PALESTINA Israel e ANP unem-se para desarmar a Intifada e avançar a ocupação nazi-sionista! As eleições de janeiro para presidente da ANP foram um ritual nas altas esferas da Fatah para fazer a substituição formal de poder da Autoridade Nacional Palestina do defunto Arafat por Abu Mazen (Mahmoud Abbas), direcionadas a legitimar este último como o “representante dos palestinos” em face dos interesses de Israel e dos EUA. Em seu discurso anual “Sobre o Estado da União” para as duas casas do Congresso ianque, Bush declarou que destinaria 350 milhões de dólares para “fortalecer as reformas políticas, econômicas e de segurança nos territórios palestinos”. Todavia, apesar do patrocínio à alardeada “democracia palestina”, como festejou a mídia internacional, a “eleição” de Mazen é uma farsa até para os estreitos limites das democracias burgueses dos países semicoloniais. Mais da metade dos palestinos, cerca de quatro milhões que não vivem nos territórios ocupados, expulsos pela ocupação militar israelense desde 1948, foram excluídos das eleições. A semelhança das eleições iraquianas, a eleição palestina serve para dar legitimidade à ocupação e se convertem em instrumento de sua continuação. Legitimado Mazen, o segundo ato da farsa teatral imperialista para a imposição da nova ordem “democrática” no Oriente Médio veio em seguida: A primeira parada do tour da Secretária de Estado ianque pelo mundo, Condoleeza Rice, foi na Mukata, sede da ANP em Ramallah, para reconhecer a Mazen como um interlocutor de confiança para consertar uma nova “trégua” com Israel, estabelecida no encontro de cúpula entre Mazen e Sharon no balneário egípcio de Sharm el Sheik, em 08 de fevereiro. ANP DE MAZEN É ALIADA DE BUSH E SUA OFENSIVA IMPERIALISTA Os EUA estão precisando recrutar mais aliados políticos e militares para retomar a ofensiva imperialista empantanada pela heróica resistência iraquiana que os impede de avançar no restante do globo. Vale lembrar que dentro e fora do Iraque, manifestações contra a Guerra e contra-ataques antiimperialistas, como o de 11/03 em Madri, provocaram uma debandada significativa nas forças da coalizão invasora e vem obrigando-a a refazer os ritmos de sua ofensiva. Sem ajuda, como, por exemplo, a que Lula presta aos EUA, ocupando militarmente o Haiti, ficaria difícil seguir os planos de recolonização na América Latina. O governo ianque está tentando recompor e se possível ampliar sua coalizão internacional para dar continuidade à “guerra preventiva” para eliminar qualquer resistência aos interesses do imperialismo ianque e de seus sócios minoritários sobre o globo e minorar os efeitos da imensa crise econômica para a qual os EUA arrastam o planeta. Nesta agenda imperialista, além de tentar acabar com a segunda Intifada, com a colaboração da nova direção da ANP, ainda mais colaboracionista do que sob o governo Arafat; os EUA acossam o governo da Síria via o Líbano, insuflando as hostilidades entre os dois países após o assassinato do ex-primeiro ministro libanês; pressionam a Coréia do Norte via China a voltar à mesa de negociações para desfazer-se de seu programa nuclear; e através da União Européia tencionam o regime xiita do Irã, que contraditoriamente saiu fortalecido com as fraudulentas eleições iraquianas montadas pelos próprios EUA. As expectativas artificialmente criadas em torno da cúpula de Sharm el Sheik viraram fumaça ainda em meio ao ambiente forçado de otimismo que propagava a mídia imperialista mundial, desmoralizando precocemente a administração colaboracionista de Mazen. Do lado israelense a mis en cene pós-cúpula não foi além de declarações de intenções de retirada das tropas de Sharon de cinco localidades palestinas ocupadas pelo exército sionista em 2000, a suspensão dos “assassinatos seletivos” e o anúncio da liberação de 900 dos 8 mil presos políticos trancafiados nos cárceres nazi-sionistas. Por sua vez, cabe à ANP garantir a “suspensão de toda violência” contra as forças militares e assentamentos israelenses nas terras tomadas dos palestinos, o que implica em combater, desarmar e derrotar as organizações guerrilheiras como o Hamas, Jihad Islâmica, a Frente de Libertação Popular Palestina, a Frente Democrática de Libertação Palestina e as brigadas dos mártires de Al Aqsa. Mas os esforços de Mazen para atender as ordens de seu amo sionista e “eliminar o terrorismo palestino” foram em vão. Poucas horas depois do anúncio de que o presidente da ANP lograra a adesão