Prece  dirigida  a  Sanguye Men-la


Tu possuis o  tesouro  de  um oceano de qualidades e de atividades benéficas.
Pela  graça  de  tua  compaixão  inimaginável,  tu  pacificas  os sofrimentos e as aflições dos seres.
Dirijo minhas preces a ti, luz de lápis-lázuli. 
O renascimento na condição de espírito ávido está ligado a uma grande avareza.  
Aos que nasceram nesse estado, basta ouvirem teu nome 
e renascerão dentre os homens e apreciarão a prática da generosidade. Aos  que nasceram nas esferas infernais 
devido a faltas éticas e a sua constância em prejudicar os outros, basta  ouvirem teu nome, e renascerão (como já foi dito)  nos mundos superiores. 
Dirijo minha prece ao rei dos médicos.  
As discórdias, as calúnias de toda espécie, 
as grandes desarmonias, os obstáculos 
à força vital do corpo, nada disto pode causar dano
quando se ouviu teu nome.          
Dirijo  minha prece ao rei dos médicos.
Dirijo  minha invocação a  Tsen-lek, Serzang,  Drimenang-wa, Gna- Ngen-me, Tchokpel, Tchodrak-yang, 
ao Vencedor Drayang, ao Vencedor
Ngon-Kyen e ao Vencedor Sakya (nome dos   diferentes   Budas).  Rogo  a  toda  a perfeita   Mandala (constituída  por):   Djampel,  Kyabdrol,  Tchanadordje,   Brahma,
Indra, aos quatro  grandes  reis das quatro direções 
e aos  doze  chefes  de   Nodjin.
Dirijo meu pensamento ao conjunto de  todos os volumes 
do Santo Dharma: o Sutra das preces de  bons votos 
dos Sete Tathagatas,  o conjunto dos  Sutras  sobre o Buda Men-la,  o texto  composto  pelo  grande abade  Chi Wa Tso  e todos os demais textos. 
Dirijo minha prece  a todos os Poderosos do Dharma: 
Bodhissato e Trisong Detsen,  Lopen Gyelon, os  Bodhisattvas, todos os santos Lamas da Linhagem, 
os Senhores    do Dharma, etc. 
Que a força de uma prece assim possa dissipar todas as espécies de doenças e de temores neste mundo !
Com o medo da morte e dos mundos inferiores aniquilado, 
possa surgir a graça de um renascimento na terra pura 
da Suprema Felicidade !


O  rio  de lápis-lázuli

Ritual de Men-la, tirado do  Nam  Tcho Gni: ornamento extraído do tesouro do Claro Reino da Mente.
Se possível, coloca-se diante de uma representação de Men-la  uma mandala  de oferenda e tudo o que se possa reunir  (as  oferendas são  aquelas que se apresentam às divindades  pacíficas).  Assim, completam-se  as acumulações. Ou então, visualizando a  divindade
diante  de  si,  pode-se  (apenas)  imaginar  as  oferendas,  sem necessidade de mais nada.

