Karma

O Karma está intimamente relacionado a uma lei de ordem universal: a lei de causa e efeito. O Caibalion define bem no preceito hermético de Causalidade: "Toda causa tem um efeito; todo efeito tem sua causa; todas as coisas acontecem de acordo com a lei; o Acaso é simplesmente o nome dado a uma lei não reconhecida; existem muitos planos de causalidade, mas nada escapa a lei".

O Karma é uma força que corre nas águas do rio da evolução, e qualquer elemento, que por qualquer motivo, se opõe a essa correnteza, é invariavelmente afetado pelo Karma.

O Karma, creio eu, não se trata nem de "castigo de Deus" nem da ação de "Senhores do Karma" ou "Anjos da Justiça Divina", mas de uma lei que segue a linha de causa e efeito. Se você dá um soco na parede, ela machuca sua mão na mesma intensidade. Se você mantém pensamentos ruins e atividades ruins, invariavelmente atrairá pessoas, entidades e energias afins.

A manipulação da magia negra atrai as energias mais nefastas do universo. Elas causam no seu agente tanto efeitos físicos como psíquicos , de acordo com a liberdade que seu manipulador concede às forças que atrai e dinamiza. Se ele chama essas forças, é porque lhes concede uma liberdade que em condições normais elas não possuem; e permite às mesmas a agir por ele, por meio dele e nele. As forças nefastas afetarão seus clichês astrais que mais cedo ou mais tarde se manifestarão na forma de eventos físicos que estarão fora do controle de seu causador. Ele assim, tece uma teia, que sutilmente se conecta com a teia do universo, e um toque em qualquer fio, repercute para todos, que respondem de volta conforme as leis.

"Quando o último fio se acha tecido, e o homem se deixou enredar na malha de sues próprios atos, vê-se ele sob o império absoluto desse Destino, que ele mesmo elaborou. Este então o imobiliza, qual concha inerte presa ao firme rochedo, ou o arrasta, como uma pena, no torvelinho levantado por suas próprias ações; e isto é o Karma." (H. P. Blavatsky, A Doutrina Secreta II pg 351)

Há a grande pretensão humana de culpar os "demônios", os "Deuses" e outras fontes externas como os causadores de suas desgraças. Porém, "não há um acidente em nossa vida, não há um dia mau ou uma desgraça, cuja causa não possa ser encontrada em nossas próprias ações nesta ou em outra existência." ( H. P. Blavatsky, A Doutrina Secreta II)

Nos resta portanto, apenas um culpado pelos efeitos drásticos : nossa ignorância das causas.

É a ignorância das causas que faz o homem chorar quando ele não é sincero consigo e empreende projetos que sabe que não são os que ele realmente quer , e depois de muito tempo ele culpa "as injustiças da vida". A preferência pelo temporal, pelo cômodo momentâneo paralisa o homem no rio da evolução, que não tardará em pô-lo novamente em movimento, nem que precise derrubar toda a construção ( sua torre de babel) que o mesmo construiu e se trancou.

A corrente da evolução não pára, é o "destino macrocósmico"; isto é, a gama de acontecimentos que estão além do nosso controle, onde nosso livre-arbítrio não pode afetar, pois ele é o efeito que não pode ser impedido se sua causa correspondente for acionada. O "destino microcósmico" refere-se unicamente ao uso do livre-arbítrio para gerar a causa que desencadeará o efeito; e é por esse motivo que não podemos ter um efeito benéfico promovendo causas maléficas. É culpa da ignorância das causas que o homem planta praga e chora quando não consegue colher flores. O único meio, portanto, para o homem atrair bons efeitos para sua vida, é promovendo boas causas, e nisso é que consiste e se limita o livre arbítrio: agir indiretamente nos efeitos por meio das causas. Não se pode simplesmente atrair o efeito da espiritualização, é preciso agir no que causa isso: se exercitar espiritualmente, se informar, fazer caridade, lutar contra as paixões e etc...

A busca pelo poder é uma busca vã, e é essa a ilusão daqueles que acham que podem fazer o que bem querem, pois não entenderam que jamais possuirão o controle direto sobre os efeitos.

Diz o Caibalion: "existem muitos planos de causalidade...". Portanto existe a lei de causa e efeito de ordem material e espiritual. A de ordem material segue um comportamento mecânico, é o instrumento mais grosseiro da evolução. Assim, os animais sofrem, como todos os seres, os efeitos oriundos de suas causas mecânicas e exclusivamente materiais, que a Natureza sabiamente determinou em prol da evolução. Porém, a lei de causa e efeito de ordem espiritual está subordinada às atitudes morais dos seres de acordo com o grau de sua consciência de seus atos; e é nisso que se constitui o Karma. O Karma é a ação dessa lei no plano puramente espiritual, e apenas os que possuem consciência de seus atos é estão sujeitos a ele. É um absurdo atribuir a responsabilidade kármica aos animais e aos seres incapazes de avaliar as conseqüências de seus atos. E é por esse mesmo motivo, que no pólo oposto da questão ocorre o inverso: aquele que mais sabe, que mais tem consciência das leis e das causas que desencadeiam efeitos, tem muito mais responsabilidade.

O feiticeiro do campo, que usa magia negra para "amarrar" alguém sabe que não é certo fazer isso, mas acha que o efeito de seu ato será bom para a pessoa, o que por ignorância diminui sua pena. Porém aquele que possui o conhecimento e sabe o quão covarde é o ato, que sabe o quanto prejudicará a pessoa e que isso é fruto de seu egoísmo, arcará com conseqüências muito mais penosas.