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O EPÍLOGO DO SENHOR DOS ANÉIS

J.R.R.Tolkien

Tradução de Ronald Kyrmse

  

[Nota do tradutor: O texto que se segue é a segunda versão do Epílogo, publicada por Christopher Tolkien em Sauron Defeated, Volume IX de The History of Middle-earth (Londres, HarperCollins, 1992). Esta versão substituiu a primeira, e o texto dado aqui é o datilografado pelo autor, que reproduz muito fielmente o manuscrito que lhe serviu de base. Teria se tornado o capítulo X do Livro VI do Senhor dos Anéis, caso JRRT tivesse decidido publicá-lo. As notas de fim que dou aqui (começando pelo número 1) correspondem às de Christopher Tolkien na obra citada (onde começam por 11, já que ele também dá a primeira versão do Epílogo).]

  

EPÍLOGO

 

Certa noite, em março de 1436, Mestre Samwise Gamgi encontrava-se em seu escritório em Bolsão. Estava sentado à velha escrivaninha, bastante gasta, e com muitas pausas para pensar escrevia sobre folhas soltas de papel na sua lenta caligrafia arredondada. Ao seu lado, apoiado num suporte, havia um grande livro manuscrito vermelho.

Não fazia muito tempo que ele lera trechos dele à família, em voz alta. Pois era um dia especial: o aniversário de sua filha Elanor. Naquela tardinha, antes do jantar, chegara afinal ao fim do Livro. Levara alguns meses o longo avanço pelos seus muitos capítulos, mesmo com as omissões que considerara aconselháveis, pois ele lia em voz alta somente nos dias solenes. Na leitura de aniversário, além de Elanor estivera presente o jovem Frodo, e a jovem Rosinha, e os pequenos Merry e Pippin; mas as outras crianças não estiveram lá. O Livro Vermelho ainda não se destinava a eles, e estavam a salvo na cama. Cachinhos Dourados só tinha cinco anos, pois nesse ponto a previsão de Frodo cometera um pequeno engano, e ela vinha depois de Pippin. Mas não era a última da linhagem, pois parecia provável que Samwise e Rosa rivalizassem com o velho Gerontius Tûk com tanto êxito no número de filhos quanto Bilbo rivalizara na idade que atingiu. Havia o pequeno Ham, [e havia Margarida ainda no berço >] e Margarida, e havia Primavera ainda no berço[1].

Agora Sam “tinha um pouco de sossego”. O jantar terminara. Só Elanor estava com ele, ainda acordada porque era seu aniversário. Estava sentada em silêncio absoluto, fitando o fogo, e de vez em quando dava uma olhadela em direção ao pai. Era uma bonita garota, de pele mais clara que a maioria das meninas hobbits, e mais esbelta, e a luz do fogo rebrilhava em seus cabelos vermelho-dourados. Por dádiva, não por herança, fora-lhe legada uma lembrança da graça élfica[2].

– O que está fazendo, Papai Sam[3] querido? – disse ela por fim. – Você disse que iria descansar, e eu esperava que conversasse comigo.

– Só um momento, Elanorellë – disse Sam[4] quando ela veio, abraçou-o e espiou por sobre seu ombro.

– Parece Perguntas e Respostas – disse ela.

– E é isso mesmo – disse Sam. – O Sr. Frodo, ele deixou para mim as últimas páginas do Livro, mas ainda não tive coragem de pôr as mãos nelas. Ainda estou fazendo anotações, como diria o velho Sr. Bilbo. Estas são todas as muitas perguntas que Mamãe Rosa e você e as crianças fizeram, e estou escrevendo as respostas quando as conheço. A maior parte das perguntas é sua, porque só você ouviu o Livro todo mais de uma vez.

– Três vezes – disse Elanor, olhando a página, escrita com cuidado, em que Sam apoiava a mão.

 

P. Anões etc. O jovem Frodo diz que gosta mais deles. O que aconteceu com Gimli? As Minas de Moria foram reabertas? Sobrou algum orc?

