Poesia de Albino José Alves Filho, genro de BG
Canção dos olhos

Os meus olhos, tristes olhos,
De tanto olhar para o Céu
Neles, verás que nasceu
O azul do Céu nos meus olhos.

 Os meus olhos, tristes olhos,
De tanto mirar estrelas,
Confundiram-se com elas,
Tristes estrelas, meus olhos

 Os meus olhos, tristes olhos,
De tanto fitar a Lua,
Verás que, suntuosa, flutua,
A lua cheia em meus olhos.

 Os meus olhos, tristes olhos,
De tanto olhar o infinito,
Já são olhos se um contrito
Contritos olhos, meus olhos.

 Os meus olhos, tristes olhos,
De tanto fitar a Aurora,
São olhos de quem implora
Aurora para os meus olhos.

 Os meus olhos, tristes olhos,
Têm olhares de magia...
—   Jesus fitando Maria
Olhos, Virgem,  tristes olhos.

  Os meus olhos, tristes olhos,
Têm as esmolas da luz
Jesus pregado na cruz
Redentor, olhos, meus olhos.

  Os meus olhos, tristes olhos,
De tanto quererem Deus
Fulgirão ‘inda nos Céus
Os meus olhos, tristes olhos,

 
Belo Horizonte, 22 de maio de 1900