Poesia de Albino José Alves Filho, genro de BG
Soneto
Beijos
"... sincero cingir essa real garganta
numa cadeia olímpica de beijos"
Guerra Junqueiro

Quando na face minha eu sinto os beijos
Dessa tua boca, rubra e pequenina,
Cascateiam-me n’alma sons, arpejos...
E suave ilusão meu ser domina!

Há em tua boca a misteriosa e fina
Voluptuosa essência dos desejos,
Pois dela evola-se o prazer, divina,
Num esvoaçamento tênue de beijos.

Assim, na febre da paixão, eu quero
Pra suavizar-me o louco desespero
Um beijo teu, um beijo só, querida.

Porque cismo que mesmo frio e morto
Bálsamo me trará d’alma conforto
Sendo capaz de dar-me uma outra vida!


Soledade de Itajubá, 4-12-1891
Publicado em "A Verdade" em 26 de dezembro de 1891