R. Gimli: voltou para trabalhar para o Rei, como disse, e trouxe muitos dos seus do Norte, e trabalharam em Gondor por tanto tempo que se acostumaram com isso, e lá se estabeleceram, no alto das Montanhas Brancas, não longe da Cidade. Uma vez por ano Gimli vai às Cavernas Cintilantes. Como sei? Informações do Sr. Peregrin, que muitas vezes retorna a Minas Tirith, onde é muito afamado.

Moria: Não ouvi notícias. Talvez a previsão sobre Durin não seja para nossos tempos[5]. Os lugares escuros ainda precisam de muita limpeza. Acho que ainda vão ser necessários muito trabalho e feitos audaciosos para desalojar as criaturas malignas dos salões de Moria. Pois com certeza restam orcs bastantes em tais lugares. Não é provável que jamais nos livremos deles por completo.

 

P. Legolas. Ele voltou ao Rei? Vai ficar por lá?

R. Sim, voltou. Foi para o sul com Gimli, e trouxe muitos da sua gente da Grande Floresta Verde (assim a chamam agora). Dizem que foi um maravilhoso espetáculo ver as companhias dos anões e dos elfos viajando juntas. Os elfos tornaram mais belas que nunca a Cidade e a terra onde vive o Príncipe Faramir. Sim, Legolas ficará lá, pelo menos enquanto Gimli ficar; mas acho que se fará ao Mar algum dia. O Sr. Meriadoc contou-me tudo isto, pois visitou a Senhora Éowyn em sua casa branca.

 

P. Cavalos. Merry está interessado neles; muito ávido por ter seu próprio pônei. Quantos cavalos os Cavaleiros perderam nas batalhas, e agora eles têm mais alguns? O que aconteceu com o cavalo de Legolas? O que Gandalf fez com Scadufax?

R. Scadufax foi com Gandalf no Navio Branco, é claro. Eu mesmo vi isso. Também vi Legolas deixar seu cavalo correr solto, voltando de Isengard para Rohan. O Sr. Meriadoc diz que não sabe quantos cavalos foram perdidos; mas agora há maior número em Rohan do que nunca, porque ninguém os rouba mais. Os Cavaleiros também têm muitos pôneis, especialmente no Vale Harg: brancos, castanhos e cinzentos. No ano que vem, quando voltar de uma visita ao Rei Éomer, pretende trazer um para seu xará.

 

P. Ents. Elanor gostaria de ouvir mais sobre eles. O que Legolas viu em Fangorn; e ele volta a encontrar-se com Barbárvore agora? A jovem Rosinha está muito preocupada com as entesposas. Procura-as sempre que entra numa floresta. Serão encontradas algum dia? Ela gostaria que sim.

R. Legolas e Gimli não contaram o que viram, até onde ouvi dizer. Não sei de ninguém que tenha visto um ent desde aqueles dias. Os ents são muito secretos, e não gostam muito de pessoas, grandes ou pequenas. Eu também gostaria que encontrassem as entesposas; mas temo que esse problema seja muito antigo e profundo para ser consertado por gente do Condado. Acho que talvez as entesposas não queiram ser encontradas; e talvez agora os ents estejam cansados de procurar.

 

– Bem, querida – disse Sam – esta página de cima, esta é só a leva de hoje. – Suspirou. – Não está adequada para entrar no Livro desse jeito. Não é nem um pouco como a história que foi escrita pelo Sr. Frodo. Mas vou ter de fazer um ou dois capítulos no estilo correto, de algum jeito. O Sr. Meriadoc poderia ajudar-me. Ele é esperto para escrever, e está fazendo um esplêndido livro só sobre plantas.

– Não escreva mais hoje à noite. Converse comigo, Papai Sam! – disse Elanor, puxando-o para uma cadeira perto do fogo.

– Conte-me – disse ela, quando estavam sentados juntos, com a suave luz dourada no rosto – conte-me sobre Lórien. A minha flor ainda cresce lá, Papai Sam?

