DOCUMENTO Declaração política de ruptura da Tendência Revolucionária, Operária e Camponesa (TROC) com o PT Trabalhadores: A barbárie anunciada para o futuro do capitalismo em sua fase mais cruel, o imperialismo, já não é uma previsão. A realidade se escancara para quem quer enxergar. Nós trabalhadores, os explorados que sustentam o sistema estamos mergulhados na barbárie em toda e qualquer parte do mundo. No Iraque, na África, na Palestina, nos morros do Rio de Janeiro, nas favelas de São Paulo e grandes cidades, nas periferias de qualquer cidade, nos campos e sertões esfomeados. O sistema agoniza e arrasta em sua agonia milhões de seres. Onde o imperialismo não implantou a guerra, implantou a fome, a miséria, o desemprego, o desamparo. A cada dia o sistema intensifica a sua investida, arrancando da massa trabalhadora cada um dos direitos conquistados com sangue e luta. A cada dia os banqueiros e financistas ficam mais ricos, a cada dia o capital se concentra mais e mais em poder de poucos grupos de capitalistas, os donos do mundo. Assistimos a uma das maiores ofensivas do capital e seu império contra o proletariado. A expropriação da riqueza produzida por nós trabalhadores é brutal e descarada. Outrora, o sistema se utilizou do fascismo e do terror inerente a ele para garantir seu domínio e exploração da classe. Hoje, além do terror há outros métodos. Em todo o mundo, assim como no Brasil, os partidos de esquerda tornam-se parceiros da classe dominante e exploradora, contendo as massas enquanto aplicam a política imposta pela burguesia e seus agentes nefastos, FMI, etc. A falácia da democracia burguesa (que por seu caráter é a ditadura da classe dominante sobre outra explorada) vendida às massas é mais eficaz que qualquer regime de terror, ao vender a ilusão de que participamos do processo, de que o voto é suficiente pra que ocorram mudanças, para que nossas reivindicações sejam contempladas. É só votar e esperar. E enquanto somos espoliados, assistimos indefesos, amorfos, esperando a próxima eleição. No Brasil, nós militantes socialistas, construímos a duras penas um partido operário, o PT. Instrumento de luta, de conscientização, para junto com a massa explorada enfrentarmos as investidas do capital, garantirmos nossos direitos e o atendimento de nossas reivindicações. O que o senso comum chamava de “balaio de gato do PT” era sua maior virtude, pois as diversas correntes de pensamento nele integradas eram garantia de fomentação de debates e conseqüente crescimento da militância rumo à construção de uma nova sociedade, rumo à ruptura do sistema e o advento do socialismo. No entanto, a direção burocrática do partido começou por solapar ou cooptar uma a uma destas correntes, instituindo a hegemonia de pensamento, engessando a militância e se apartando das bases para acabar finalmente entregando o partido, patrimônio dos trabalhadores, de bandeja para a burguesia internacional e seus cupinchas nacionais. Hoje, falar de socialismo, ruptura, revolução dentro do PT é “pecado mortal”. O partido está perfeitamente integrado ao capitalismo (e suas rapinas), onde o seu único objetivo é manter “a governabilidade” (leia-se: manter-se no poder burguês), utilizando-se para isso de todos os métodos tradicionais da burguesia exploradora: negociatas políticas parlamentares, acordos com deus e o diabo. Mais que isso, se alia ao império da rapina entregando direitos históricos da classe trabalhadora através das contra-reformas trabalhista, previdenciária e universitária; tira verbas dos serviços essenciais (esmola concedida pelo sistema) para cumprir o superávit e garantir a remessa de dólares aos insaciáveis banqueiros sanguessugas internacionais. Em Mogi Mirim, o partido segue a mesma cartilha da direção nacional, não temos mais militância, apenas cabos eleitorais, cuja função é carregar o piano e não opinar. Qualquer iniciativa da base é boicotada, qualquer discussão é abortada. As decisões são tomadas na cúpula e toda opinião contrária a ela é desprezada. Os mandatários municipais do partido estabeleceram o pensamento único e acusam os que não concordam de quererem impor seu pensamento, sem sequer se disporem a ler os textos remetidos ao partido ou qualquer outra forma de debate. Nós militantes revolucionários, a despeito do trabalho de convencimento de que a revolução proletária não tem mais sentido dentro da história e de que o único caminho a seguir é se conformar e tentar “humanizar” o capitalismo desumano, estamos cada vez mais convictos de que não há solução para a barbárie em que mergulharam a humanidade a não ser com a derrocada total do sistema capitalista e a construção da sociedade socialista. Não há caminho para isto a não ser através da revolução proletária e a instalação da ditadura do proletariado, ditadura da classe da imensa maioria espoliada sobre a classe da minoria dominante, a burguesia. Ditadura esta que significa a transição para libertação da maioria explorada e massacrada por toda a história da humanidade e etapa necessária para a construção do socialismo. Diante do exposto não resta mais nada a dizer senão de que não podemos compactuar com as atuais diretrizes tomadas pelo “partido dos trabalhadores”. Mais ainda, temos o dever de denunciar e desmascarar qualquer traição ou ataque à classe operária, seja de quem for. A burguesia necessita da mentira para dominar; os trabalhadores necessitam e querem a verdade para se libertarem. Este partido já não é um instrumento de luta para os trabalhadores, já cumpriu seu papel histórico e está morto para a luta de classes. Continuaremos em nossa batalha contra o verdadeiro e único inimigo: o capital e sua representante a burguesia. Conclamamos a todos os trabalhadores, verdadeiros militantes da classe, os que saírem conosco e os que ficarem a virem para esta luta, imensurável e inevitável. PELA VITÓRIA DA REVOLUÇÃO SOCIALISTA! MORTE AO IMPERIALISMO QUE MATA! Saudações fraternas e revolucionárias. TROC - Tendência Revolucionária Operária e Camponesa.
Assinam este texto: - Maria Tereza Azevedo - ex-vice-presidente da executiva municipal do Partido dos Trabalhadores de Mogi Mirim/SP. - Moacir Augusto Neri - militante do MOJURES e da TROC . - Jefferson Adriano Vieira Ramos - ex-candidato a vereador pelo PT e militante do movimento dos sem-terra. - Edmilson Luis Muoio - ex-pré-candidato a prefeito de Mogi Mirim, indeferido pelo PT.
Com o apoio de todos os companheiros engajados nas campanhas de Edmilson e Jefferson e que contribuíram na redação do documento de Manifesto/Plataforma de campanha de suas candidaturas; apresentado ao partido em sua convenção.
Mogi Mirim/São Paulo
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