APRESENTAÇÃO



A Liga Bolchevique Internacionalista acaba de realizar sua quarta Conferência Nacional, exatamente no momento em que celebra seu décimo ano de existência política. Dez anos não podem ser caracterizados por ser um longo período histórico; ao contrário, são um breve interregno na etapa da luta de classes. Portanto, não há nenhum grande mérito em uma organização revolucionária sobreviver íntegra por tão curto espaço de tempo, a não ser pelas particularidades históricas deste período. Fundada em 1995, a LBI “colhe” com toda a intensidade as conseqüências políticas da derrubada contra-revolucionária da antiga União Soviética, ocorrida poucos anos antes, em 1991. A poderosa ofensiva política econômica e militar do imperialismo, seguida da restauração capitalista na URSS e no conjunto do Leste europeu desorientou e, em muitos casos, liquidou setores da esquerda marxista, colocando em uma tremenda defensiva ideológica a vanguarda do proletariado mundial.

Após o término da chamada etapa bipolar conhecida popularmente como “guerra fria”, fortalecido o imperialismo ianque dá início à “guerra prolongada de baixo impacto” que combina a recolonização econômica dos “povos periféricos” com ataques e ocupações militares aos países imperialistas. Sem o contraponto militar do Pacto de Varsóvia e da URSS, a hegemonia ianque é absoluta e a reação das massas é difusa e em muitos casos recorrendo a meios e instrumentos políticos “não convencionais”. Mal pôde comemorar o ingresso da supremacia da “nova ordem mundial”, o imperialismo ianque é humilhado em 11 de Setembro de 2001, desencadeando como resposta o recrudescimento de seu curso belicoso, batizado como “Guerra Mundial ao Terrorismo”.

Como podemos aferir, apesar de curto, o período histórico no qual a LBI debutou, este foi bastante intenso, combinando a transição da contra-revolução no Leste europeu até a “guerra contra o terrorismo em escala mundial. Mas o importante não é só descrever cronicamente a etapa da luta de classes, é fundamental marcar posições e intervir na realidade nacional e internacional. É exatamente o calibre político das posições revolucionárias assumidas pela LBI ao longo destes dez anos que atestam, na prática, seu caráter bolchevique leninista.

Nesta nova edição de Marxismo Revolucionário (MR) apresentamos, de forma inédita, a intervenção do camarada Cristóvão Campos, na abertura da IV Conferência Nacional da LBI, onde aborda de forma magistral o que afirmamos sinteticamente acima. MR traz aos nossos leitores uma ampla cobertura da conjuntura latino-americana, incluindo uma análise rigorosa da profunda crise política da frente popular no Brasil. No marco da ascensão dos chamados governos de “centro esquerda” em nosso continente.

Apesar de sua modesta contribuição teórica, MR se consolidou como uma verdadeira referência política-programática para a esquerda trotskista mundial, não pela genialidade de seus editores, mas sim pela coerência e firmeza de suas posições e análises ao longo de seus oito anos de vida, revelando o imenso acerto político da decisão da LBI em dar início a este projeto editorial. Longa vida à MR!

Os Editores
Janeiro de 2006.


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