– Bem, querida, Celeborn ainda mora lá entre suas árvores e seus elfos, e não duvido de que sua flor ainda cresça lá. Mas agora tenho você para olhar, e não tenho tanta vontade de vê-la.

– Mas não quero olhar para mim mesma, Papai Sam. Quero olhar para outras coisas. Quero ver a colina de Amroth onde o Rei encontrou Arwen, e as árvores prateadas, e o pequeno niphredil branco, e o elanor dourado na grama que está sempre verde. E quero ouvir elfos cantando.

– Então quem sabe algum dia você faça isso, Elanor. Eu dizia a mesma coisa quando tinha sua idade, e muito tempo depois, e não parecia haver nenhuma esperança. E no entanto eu os vi, e os ouvi.

– Eu tinha medo de que todos estivessem zarpando, Papai Sam. Aí logo não haveria nenhum por aqui; e aí em toda parte haveria apenas lugares, e –

– E o quê, Elanorellë?

– E a luz enfraqueceria.

– Eu sei – disse Sam. – A luz está enfraquecendo, Elanorellë. Mas ainda não vai se apagar. Agora acho que nunca vai apagar-se por completo, pois pude conversar com você. Pois agora me parece que pessoas que nunca a viram conseguem relembrá-la. E no entanto – suspirou – mesmo isso não é o mesmo que vê-la de verdade, como eu vi.

– Como estar numa história de verdade? – disse Elanor. – Uma história é bem diferente, mesmo quando é sobre algo que aconteceu. Eu gostaria de poder voltar aos tempos antigos!

– Gente como nós muitas vezes deseja isso – disse Sam. – Você chegou no fim de uma grande Era, Elanorellë; mas apesar de ela ter terminado, como dizemos, as coisas de fato não acabam assim de repente. É mais como um pôr-do-sol no inverno. Quase todos os Altos-Elfos agora se foram com Elrond. Mas não todos; e os que não partiram agora passarão um tempo esperando. E os outros, aqueles cujo lugar é aqui, vão durar mais tempo ainda. Ainda há coisas para você ver, e quem sabe você as veja antes do que espera.

 

Elanor ficou em silêncio algum tempo antes de voltar a falar. – No começo não compreendi o que Celeborn queria dizer quando se despediu do Rei – disse. – Mas acho que entendo agora. Ele sabia que a Senhora Arwen iria ficar, mas que Galadriel o abandonaria[6]. Acho que foi muito triste para ele. E para você, Papai Sam querido. – Tateou até encontrar a mão dele, morena, que segurou os esbeltos dedos dela. – Porque o seu tesouro também se foi. Estou contente que Frodo do Anel me tenha visto, mas gostaria de me lembrar de quando o vi.

– Foi triste, Elanorellë – disse Sam, beijando-lhe os cabelos. – Foi, mas agora não é. Por quê? Bem, por um lado o Sr. Frodo se foi aonde a luz élfica não está enfraquecendo; e mereceu sua recompensa. Mas recebi a minha também. Ganhei muitos tesouros. Sou um hobbit muito rico. E há outro motivo, que vou sussurrar para você, um segredo que nunca contei a ninguém antes, nem pus no Livro ainda. Antes de partir o Sr. Frodo disse que talvez minha hora chegasse. Posso esperar. Acho que talvez não nos tenhamos despedido para sempre. Mas posso esperar. Isso, pelo menos, aprendi com os elfos. Eles não se afligem tanto com o tempo. E por isso acho que Celeborn ainda está feliz entre suas árvores, de um jeito élfico. Sua hora não chegou, e ele ainda não se cansou de sua terra. Quando estiver cansado poderá partir.

– E quando você estiver cansado você partirá, Papai Sam. Você irá aos Portos com os elfos. Aí irei com você. Não vou me separar de você, como Arwen se separou de Elrond.

– Talvez, talvez – disse Sam, beijando-a carinhosamente. – E talvez não. A escolha de Lúthien e Arwen surge para muitas, Elanorellë, ou algo parecido; e não é sábio escolher antes da hora.

