Mocidade

Afasta, pois, do teu coração o desgosto e remove da tua carne a dor, porque a juventude e a primavera da vida são vaidade.

Antes que se escureçam o sol, a lua e as estrelas do esplendor da tua vida.

No dia em que tremerem os guardas da casa - os teus braços - e se encurvarem os homens outrora fortes - as tuas pernas - e cessarem os teus moedores da boca, por já serem poucos, e se escurecerem os teus olhos nas janelas, e os teus lábios - quais portas da rua - se fecharem.

No dia em que não puderes falar em alta voz, e todas as harmonias, filhas da música, te diminuirem; como também quando te embranqueceres, como floresce a amendoeira, e te perecer o apetite; porque vais à casa eterna.

Antes que se rompa o fio de prata, e se despedaçe o copo de ouro, e se quebre o jarro de barro junto ao poço, e o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu.

Vaidade de vaidade, diz o Pregador, tudo é vaidade.

Além de sábio, o Pregador ainda ensinou ao povo o conhecimento; e, atentando e esquadrinhando, compôs muitos provérbios.

Procurou o Pregador achar palavras agradáveis, e escrever com retidão palavras de verdade.

As palavras dos sábios são como ferrões, e como pregos bem fixados as sentenças *coligidas* , dadas pelo único Pastor.

De tudo o que se tem ouvido, a suma é: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos, porque eles velam por tua vida; porque isto é o dever de todo homem.

Porque Deus há de trazer a juízo todas as obras até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más.