do Hamas ao cessar fogo, esta organização guerrilheira, apesar das vacilações de sua direção que justificou suas negociações com Mazen unicamente para conhecer de primeira mão os acordos entre a ANP e Sharon, se viu obrigada perante suas bases a desmentir com atos o cessar fogo, lançando na madrugada de 17 de fevereiro um ataque de morteiros e granadas contra colônias judias na Faixa de Gaza. Em outro incidente na mesma madrugada, uma milícia palestina armada, formada por parentes de combatentes da resistência, mortos pelos “assassinatos seletivos”, israelenses invadiu uma prisão em Al Saraya, o principal complexo das forças palestinas de segurança no centro da cidade de Gaza, para executar a dois informantes de Israel que colaboravam com as forças de ocupações nos ataques “seletivos”. UNIR A INTIFADA E A RESISTÊNCIA IRAQUIANA PARA DERROTAR A OFENSIVA IMPERIALISTA Nos últimos quatro anos desta guerra que já dura mais de meio século, o Exército sionista retomou o controle direto das cidades palestinas que havia “liberado” para o controle da ANP, assassinou mais de 3 mil palestinos, entre os quais importantes dirigentes da resistência, demoliu milhares de casas, acelerou a construção de colônias nos territórios palestinos e criou o malfadado Muro da Vergonha, usado tanto para segregar os palestinos dos israelenses e entre si, como para anexar importantes áreas da Cisjordânia. Desde 2004, Sharon avaliou que é possível anexar definitivamente da maior zona dos territórios ocupados, a Cisjordânia, uma área de 5.500 km2, e diminuir os gastos da ocupação da Faixa de Gaza, que possui 364 km2, transferindo as colônias israelenses dali para a Cisjordânia. Na Faixa de Gaza são necessários mais de 60 mil soldados para guarnecer 17 colônias judaicas, contendo oito mil habitantes que detêm 25% da Faixa de Gaza, em meio a 1,5 milhão de palestinos que se comprimem nos outros 75% da zona. “Israel planeja construir novos assentamentos judaicos na Cisjordânia para abrigar colonos retirados da Faixa de Gaza, afirmaram na terça-feira autoridades israelenses. (...) O Ministério da Habitação de Israel afirmou que planeja construir um novo assentamento – Gvaot – no enclave de Gush Etzion” (Reuters, 15/02). Por isso, após 38 anos de ocupação, o Gabinete de Israel deliberou unilateralmente em 20 de fevereiro por retirar-se em julho de 2005 do imenso bantustão palestino, conhecido como Faixa de Gaza, e avançar de imediato na construção do Muro da Vergonha de 650 km na Cisjordânia. Se Bush desarmar a Intifada e as organizações guerrilheiras palestinas, ficará com as mãos livres para seguir seus planos de recolonização sobre a Síria, o Irã e o restante do planeta. Se do contrário, a Intifada derrota Israel e a ANP, saem enfraquecidos os grilhões da dominação imperialista e os planos de Bush viram papel molhado. A libertação dos palestinos só poderá ser conquistada através de uma luta implacável para ganhar as massas e suas organizações de resistência da influência política e ideológica da burguesia liberal árabe e palestina, hoje representada pela política colaboracionista da direção da OLP e da ANP presidida por Mazen. A Intifada e a ANP se encontram em barricadas opostas e só uma pode vencer: que seja a resistência das massas armadas sobre a ocupação israelense e a ANP colaboracionista, defendendo os combatentes anti-sionistas como na prisão em Al Saraya. A satisfação das justas aspirações nacionais, civis e democráticas palestinas, a devolução do território que lhes foi roubado por Israel, o retorno dos refugiados e a criação de um Estado próprio só é possível pela conquista de poder pelos trabalhadores no sentido da construção de uma Palestina soviética baseada em conselhos de operários e camponeses palestinos e judeus. A vitória que requer a aliança revolucionária entre o proletariado e o campesinato da região para derrotar os objetivos da “trégua” entre a ANP e Sharon, varrer a camarilha corrompida da direção da OLP e destruir a máquina assassina de Israel. Esta aliança só é concebível sob a direção política da vanguarda proletária organizada num partido comunista internacionalista do proletariado palestino, árabe e hebreu que supere política e militarmente as organizações dirigidas pela burguesia fundamentalista e unifique a Intifada palestina, a resistência iraquiana e o conjunto dos lutadores sociais da região para expulsar o imperialismo do Oriente Médio.
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