– E agora, minha querida, acho que é hora de uma jovem, mesmo de quinze primaveras, ir para a cama. E tenho palavras para dizer à Mamãe Rosa.

 

Elanor ergueu-se e passou a mão de leve pelos cabelos castanhos encaracolados de Sam, já salpicados de cinza. – Boa noite, Papai Sam. Mas –

– Não quero boa noite mas – disse Sam.

– Mas não vai me mostrar antes? Era o que eu ia dizer.

– Mostrar-lhe o quê, querida?

– A carta do Rei, claro. Já faz mais de uma semana que você a recebeu.

Sam levantou-se. – Misericórdia! – disse ele. – Como as histórias se repetem! E a gente leva a paga na sua própria moeda. Como espionamos o pobre Sr. Frodo! E agora nossa própria família nos espiona, sem pior intenção que a nossa, espero. Mas como você sabe disso?

– Não foi preciso espionar – disse Elanor. – Se você queria manter segredo, não tomou o mínimo cuidado. Chegou pelo correio da Quarta Sul bem cedo na quarta-feira da semana passada. Vi você recebê-la. Toda embrulhada em seda branca e lacrada com grandes lacres pretos: qualquer pessoa que tivesse ouvido o Livro adivinharia logo que vinha do Rei. São boas notícias? Não vai me mostrar, Papai Sam?

– Bem, já que você está tão informada, é melhor contar tudo – disse Sam. – Mas nada de conspirações agora. Se eu lhe mostrar, você passa para o lado dos adultos e tem de jogar limpo. Vou contar aos outros na hora que achar melhor. O Rei vem aí.

– Ele vem para cá? – exclamou Elanor. – Para Bolsão?

– Não, querida – disse Sam. – Mas vem para o norte outra vez, como não fazia desde que você era um toquinho[7]. Mas agora sua casa está pronta. Não vem para o Condado, porque deu ordens de que nenhuma Pessoa Grande volte a entrar nesta terra depois daqueles Rufiões, e não vai desrespeitar suas próprias regras. Mas virá a cavalo até a Ponte. E mandou um convite muito especial para cada um de nós, cada um nominalmente.

Sam foi até uma gaveta, destrancou-a, pegou um rolo e retirou seu estojo. Estava escrito em duas colunas, com belas letras de prata sobre fundo negro. Desenrolou-o e pôs uma vela ao lado, sobre a escrivaninha, de forma que Elanor pudesse vê-lo.

– Que lindo! – exclamou ela. – Consigo ler a língua comum, mas o que diz o outro lado? Acho que é élfico, mas você me ensinou tão poucas palavras élficas até agora.

– Sim, está escrito numa espécie de élfico que as pessoas grandes de Gondor usam – disse Sam. – Consegui lê-lo, pelo menos o bastante para ter certeza de que diz praticamente a mesma coisa, só que transforma todos os nossos nomes em élfico. O seu é o mesmo de ambos os lados, Elanor, porque seu nome é élfico. Mas Frodo é Iorhael, e Rosa é Meril, e Merry é Gelir, e Pippin é Cordof, e Cachinhos Dourados é Glorfinniel, e Hamfast é Baravorn, e Margarida é Eirien. Então agora você sabe.

– Que maravilha! – disse ela. – Agora todos temos nomes élficos. Que lindo final para meu aniversário! Mas qual é o seu nome, Papai Sam? Você não o mencionou.

– Ora, é bem esquisito – disse Sam. – Pois na parte élfica, fique sabendo, o Rei diz: “Mestre Perhael que deveria ser chamado de Panthael”. E isso significa: Meio-Sábio* que deveria ser chamado Todo-Sábio**. Agora, então, você sabe o que o Rei pensa do seu velho pai.

– Nem um pouco a mais do que eu penso, Papai Sam, Perhael-adar[8] querido – disse Elanor. – Mas diz dois de abril, daqui a uma semana apenas[9]! Quando vamos partir? Devíamos estar nos aprontando. O que vamos vestir?

