Atualmente, a chupeta é uma peça que faz parte do enxoval de todo bebê.
As diferentes marcas, formas, cores e desenhos têm despertado uma atração
irresistível para o consumo das mamães, mas, ao mesmo tempo, confundem
no momento da escolha. Criticada por uns e indicada por outros, seria a
chupeta uma verdadeira vilã ou uma simples mocinha?
A resposta para essa
pergunta dependerá de qual é a sua frequência, intensidade e duração
de uso. Se for usada frequentemente e/ou por um período prolongado,
determinará a instalação do hábito e poderá prejudicar a amamentação
materna, causar mal posicionamentos dentários, desvios no crescimento
dos maxilares e alterações na deglutição e fonação. Porém, se for
utilizada racionalmente, poderá estimular a atividade muscular e ter
influência benéfica na saúde oral do bebê e no desenvolvimento dos
arcos osteodentários, sem interferir na atividade de sucção
nutritiva.
No ciclo natural
evolutivo do bebê de 0 a 6 meses ele deverá respirar bem, sugar e
deglutir. A sucção é um impulso presente desde o nascimento e servirá
de treinamento para o segundo reflexo da alimentação, a mastigação.
A sucção não visa somente a nutrição, mas também a satisfação
psicoemocional de forma que cada bebê apresenta a sua necessidade
individual de sucção que pode não ser satisfeita apenas com o
aleitamento natural. Dessa forma, quando isso ocorre, a chupeta deverá
ser usada racionalmente. Não deve ser oferecida a qualquer sinal de
desconforto, para acalmar o choro provocado por outros fatores, nem
entendida como um artefato para apoio emocional ou uma forma de lazer
para a criança, substituindo-a pela atenção dos pais. Jamais poderá
ser abandonada com a criança e não se recomenda que o bebê durma todo
o tempo com a chupeta, devido a necessidade de manter a boca fechada
enquanto dorme para criar uma memória muscular do contato entre os lábios
e favorecer a correta respiração pelo nariz.
Mesmo entendendo a
chupeta como um aparelho de sucção, que também poderá prevenir a sucção
de dedo, é melhor que apresente as características mais anatômicas e
funcionais possíveis para não provocar danos maiores na eventualidade
de se formar um hábito. A chupeta deve ter o bico compatível com o
tamanho da boca e com a idade do bebê. Além disso, é importante que a
direção do longo eixo do bico esteja em uma posição inclinada para
cima em relação ao apoio labial. Para os recém-nascidos, pode ser de
látex ou de silicone e, para os bebês de baixo peso ou prematuros, o
tamanho do bico deve ser adequado para não provocar um posicionamento
incorreto com uma posteriorização da língua. O disco ou apoio labial
deve ser de plástico firme e maior do que a boca do bebê para prevenir
que a chupeta seja colocada inteira dentro da boca e para proporcionar
uma vedação para que o bebê não coloque os lábios em cima do apoio.
Deve ser recortado como um grão de feijão para evitar uma consequente
deformação na região anterior da arcada dentária e na base do nariz.
Deve apresentar no mínimo dois furos de ventilação opostos com diâmetro
de 5 mm e a distância do bico de 5 a 6 mm para favorecer a circulação
do ar no rosto do bebê e prevenir irritações na pele causadas pelo acúmulo
de saliva. Não precisa, obrigatoriamente, ter argola, podendo possuir
apenas uma saliência para que a mãe possa puxar para estimular os
exercícios de sucção ou para retirá-la da boca do bebê. Jamais deve
ser amarrada ou pendurada ao redor do pescoço do bebê com fita,
corrente ou fralda, pois além de haver o risco de estrangulamento,
pendurá-la e deixá-la acessível favorecerá a instalação do hábito.
Quando o bebê chora,
por falta de sucção ou por necessidade de sugar mais, mesmo estando
alimentado, a mãe deverá estimular a sucção colocando a chupeta
lentamente em contato com o contorno dos lábios do bebê e com toques
leves, para que o bico seja umedecido e haja estímulo para o reflexo. O
bebê, então, começará a sugar e a mãe deverá segurar a chupeta e
puxá-la com movimentos leves para trás, como se fosse para retirá-la
da boca, estimulando a sucção. Ao realizar essses exercícios várias
vezes, a musculatura facial já deverá ter trabalhado o suficiente e a
função de sucção deverá ter sido concluída. O bebê não desejará
mais a chupeta e o hábito não se instalará. Adicionalmente, vale
ressaltar que a chupeta nunca deve ser mergulhada em substâncias doces,
para evitar a instalação da doença cárie.
Para a segurança do
bebê, o bico e o disco de plástico devem ser inspecionados
frequentemente para detecção de qualquer sinal de deteriorização. Se
o bico estiver inchado, rasgado ou pegajoso, a chupeta deve ser trocada.
Depois de cada uso, a mãe deve verificar se o bico está bem preso ao
disco de plástico para evitar acidentes.
É fundamental que os
profissionais transmitam às mães a informação de que a chupeta deve
ser utilizada exclusivamente como um aparelho para complementar a sucção
na fase em que o bebê necessita desse exercício funcional que é um
estímulo benéfico ao crescimento e desenvolvimento dos arcos dentários.
Por isso, é muito importante que as mães realmente a utilizem
unicamente para satisfazer a sucção, obtendo com isso apenas os seus
efeitos desejáveis. Sendo assim, após o término da fase de sucção a
criança estará apta para as fases subsequentes de crescimento e
desenvolvimento, i.e., sorver e mastigar, de forma que obtenha
posteriormente o equilíbrio neuromuscular e dentofacial desejado pelo
profissional que o monitora.
Autora: Dra.
Adriana Modesto.
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