REALIZADA A PRÉ-CONFERÊNCIA DE CONSTRUÇÃO DO PORT

Um importante marco político para o reagrupamento revolucionário nacional e internacional

Realizou-se com pleno êxito político a Pré-Conferência do Partido Operário Revolucionário Trotskista. A atividade convocada pela LBI e pela Tendência Revolucionária Operária e Camponesa (TROC) ocorreu nos dias 28 e 29 de janeiro de 2005, na Tenda León Trotsky, no acampamento da Juventude em Porto Alegre, durante o Fórum Social Mundial (FSM).

O desenvolvimento programático da LBI, marcando posições principistas ao longo de seus 10 anos de existência, sintetizadas no documento da Convocatória para a Pré-Conferência, abriu a possibilidade de uma tarefa de maior envergadura neste momento para os revolucionários: a construção de uma organização política trotskista superior à própria LBI e à TROC, inserida no cenário da luta de classes nacional e com maior capacidade de intervenção militante. O êxito da própria Pré-Conferência, com o vivo debate realizado nos dois dias da atividade, confirmou a possibilidade concreta da construção do PORT.

Como a Pré-Conferência assinalou, o processo de construção do PORT aponta para um pólo revolucionário aglutinador do combate à política do PT, como demonstra a ruptura da TROC com o partido de Lula (ver carta da TROC de julho de 2004, publicada nesta edição de Marxismo Revolucionário), orientando-se no sentido da formação de uma organização bolchevique e trotskista para a classe trabalhadora, traçando uma trajetória oposta  à via anticomunista e oportunista assumida pelas correntes que conformam o P-SOL e pelo PSTU.

A ousadia de realizar a Pré-Conferência nas “barbas” do Fórum Social Mundial com um caráter político abertamente anti-FSM, denunciando-o como uma confraria internacional contra-revolucionária, vitrine dos governos Lula, Chávez e Cia. contrastava com o comportamento dos revisionistas P-SOL e PSTU, que esforçavam-se por incorporar-se oficialmente ao evento social-democrata, apelando para que este assumisse um “caráter socialista”.

A própria instalação da Pré-Conferência vencendo vários obstáculos logísticos, serviu para fortalecer na prática as relações entre a LBI e a TROC, a partir da intervenção comum sob a base dos acordos programáticos construídos desde o ano anterior. Além da atividade de caráter partidário, a militância também interveio nos encontros nacionais da Conlutas e da Conlute, defendendo a construção de uma oposição revolucionária ao governo Lula, combatendo a política encarnada pelo P-SOL, PSTU e seus satélites, de tentar conter o descontentamento do ativismo classista com o governo do PT, nos marcos de uma bem comportada oposição de esquerda, meramente sindical-parlamentar.

A Pré-Conferência do PORT também atraiu setores que se reivindicam da esquerda trotskista em nível internacional, recebendo uma semana antes de sua realização o pedido de adesão da Unión Socialista de los Trabajadores da Argentina. Esta organização participou da mesa da Pré-Conferência no primeiro dia da atividade, apresentando um informe da situação argentina.

O informe da comissão internacional da UST na Pré-Conferência caracterizou que o movimento operário (metroviários, ferroviários, telefônicos, professores) do país vizinho segue uma linha crescente de retomada de greves pelo aumento salarial, contra o governo Kirchner e as centrais sindicais pelegas que o apóiam. Mas no sentido contrário, aprofundou-se enormemente, nos últimos 5 anos, o grau de cooptação da esquerda argentina (PO, MST, MAS, CS,...) pelo Estado capitalista através dos planos assistencialistas repassados aos “polos piqueteiros” e “movimentos de trabalhadores desocupados”. O conseqüente retrocesso ideológico destas correntes pseudotrotskistas é inversamente proporcional ao crescimento de seus aparatos partidários.

Nas discussões com a UST, a LBI confirmou o que já havía denunciado em pleno levante popular argentino de dezembro de 2001: além da ausência da classe operária industrial como força política organizada, o fator determinante para que a rebelião da população não fosse mais adiante no sentido da constituição de uma alternativa de poder dos explorados não foi a falta de unidade da esquerda no país vizinho, conto bastante disseminado por amplos setores da esquerda brasileira. O crime da esquerda argentina foi justamente o de apontar em uníssono uma saída democrático-burguesa, de recomposição do regime através da assembléia constituinte, ou seja, o erro veio pelo outro extremo, não tanto por sectarismo, mas pelo oportunismo que semeou o terreno para esta escandalosa cooptação estatal que nos deparamos hoje na Argentina, tática contra-revolucionária que a burguesia e o imperialismo aplica há décadas no Brasil, através da frente popular, dos sindicatos, do parlamento e das ONG´s.

Em que pese a necessidade de calibrar melhor os acordos estabelecidos com a UST, aprofundar o conhecimento mútuo militante e avançar no terreno de exploração das posições políticas entre ambas as organizações, a LBI acordou com a organização argentina em impulsionar um chamado às correntes e militantes que travam um combate principista aos agrupamentos revisionistas como a UIT e a LIT para a construção de um pólo internacional do trotskismo ortodoxo pela reconstrução da IV Internacional.

No segundo dia da atividade, foi realizado um breve balanço histórico da luta por construir um partido revolucionário no Brasil, da fundação do PCB em 1922 a ascensão do PT ao governo do país em 2002. O representante do CC da LBI destacou as posições principistas que marcaram a existência da LBI nos principais acontecimentos da luta de classes em nível nacional e internacional. O dirigente da TROC ressaltou a importância da atividade a partir da trajetória militante de seu agrupamento e leu a carta de ruptura da TROC com o PT.

A data e o local da Conferência para fundação do PORT, indicada para ocorrer dentro dos próximos seis meses, serão definidos posteriormente.

Em seguida, a LBI e a UST firmaram uma ata de relações políticas, que além de importantes alinhamentos políticos (vide ata de relações políticas entre a LBI e a UST, 31 de janeiro de 2005, publicada nesta revista) deliberou por uma campanha internacional conjunta pela derrota e expulsão das tropas invasoras do Brasil e Argentina, a mando do imperialismo no Haiti e uma nova reunião entre as organizações para março de 2005 em São Paulo.

Por tudo isto, a Pré-Conferência foi um passo modesto, mas de suma importância programática para levar adiante o reagrupa-mento dos revolucionários em uma genuína seção da IV Internacional no Brasil, que se forja no combate ao revisionismo, à frente popular e à ofensiva imperialista!


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