– Você precisa perguntar à Mamãe Rosa sobre tudo isso – disse Sam. – mas já estamos nos aprontando. Faz muito tempo que fomos alertados sobre isso; e não dissemos nada a respeito, só porque não queríamos que vocês perdessem o sono à noite, ainda não. Todos vocês têm de estar muito bem arrumados e bonitos. Todos terão belas roupas, e iremos de coche.

– Devo fazer três reverências, ou uma só? – disse Elanor.

– Uma basta, uma cada para o Rei e a Rainha – disse Sam. – Pois, apesar de a carta não dizer, Elanorellë, acho que a Rainha estará lá. E quando você a tiver visto, querida, vai saber como se parece uma senhora dos elfos, só que nenhuma é tão bela. E ainda há mais do que isso. Pois vou ficar surpreso se o Rei não nos convidar para sua grande casa junto ao Lago Vesperturvo. E estarão lá Elladan e Elrohir, que ainda moram em Valfenda - e haverá elfos com eles, Elanorellë, e cantarão à beira d’água ao crepúsculo. Foi por isso que eu disse que você poderia vê-los antes do que pensava.

Elanor nada disse, mas ficou encarando o fogo, e seus olhos brilhavam como estrelas. Por fim suspirou e se mexeu. – Quanto tempo vamos ficar? – perguntou. – Imagino que vamos ter de voltar?

– Sim, e vamos querer, de certo modo – disse Sam. – Mas poderíamos ficar até a safra do feno, que é quando terei de estar de volta. Boa noite, Elanorellë. Agora durma até o sol nascer. Não vai sentir falta de sonhos.

– Boa noite, Papai Sam. E não trabalhe mais. Porque eu sei qual deve ser o seu capítulo. Anote nossa conversa - mas não hoje à noite. – Beijou-o e saiu do recinto; e a Sam pareceu que o fogo arrefeceu à sua partida.

 

As estrelas brilhavam num céu límpido e escuro. Era o segundo dia do claro período sem nuvens que chegava ao Condado todos os anos no final de março, e que todos os anos era recebido e elogiado como algo surpreendente naquela estação. Agora todas as crianças estavam na cama. Era tarde, mas cá e lá ainda brilhavam luzes na Vila dos Hobbits e em casas espalhadas pela paisagem envolta na noite.

Mestre Samwise estava de pé à porta, olhando ao longe para o leste. Puxou a Senhora Rosa para junto de si e abraçou-a.

– Vinte e cinco de março! – disse. – Neste dia, dezessete anos atrás, Rosa, minha esposa, eu não pensava que jamais a veria de novo. Mas mantive a esperança.

– Nunca tive esperança nenhuma, Sam – disse ela – não até aquele mesmo dia; e depois tive de repente. Era por volta do meio-dia, e eu me senti tão contente que comecei a cantar. E mamãe disse: “Silêncio, menina! Há rufiões por aí.” E eu disse: “Que venham! O tempo deles vai acabar logo. Sam está voltando.” E você chegou.

– Voltei – disse Sam. – Para o lugar que me é mais caro no mundo todo. Para minha Rosa e meu jardim.

Entraram e Sam fechou a porta. Mas ao fazê-lo escutou repentinamente, profundo e inquieto, o suspiro e o murmúrio do Mar nas praias da Terra-média.

 

 


 

[A forma final da carta do Rei, em língua comum e sindarin, é dada em Sauron Defeated como consta abaixo]

 

 Aragorn Passolargo, o Pedra Élfica, Rei de Gondor e Senhor das Terras Ocidentais, chegará à Ponte do Baranduin no oitavo dia da primavera, ou, no Registro do Condado, no segundo dia de abril. E deseja saudar ali todos os seus amigos. Especialmente deseja ver Mestre Samwise, Prefeito do Condado, e Rosa, sua esposa; e Elanor, Rosa, Cachinhos Dourados e Margarida, suas filhas; e Frodo, Merry, Pippin e Hamfast, seus filhos.

