Eu Aceito o Desafio!
Um fato verídico. Obrigado, Gilberto Bonatti, pelo testemunho.


Sobre as cabeças da multidão que enchia aquele local podia-se ouvir a voz alta do que falava:

- Não existe nenhuma resposta às orações; é tudo pura imaginação. Não se deixem levar por tais tolices. Devemos usar nosso cérebro, nossa razão. Somos seres racionais. Não existe Deus ou vida após a morte!

O orador se encontrava em pé à frente de uma multidão apresentando suas idéias. Falava com desenvoltura e com uma entonação de voz e gestos de quem sabe o que está dizendo. Todos o escutavam em silêncio e ninguém ousaria interromper sua linha de pensamento. Sua voz cativante e seus argumentos persuasivos tentavam provar a inexistência de Deus e a ineficácia da oração. Por fim ele lançou um desafio: estaria pronto a debater a questão com qualquer pessoa daquele auditório.

Neste momento se viu um homem abrindo caminho entre a multidão e caminhando resoluto em direção
ao que falava. Enquanto se aproximava, disse em voz alta e decidida:

- Eu aceito o desafio!

Um silêncio solene caiu sobre a audiência. Quem era aquele que estaria pronto a enfrentar a
mente brilhante do orador? O homem era alto e magro, e estava bem vestido. Mas logo todos viram que não se tratava de alguém que tinha costume de falar em público. Não tinha frases escolhidas para convencer os ouvintes, e nem o porte e a entonação de voz daquele que desafiava Deus com tanta certeza.

Por alguns minutos ficou a olhar para aquele mar de rostos que esperavam ansiosamente o início do debate. Seu rosto tímido estava vermelho de vergonha e o suor escorria por sua testa. Finalmente, tomando coragem, começou:

- Amigos - disse em voz alta, mas quase trêmula - não sei falar em público; vim a esta palestra
sem saber exatamente qual seria o assunto apresentado e não tinha a intenção de discutir com o palestrante. Mas quando ele negou a eficácia da oração e lançou o desafio para quem quisesse provar o contrário, senti-me impelido a vir à  frente.

A multidão aplaudiu aquela declaração franca e modesta. Ele prosseguiu:

- Vocês estão diante de um homem que já foi o maior ímpio que já existiu. Eu era um alcoólatra que vivia nos bares e perdia no jogo tudo o que ganhava. Maltratava constantemente minha esposa; sim, tudo o que pode haver de pior em um homem, esposo e pai, assim eu era. Minha mulher e minha filha tremiam ao ouvir meus passos chegando em casa e apesar de todo o mal que lhe causava, minha esposa orava constantemente por mim. Assim o fez durante anos, sem que eu o soubesse, e também ensinou minha filha a orar.

O homem se deteve por alguns instantes, como se estivesse comovido pelas tristes lembranças que suas palavras lhe traziam. Então continuou:

- Uma noite voltei para casa mais cedo, bem antes do horário de costume e por casualidade não estava bêbedo. Quando abri a porta, minha esposa tinha acabado de subir para o quarto para levar a menina para a cama. Fiquei ao pé da escada, em silêncio, escutando minha filhinha que orava por mim: "Querido Senhor, salva meu papai querido! Salva meu papai, Senhor!" E havendo ela  terminado sua oração de modo tão simples e infantil, ouvi minha esposa dizendo em meio a soluços: "Senhor Jesus, escuta esta oração!"

Em meio ao silêncio absoluto da platéia, o homem continuou como se não visse mais ninguém em sua frente:

- Elas não sabiam que eu estava escutando; saí de casa sem fazer qualquer ruído. Estranhos sentimentos me afligiam e em meus ouvidos ressoava as palavras de minha filhinha: "Senhor Jesus, salva meu papai querido". Será que eu era querido para ela? Como poderia ser? Ela nunca tinha visto um gesto de amor de minha parte e duvido que jamais lhe houvesse dado um beijo ou feito algum bem. Enquanto pensava nestas coisas, senti um nó em minha garganta; as lágrimas encheram meus olhos e gritei, sim, gritei bem alto: Senhor! Ajuda-me! Senhor, responde a oração de minha filha! E Ele respondeu.

Fazendo uma pausa para pegar o lenço e limpar uma pequena lágrima que saía pelo canto do olho, continuou:

- Naquele momento tudo fez sentido para mim; os versículos da Bíblia que muitas vezes escutara minha esposa repetir ressoavam em minha cabeça. Deus me amava; Ele havia entregue Seu Filho à morte para pagar pelos pecados de um verme como eu! Eu estava perdido e necessitava desesperadamente de um Salvador. E Jesus estava ali, tão somente aguardando que eu clamasse por salvação.

A multidão era só ouvidos. Ninguém ousaria interromper aquelas palavras, tal era o peso que traziam em si mesmas.

- Já se passaram muitos anos desde então. Hoje sou um homem transformado. O sangue de Cristo me
lavou de todos os meus pecados; sou uma nova criatura em Cristo Jesus e uma prova viva da resposta às orações.

Parando para olhar a multidão à sua frente, era fácil reparar que enquanto alguns olhares permaneciam fixos em si, bebendo das palavras que saíam de sua boca, outros olhavam para o chão ou passavam a mão no rosto, certamente por estarem diante da história de suas próprias vidas.

- Amigos, eu seria um covarde se ficasse em silêncio neste dia. Poderia eu deixar de crer que existe um Deus e que Ele não apenas escuta, mas responde às orações?

Aquele que antes lançara o desafio não ousou abrir sua boca. O testemunho sincero daquele homem havia levado muitos até às lágrimas e, quando terminou de falar, a multidão saiu silenciosa e reverentemente. Deus havia tocado seus corações.



xxx By Edemar A. Santos [mail], atu.17-nov-98. [home]

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