Homenagem  !  Tomo refúgio nas Três Jóias, nas  Três  Raízes,  em todos os Lugares de refúgio.
Desenvolvo  o sublime pensamento do Despertar para colocar  todos os seres na realização do Estado de Buda.
Uma  nuvem de oferendas nasce da infinitude  originalmente  pura, preenche  o  céu e a terra de mandalas, de emblemas  reais  e  de deusas. Os dez  protetores  mundanos e os chefes das doze classes,  com  seu rspectivo séquito. Às quatro portas (estão)  os  quatro  Grandes  Reis.  Nos  três lugares   (testa, garganta,  coração)  de cada um estão as três  letras.  Da  letra Hung, no coração, irradia uma luz que convida as  divindades  da Sabedoria, do Paraíso da direção  Leste e dos paraísos de cada um dos  Budas  a  virem fundir-se,  incontáveis, em  nós e (nos aspectos  que  estão)  a (nossa) frente.
Assembléia   dos  oito  Men-las  sem  exceção,  Vós  que   fostes convidados a este lugar, fazei descer vossa grande bênção !
Conferi  a  Sublime Iniciação aos "afortunados" que  têm  devoção como  também a mim mesmo ! Afastai os obstáculos que  encurtam  a vida !
Dirijo  à  divindade as (seguintes) oferendas:  flores,  incenso, luzes,  perfumes,  formas, sons, odores, sabores,  sensações,  os   (dois) dharmas.
Possamos nós completar as duas acumulações !
Ofereço  à  divindade  a  excelente  mostarda  branca,   soberano sublime,  assim  como as outras das oito  excelentes  substâncias auspiciosas.
Possam as duas acumulações ser perfeitamente realizadas !
Ofereço  à  divindade o excelente vaso, soberano  sublime,  assim como os outros dos oito excelentes sinais auspiciosos.
Possam os seres completar as duas acumulações !
Ofereço  à  divindade a excelente jóia, soberano  sublime,  assim como os outros dos sete emblemas reais, raízes dos prazeres.
Que eu possa completar as duas acumulações !
Ofereço  à divindade a montanha axial, excelente dentre todas,  e os quatro continentes rodeados de suas terras respectivas.
Possam as duas acumulações ser totalmente completadas!
Tathagata ! Com esta água perfumada que enche de aromas banha teu Corpo ! Embora Tu, divindade, não tenhas qualquer impureza,  isto será o suporte auspicioso da purificação dos atos nocivos e dos véus.
Vencedor ! Enxuga teu Corpo com este macio pano branco perfumado !
Embora Tu, divindade, não tenhas qualquer impureza,
isto será o sinal auspicioso do aniquilamento dos sofrimentos.
Vencedor ! Põe sobre teu Corpo este belo traje da cor do açafrão !
Teu Corpo jamais sente frio, mas isto é a auspiciosa conexão  que fará aumentar o brilho (luminoso do corpo).
Tu  que  tens  o Corpo da cor da montanha  de  lápis-lázuli,  vem dissipar,  em  todos  os seres, o sofrimento  da  doença.  Presto homenagem e dirijo meus louvores à divindade cercada pelo séquito de oito Bodhissatvas, detentora do precioso remédio.
Presto homenagem e dirijo meus  louvores a Tsenlek, Rinda, Serzang,  Gna-ngen-me, Tchodrak Gyamtso,  Tcholo,  Chakya Tub (nomes dos sete Budas,  séquito  de
Men-la), ao Santo Dharma, aos dezesseis Bodhissatvas, etc... e às Três Raras e Sublimes Jóias.
A Ti rendo homenagem e dirijo a Ti meus louvores, a Ti, que estás cercado por Brahma, Indra, os Grandes Reis, os protetores das dez direções, os doze chefes Nodjin e seu séquito, os Sábios,  divinos e humanos, que possuem a ciência médica,  presto homenagem à divindade do Néctar-remédio.
Visualiza-se  assim: em meu coração e no coração do  aspecto  que está a minha frente, a letra Hung está cercada por uma guirlanda do mantra (para recitar tanto quanto se possa).
Depois,  finalmente: revelo todos os atos nocivos e os erros  que provocam  a  queda,  dedico  os atos  virtuosos  à  aquisição  do Despertar. Que possa surgir a auspiciosa libertação do sofrimento das doenças e das influências nocivas !
Prece de "partida": as (divindades) mundanas retornam a seu lugar de  residência,  as divindades de sabedoria e  aquelas  sobre  as quais se medita fundem-se em mim. No reino puro de todo  tempo do Buda, ó maravilha !
[ Extraído do Nam  Tcho  Nyi, este  ornamento abreviado do tesouro  revelado (espiritualmente)  foi composto por Ragaha-se. Se nele houver algum erro,  lamento-o diante da divindade.
Graças  a  esta  virtude possam todos os  seres  ver  seus  males chegarem  ao fim e possam rapidamente obter o estado  de  Men-la.
Embora na liturgia (de Men-la) pertencente à tradição dos  Sutras o  ritual  de  purificação pela água esteja no começo, não há inconveniente em que ele esteja  ao fim  no decurso de uma cerimônia pertencente ao Anuttara  Tantra, que é de nível mais elevado (que os Sutras). Os benefícios  desta prática  realiada regularmente
são: quando se é religioso,  o  de não  transgredir os preceitos; mesmo se a pessoa infringiu  seus compromissos,  a  falta  é purificada e ela não cairá nos mundos inferiores.  Todos  os   atos  negativos  -  causas  de  renascimentos  nas   esferas infernais,  nas  dos espíritos ávidos ou nas dos  animais  -  são purificados. Mesmo se lá renascer, será imediatamente libertado, e retomará nascimento  em um dos mundos superiores de onde poderá atingir  progressivamente o estado de Buda. Durante esta existência, obter-se-á alimento  e roupas,  que nunca faltarão. As doenças, as influências  nocivas, os elementos obstrutores, a tirania, serão afastados. Está-se sob a  guarda e  proteção  de Tchanadordje, Brahma, Indra, dos  quatro  grandes reis, dos doze grandes chefes dos Nodjins e de seus setecentos  e setenta  mil  servidores. Fica-se livre das  dezoito  causas  que encurtam a vida, dos inimigos, dos animais selvagens, etc., e  de todo  e  qualquer perigo. Todos os desejos se realizam  de forma excelente e total. Os benefícios inimagináveis (desta  prática)  encontram-se descritos de forma  extensiva  nos dois Sutras de Men-la. Nos grandes colégios, eruditos que  sempre  encontram  o  que  redizer  sobre  a  maioria  dos  ensinamentos, literatos  que  é difícil contentar, e em todos  os  colégios  de filosofia,  Men-la é a única cerimônia unanimemente adotada  para os ritos de longevidade e  a  purificação dos  mortos. Este  ritual  é  aquele  que  era celebrado  diante da estátua de Djo Wo em Lhassa, o  Bodhgaya  do Tibete,  e  diante  da  representação de  Djang  Tchup Sempa  no mosteiro  de Samye. Por isto, é preciso desenvolver a certeza  de que  não  existem  maiores  benefícios do  que  aqueles  que  são engendrados  por  este  ritual, conforme  o  exprimem  os textos canônicos dos Sutras e dos Tantras das antigas e  novas escolas.  Existem  várias outras formas de liturgia dirigidas  a Men-la,  algumas  muito  longas e outras mais  curtas.  Esta  não contém  muitas  palavras,  mas  nela  está  incluído  o   sentido profundo.
Sendo, as oferendas, mentais, a prática é válida, mesmo se não há torma. Como  ela  pertence  à tradição do Supremo  Yoga  Tantra,  não  é necessário realizar as purificações. Que esta meditação possa ser praticada por todos ! ]
(texto  traduzido por Rintchen Tchotso graças às  explicações  do Venerável Lama Tempa.)
Kagyu-Ling.  Novembro  de 1978.  (La  Boulaye.  Toulon/Arroux. 71320).



Curta homenagem ao Buda Men-la

Inclino-me  diante do Buda Men-la, o Vencedor da luz (da cor)  de lápis-lázuli,  o  Todo Purificado, o Realizado,  o  Tathagata,  o Baghavan que submeteu os inimigos.

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