A Samwise e Rosa as saudações do Rei de Minas Tirith, no trigésimo primeiro dia da Agitação, que é o vigésimo terceiro de fevereiro no seu registro.

A . E .

  

Elessar Telcontar: Aragorn Arathornion Edhelharn, aran Gondor ar Hîr i Mbair Annui, anglennatha i Varanduiniant erin dolothen Ethuil, egor ben genediad Drannail erin Gwirith edwen. Ar e aníra ennas suilannad mhellyn în phain: edregol e aníra tírad i Cherdir Perhael (i sennui Panthael estathar aen) Condir i Drann, ar Meril bess dîn, ar Elanor, Meril, Glorfinniel, ar Eirien sellath dîn; ar Iorhael, Gelir, Cordof, ar Baravorn, ionnath dîn.

A Pherhael ar am Meril suilad uin aran o Minas Tirith nelchaenen uin Echuir.

A . E .



[1] Esta correção foi feita somente no texto datilografado. Na “Árvore dos Pais dos Pais do Mestre Samwise”, no Apêndice C, Margarida Gamgi nasceu em 1433 e Primavera em 1435; Bilbo Gamgi nasceu no ano do Epílogo, 1436, e seguiram-se a ele mais três filhos, perfazendo um total de treze.

[2] Uma nota de rodapé sobre o nascimento de Elanor no Conto dos Anos afirma: “Ela ficou conhecida como ‘a Bela’ por causa de sua beleza; muitos diziam que ela mais parecia uma donzela élfica que uma hobbit. Tinha cabelos dourados, o que outrora era raro no Condado; mas duas outras filhas de Samwise também eram loiras, assim como muitas outras crianças nascidas nessa época.” Cf. a referência em “Os Portos Cinzentos” às crianças de cabelos dourados nascidas no Condado no ano de 1420 [pág. 1084 da edição brasileira em um volume, de 2001 – N. do T.].

[3] Papai Sam: esta forma de os filhos se dirigirem a Sam surgiu no texto B da primeira versão.

[4] No manuscrito “disse Sam” é seguido por “chupando o porta-penas”; essa omissão provavelmente foi involuntária, assim como outras frases que posteriormente foram coletadas e reinseridas no texto datilografado.

[5] Sam certamente estava pensando no final da canção de Gimli em Moria, que o impressionou fortemente [pág. 330 da edição brasileira]:

A sua coroa no lago fundo

E Durin dorme sono profundo.

Ou então pensava nas palavras de Gimli quando Frodo e Sam olharam com ele no Lago-Espelho: “Oh, Kheled-zâram, belo e maravilhoso! Ali permanece a Coroa de Durin até que ele acorde.” “O que você viu? – perguntou Pippin a Sam. Mas ele estava tão imerso em seus próprios pensamentos que nada respondeu.” [pág. 347].

[6] As palavras de Elanor referem-se ao trecho em “Muitas despedidas” [pág. 1041]: “Mas Celeborn disse: – Parente, adeus! Que seu destino seja diferente do meu, e seu tesouro permaneça com você até o fim.”. [A forma original da despedida entre Celeborn e Aragorn está assim em Sauron Defeated: “Parente, adeus, mas seu destino é semelhante ao meu; pois nosso tesouro há de sobreviver a nós dois”]

[7] Não conheço nenhuma outra referência a essa jornada de Aragorn ao norte, nos primeiros anos de seu reinado.

* Em inglês Samwise [N. do T.]

** Em inglês Fullwise [N. do T.]

[8] No manuscrito (que tinha formas com ai, mais tarde corrigidas, nos nomes Iorhail, Perhail, Panthail) Elanor chama seu pai de Panthail-adar.

[9] daqui a uma semana apenas [A primeira versão do Epílogo dizia “amanhã em uma semana”, mas essa frase, errônea porque atribuía trinta e um dias ao mês de março do Condado, foi corrigida na segunda versão]

 


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