhe que faça algo por mim.
Quando eu tiver 17 anos
em minha próxima vida, venha a mim para conferir a iniciação
de Tara
juntamente com a transmissão oral do tesouro em sua íntegra.”
Após a morte de Apong Tertön, os chineses consolidaram
sua conquista do
Tibete, e o monge, assim como tantos outros, foi obrigado a fugir.
Ele se
tornou refugiado num pequeno país chamado Butão. Apong
Tertön renasceu como S.S. Sakya Trizin, chefe da tradição
Sakyapa do budismo tibetano. Quando Sakya Trizin chegou aos 17 anos, o
monge tentou ir ao seu encontro num local próximo a Dehra Dun, no
norte da Índia, mas não conseguiu um passaporte.
Passaram-se muitos anos até que ele, contrastando uma aparência
maltrapilha
com a sala de meditação ricamente ornamentada do monastério
de Sakya Trizin, conseguisse encontrar seu antigo mestre. Pouco depois
do monge conversar com Sakya Trizin por alguns momentos, a congregação
de monges presentes na sala de meditação surpreendeu-se com
o pedido para que se retirassem e, mais ainda, ao saber que S.S. tomaria
uma iniciação de um visitante com uma aparência tão
humilde. O monge então conferiu a iniciação de Tara
Vermelha a Sakya Trizin e à sua notável irmã, Jetsunma.
A caminho do seu encontro com Sakya Trizin, o monge encontrou S.E.
Chagdud Tulku, que se encontrava em Tso Pema, um local sagrado nos Himalaias,
ao norte da Índia, onde Guru Padmasambhava estivera em meditação
com Mandarava, uma de suas grandes consortes de sabedoria. S.E. Chagdud
Tulku sempre havia tido uma ligação com práticas de
Tara - sua mãe, que era lama e muito famosa, era na realidade
uma emanação de Tara. Em retiro, ele havia realizado extensas
práticas de Tara e, apesar de sua afinidade com as deidades vermelhas
da família padma, ainda não havia recebido uma prática
de Tara Vermelha. Em Tso Pema ele teve muitos sonhos auspiciosos, indicativos
de que em breve sua capacidade de beneficiar os outros aumentaria grandemente.
O monge, ao encontrar Rinpoche, disse-lhe que, se recebesse a iniciação
de
Tara Vermelha, grandes benefícios apareceria. Rinpoche concordou
e, após
receber a iniciação dada pelo monge, cumpriu um prolongado
retiro de Tara
Vermelha, durante o qual recebeu muitos sinais de realização.
Embora tenha ganho renome por suas atividades miraculosas como praticante
de Tara, Rinpoche não a praticou num círculo mais amplo de
pessoas até o
momento de vir para os EUA, quinze anos mais tarde. Em 1980 começou
a dar
ensinamentos sobre Tara Vermelha a alguns alunos no Oregon, guiando
seu
desenvolvimento pelas etapas de visualização e oferecimento.
O tesouro de Tara Vermelha constitui um ciclo extenso que inclui
práticas
preliminares, yoga dos sonhos, práticas curativas, yoga dos
canais sutis e
energias (tib. tza lung) e ensinamentos extensos sobre a natureza
da mente.
A prática principal foi traduzida e é feita regularmente
nos centros Chagdud
Gonpa. As etapas da prática de Tara Vermelha são intercaladas
com preces de
homenagens às vinte e uma Taras, escritas por um outro grande
lama
Nyingmapa, um contemporâneo de Apong Tertön chamado Kenpo
Ngaga.
S.E. Chagdud Tulku também condensou a própria essência
da prática em uma
versão mais acessível e concisa em inglês, já
traduzida para o português.
Este texto mais curto contém dois níveis de prática:
o primeiro é uma
visualização de Tara no espaço à frente,
e não requer iniciação; o segundo
inclui a visualização de si mesmo como Tara, e exige
iniciação. Por meio da
iniciação, as bênçãos da linhagem
são formalmente transmitidas e a mente do
praticante é amadurecida para que realize a profundidade
da prática.
S.E. Chagdud Tulku utiliza o texto abreviado como estrutura de apoio
para a
yoga dos sonhos de Tara e para as práticas de cura. Como
todos os textos
litúrgicos tibetanos (sânsc. sadhana), o texto é
dividido em três partes
principais: as preces preliminares, a prática principal e
as preces de
conclusão.
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