REENCARNAÇÃO
BRUNO BERTOLUCCI ORTIZ -
bubis@unimes.com.br
"Tais são as principais afirmações
que os ocultistas baseiam na dupla autoridade da tradição e da visão direta
do plano invisível. Pode-se agora entender a resposta de um brâmane
interrogado por um padre jesuíta sobre a origem das suas idéias a
respeito das transformações da alma após a morte, que respondeu ao bom
missionário: "Mas eu vi o que acontece depois da morte, e nenhuma revelação
vale tanto como esta certeza , especialmente quando se fez várias vezes a
verificação, para nos darmos conta dos pormenores."
( O Ocultismo, Papus)
Na minha opinião a reencarnação é um fato. Em
primeiro lugar porque é a explicação mais lógica em concordância com a
lei de evolução; segundo porque explica a "injustiça" das pessoas
nascerem em volta de desgraças ou das oportunidades.
Quando o corpo físico morre, o cadáver material, junto
ao corpo vital, fica na Terra, onde será reabsorvido. Assim que o corpo
astral se liberta do físico, ele se despoja de seu "cascão "
e vai ao plano astral. Creio eu que esse despojamento será mais ou menos
agonizante segundo o "peso" desse cascão. O cascão fica no plano físico,
e será uma larva astral; um organismo fanático com o único objetivo de
satisfazer os apegos ( vícios) que a alma tinha quando estava encarnada. Essa
larva procurará alimento, isto é, hospedeiros com vícios afins; mas
invariavelmente será absorvida pela Terra.
O corpo astral subirá para o plano astral, e creio que
o primeiro que ele terá de encarar será o astral inferior, e depois o astral
superior. Papus descreve esse processo no seu livro "O Ocultismo":
"...o corpo astral tende a dividir-se em duas
partes: uma inferior, que permanecerá no plano físico, e uma superior, que
evoluirá até o plano astral superior. Esta luta manifesta-se no exterior,
nos casos, normais, pela agonia..."
"...Mas o espírito dá-se conta de que não
está ainda no seu verdadeiro centro, e vai tentar o melhor que pode para a
segunda morte, a morte no plano astral, que acelerá a sua evolução. Esta
depende da evolução moral do espírito, o qual deve travar autênticas lutas
com os seres do plano astral que querem arrancar-lhe a sua astralidade
inferior..."
É por esse motivo que creio que seja bem pouco provável
as ditas aparições dos espíritos, pois ele teria que passar por todos os
planos inferiores ao dele para se manifestar aqui na terra:
"... Acima de minha cabeça, o sombrio Oceano
etéreo rola suas ondas fluídicas, pois nosso mundo é em toda parte limitado
por este Oceano cujas correntes, todavia mais leves que o ar terrestre, são
assaz formidáveis para arrastar em suas vertigens os entes cuja astralidade não
está ainda completamente desprendida. É ele que nos separa do mundo
terrestre, e é entre ele e a Terra que começa a região da luz elementar, a
que vedes e na qual se banham os entes mais inferiores do nosso mundo, as
larvas múltiplas e polimorfas...São estas correntes terríveis que se opõe
de um modo tão grande aos esforços que podemos fazer para comunicar com
algumas dentre as almas ainda encarnadas na Terra..."
( A Reencarnação, Papus)
Após subir aos planos astrais, a alma poderá
escolher se reencarnar para evoluir moralmente, e eu acredito que suas condições
no plano físico dependerão dos clichês produzidos no seu corpo astral.
Esses clichês é que determinarão seu Karma, isto é, o que ele plantou lhe
será entregue, pois se ele sintonizou seu corpo astral com energias baixas,
serão essas energias que determinarão as condições de sua vida; que
obviamente dará ao indivíduo a oportunidade de mudar esses clichês. Assim,
o Karma não é uma determinação de algum ser superior, como um "Anjo
Justiceiro" , nem uma escolha totalmente voluntária do indivíduo que se
arrependeu, mas um fenômeno natural que segue a lei de causa e efeito, necessário
para esse estágio de evolução.
Já o Darma, acredito que sua escolha é feita pela
alma, o espírito divino, o "eu superior" que contém a centelha
divina. É um ideal, que o indivíduo ( já coberto pelos corpos sutis) se
sentirá inclinado a seguir, mas que não lhe será voluntário.
Para entender melhor o que eu quis dizer com termo voluntário, basta apreciar
o ideal do ponto de vista do coração. Por exemplo: a pessoa tem o sonho de
ser médico, e ele sente uma inclinação irresistível pela medicina com
muitos planos e idéias para o futuro da humanidade. Porém seu pai é
advogado, dá aula em uma faculdade e quer de qualquer jeito que seu filho
estude direito. Ele pode escolher estudar direito,
porque lhe será muito fácil e cômodo trabalhar nessa área, mas ele jamais,
jamais poderá escolher gostar disso; ele gosta de
medicina e será só pela medicina que sentirá a paz de espírito que sua
alma precisa. Acredito que simplesmente não escolhemos o que gostamos, pelo
menos não aqui na Terra, e é justamente o fato de não termos a
possibilidade de escolher o mais cômodo para adorarmos que torna a busca
arriscada pelos sonhos um ato de fé. Buscar o verdadeiro ideal, o Darma,
e pagar o Karma, será uma busca pelo auto-conhecimento que trará a evolução
para a alma.
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